Pesquisando na Teia o diluvio de informacoes disponiveis sobre o tema, parece haver uma tendencia entre muitos dos praticantes de utilizar a construcao de armarios de ferramentas como uma oportunidade de demonstrar o maximo de suas capacidades, empregando as melhores madeiras em construcoes minuciosamente projetadas e manufaturadas com esmero maximo. Para esses o ideal, inalcancavel como todo ideal, parece ser esse ahi nas fotos abaixo, o famoso, assombroso armario de ferramentas construido no inicio do seculo passado por um certo Mr. Studley, entao fabricante de pianos e orgaos em Massachussets.
Tudo bem, uma maravilha.
Mogno, ebano, jacaranda, nogueira, marfim, madreperola, bronze, regua e compasso, e por ahi vai... Inimitavel, certamente. Mas certo tambem ha quem tente, se nao exatamente reproduzir o colosso, buscar nele inspiracao. Como se pode ver por exemplo (um, entre varios) neste link
http://www.ukworkshop.co.uk/forums/wall-tool-chest-potential-wip-t58767.html,
um topico de um forum britanico onde um membro posta relato e ilustracoes de como esta construindo — ha pouco mais de um ano! — o seu modelo, minucioso, detalhado, caprichado, marchetado, de armario de ferramentas...
Nao e' pro meu bico! ("Isso e' coisa para ingles ver", poderia dizer com uma pontinha nem tao pequena de inveja, hehehe.)
Por certo, para comeco de conversa nem um nem outro modelo estao ao alcance de minhas limitadissimas capacidades. Longe disso. Depois, para mim moveis de oficina nao precisam ser obras-primas, coisa nenhuma. Precisam ser e' uteis, cumprir bem a funcao a que se destinam, e de preferencia sejam tao baratos, tao simples e faceis de construir quanto possivel.
Imbuido desse espirito entao, eficiencia sim, mas tambem simplicidade, facilidade e economia — e ainda, devo confesssar, porque tenho lido muita gente falando contra, hehe — resolvi fazer meu armario utilizando parafusos ao inves de encaixes. Movido nao apenas pela implicancia, mas considerando a enorme economia de tempo e trabalho que essa abordagem representa.
Utilizei restos de cedrinho (rico em brancal) para construir as carcacas do corpo do armario e das portas. Com as pecas bem medidas e bem aparelhadas, montadas a seco com ajuda de grampos e bem esquadrejadas, fiz a fixacao com parafusos. Utilizando as pecas ja montadas como gabaritos, frente e fundos foram cortados de uma chapa de compensado naval.
Optei por utilizar chapa de 20mm de espessura considerando a necessidade de eventualmente, na fixacao de ferramentas, ter de aplicar-lhes pregos, parafusos, tarugos, etc. Tanto para ajudar na estruturacao do movel, como para dar-lhe uma aparencia menos pesada, fiz um rebaixo nos bordos para encaixar as chapas nas carcacas, e fixei-as com parafusos.
Decidi separar a frente em duas portas, ao inves de uma inteirica. Para isso aparafusei, rigorosamente no esquadro, duas tabuinhas na parte interna, separadas pela exata distancia da lamina de uma serra japonesa interposta entre elas. Quando devidamente aparafusadas, foi utilizar a serra para separar as duas portas.
Nada mau, achei...
Partindo da madeira bruta, um dia de trabalho e o corpo do movel, rijo e forte, esta pronto. Inclusive com a vantagem de poder a qualquer momento ser desmontado, por qualquer razao.
E tem gente que nao gosta, fala mal, critica amargamente essa tecnica. Devem ter um parafuso a mais, hehe...
Paulobro diz: "— e ainda, devo confesssar, porque tenho lido muita gente falando contra, hehe —"
ResponderExcluirE eu lembro: tem um ditado na minha terra que diz que gaúcho não é teimoso, teimoso é quem teima com gaúcho :-)