quinta-feira, 29 de março de 2012

Fora de lugar

Nada a ver com marcenaria, mas como andei dando uma volteada la pelos lados do Parque Estadual do Turvo — alegadamente o ultimo lugar onde ainda vivem oncas-pintadas aqui no Continente de Sao Pedro! — e la consegui ver e fotografar uma cotia, um animal hoje rarissimamente avistado, resolvi mostrar aqui para nao deixar meus seis fieis leitores sem novidades...


No entanto nao e' pelas cotias que o Parque do Turvo e' famoso, mas pela presenca da maior queda d'agua longitudal do planeta, o Salto do Yucuman. Ahi embaixo uma amostra; a, digamos assim, metade sul do salto...


terça-feira, 20 de março de 2012

Finalmentes



Depois de modelar os bordos, lixar e aplicar a primeira mao de goma-laca, fixei o tampo da mesinha ao suporte utilizando blocos com lingueta presos ao tampo por parafusos e ao suporte por rasgos abertos com a tupia, onde penetram as linguetas como imagino se possa ver nas imagens.





















Os blocos foram posicionados de forma a haver folga suficiente para permitir `a madeira expandir-se e contrair-se livremente.


O acabamento foi o meu preferido, feito com 5 demaos de goma-laca e duas de cera; a imagem acima foi tomada apos a aplicacao da segunda demao de cera, mas ainda sem o polimento.

Eu havia considerado a hipotese de utilizar resina epoxi incolor como acabamento, nao so para evitar o tom amarelado que a laca imprime mas tambem para supostamente obter um acabamento ainda mais brilhante e muitissimo mais resistente. No entanto, testando ambas as tecnicas em retalhos, realmente a resina epoxi oferece um acabamento muito brilhante e durissimo, mas — imagino por ser mais espessa e viscosa — aparentemente muito pouco penetra na madeira e assim pouco salienta os veios e texturas, coisa que a goma-laca faz magnificamente. Dai...


Agora e' esperar o sol ficar forte para ajudar no polimento, hehe...

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Encaminhando o tampo

Tendo a base feita, a proxima etapa foi montar o tampo para a mesinha.





Assim, foram feitos rasgos para colocar biscoitos nas emendas para facilitar e ajudar a manter o alinhamento das tabuas do tampo e entao, depois de aplicada cola, foram para os grampos.



Enquanto a colagem ocorria, aproveitei para efetuar uma modelagem nas traves do suporte da mesa, fundamentalmente para quebrar as linhas retas e adicionar um pouquinho de complexidade na forma para combinar com o estilo impregnado pelas pernas cabriolet...

Quando removi o tampo da colagem pude perceber nele uma nitida tendencia para canoar, fundamentalmente ocasionada pela tabua do meio, de louro gaucho. Isso e um pouco de consideracoes esteticas vieram sugerir eu colocasse uma barra estabilizadora nas extremidades do tampo, o que os Grandes Irmaos chamam de breadboard.

Falar em consideracoes esteticas, ja que o suporte havia sido arredondado pareceu-me mandatorio igualmente o tampo recebesse arredondamentos para homogeneizar o estilo.
O tampo ja colado e com os breadboards e com arredondamentos aplicados
Pinos para fixacao do breadboard



Como a utilizacao do breadboard cria uma situacao de veios cruzados, a fixacao nao pode ser por colagem ou a expansao e contracao da madeira com as variacoes de umidade e temperatura ocorrendo em direcoes cruzadas na zona da emenda levariam inevitavelmente `a sua ruptura. O metodo que elegi para contornar o problema foi fazer a fixacao com espiga e fura, a espiga mais estreita do que a fura para deixar espaco para a madeira 'trabalhar', e fixar a emenda com tres pinos de madeira a cada lado, como apontado pelas setas vermelhas na foto ao lado, tomada do lado inferior do tampo. Os pinos nao ultrapassam a espiga, de forma que no lado superior o breadboard fica integral.

O pino central e' colado. Nas extremidades, onde o efeito do 'trabalho' da madeira se manifestara com toda a intensidade, nao vai cola e o encaixe do pino na espiga e' aberto em rasgo, permitindo a expansao e contracao da madeira. Apenas a parte mais exterior do pino recebe um pingo de cola para fixar-se.


Agora falta complementar a modelagem do tampo arredondando o seu perfil, o que pretendo fazer utilizando tupia, e entao partir para efetuar a fixacao do tampo ao suporte da mesinha...




Enquanto isso, para ter uma impressao de como a coisa vai ficar coloquei o tampo como esta sobre o suporte. Vejam voces...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Tres madeiras, uma mesa

Meados do seculo passado, na minha infancia tinha um cheiro que era caracteristico de marcenaria...

As decadas se passaram e hoje marcenaria nenhuma tem mais aquele cheiro. Uma historia que nao vem ao caso, mas acabei descobrindo que o meu "cheiro de marcenaria" era produzido essencialmente pelo lidar em duas essencias: imbuia e louro gaucho, na minha infancia ambas fartamente encontradas e muitissimo utilizadas, so perdendo para o pinho, considerado madeira de terceira. As coisas sendo como sao, hoje araucaria so se consegue de arvores jovens vindas de raleio de florestas cultivadas;  imbuia e louro gaucho sao especies protegidas, com comercio limitadissimo, quase impossivel de encontrar, e marcenarias em geral cheiram a — argh! — cola de contato.

De qualquer modo ha alguns meses, peregrinando os interiores acabei encontrando umas tabuas de imbuia e de louro gaucho. Comprei e deixei protegidas do elemento no meu 'deposito', esperando brotasse inspiracao para emprega-las em alguma coisa. Entao esses dias, basicamente para experimentar a tecnica, me veio a vontade de construir um movel utilizando pernas cabriolet... Resumindo, resolvi fazer uma mesinha para a sala, daquelas onde se bota tudo em cima — livros, revistas, chicaras, chaves, eventualmente os pes — com pernas cabriolet e usando imbuia e louro gaucho.

Um problema surgiu porque quando fui ver, para fazer as pernas eu precisaria uns paus quadrados de 8x8cm. Obviamente, de imbuia ou louro, nem pensar, e tentar fazer os paus por colagem ia ficar feio quando cortadas as pernas. Acabei decidindo fazer as pernas em itauba, que se encontra, e quando em tempo escurece fica com uma coloracao bem aproximada `a da imbuia.

De determinado, apenas as dimensoes gerais; 80x55 no tampo, uns 40-45cm de altura e pernas cabriolet. Nao tinha e nao tenho nenhum projeto especifico, a ideia e' a coisa ir se desenvolvendo enquanto se desenvolve, hehe. Comecei dimensionando aproximadamente e aparelhando as madeiras, que podem ser vistas ahi na fota `a esquerda acompanhadas, dentro do saco, pelo sempre impressionante volume de poeira, maravalha e serragem que essas operacoes produzem.

E, claro, ja entao — nessas, eu tinha me esquecido! — pude constatar com um prazer daqueles que umedece os olhos que minha 'oficina' tinha sim "cheiro de marcenaria"!

Bom, hora de cortar as pernas. Se algum de meus seis fieis leitores ignora como se faz para cortar pernas cabriolet, eu recomendaria — alem de pesquisar no tio Google por videos com a frase cutting cabriole legs — talvez dar uma espiada nesse link, e clicar Season 14 e ahi Episode 1412. (E' a primeira de duas partes de um video onde Mr. Scott Phillips constroi um movel, classico nA Matriz, chamado High Boy. A vantagem e' que, depois de um papo, a primeira coisa pratica que ele mostra e' a construcao de pernas cabriolet.) E nao, nao e' que eu esteja com preguica de tentar explicar como e' que se faz, mas e' que so com palavras e fotos ia ficar muito, muito complicado para entender — e eu nao tenho filmadora.

Fiz um padrao com auxilio de um programa de desenho no computador, imprimi e colei em um compensado fino e na serra de fita cortei o molde. Usei o molde para tracar nos paus de itauba os contornos e entao, nos conformes da tecnica, cortei as pernas na serra de fita, com o resultado que voces veem ahi na foto. Ah, sim, ia-me esquecendo: ANTES de cortar as pernas, aproveitando que os paus ainda estavam com lados perfeitamente retos, abri as furas, na tupia de mesa.


Ahi, hora de partir para a modelagem/acabamento primario das pernas, com grosas, limas e lixas:


Prontas as pernas, hora de cortar as espigas nas traves. Acontece que essa coisa de abrir furas na tupia de mesa utilizando uma fresa helicoidal... eu nunca tinha feito. E como tudo que se faz pela primeira vez, inevitavelmente houve varios errinhos, alguns erros e dois erroes. O preco disso foi pago em ter de cortar as espigas tirando medida no paquimetro a cada corte, ja que na verdade as furas nao ficaram nada regulares, hehe. Mas, enfim, sao as dores do aprendizado...

Tudo pronto para colar


Azar!

Foi praticamente um dia inteiro para cortar as oito espigas, mas pelo menos tudo ficou bem dimensionado, a montagem seca ficou bem boa e, como costumava dizer o Norm Abram, afinal era hora de alguma montagem.

Utilizando, claro, um pincel, apliquei cola nas furas e nas espigas, montei e foi tudo para a prensagem.

Colando






Voltando para a 'oficina' (e sendo saudado por aquele maravilhoso "cheiro de marcenaria"), a colagem estava pronta e era hora de afrouxar os grampos e botar a base da mesa no chao para ter uma ideia de como a coisa estava indo...


Nada mau, hein? Nada mau...

Agora, dar um tempo para pensar no que fazer e no que nao fazer para continuar a construcao.

P.S. - No entanto, obviamente bateu uma curiosidade e coloquei as tabuas que serao o tampo sobre a base, so para ter uma visao da coisa...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Calibracoes, regulagens et cœtera — Plaina Desempenadeira - MESAS

Alem de laminas bem afiadas e bem calibradas, para obter-se resultados perfeitos com o uso da desempenadeira e' igualmente necessario as mesas de entrada e saida estejam o mais perfeitamente possivel coplanares, ou seja, ambas as mesas devem estar no mesmo plano, ser o mais perfeitamente possivel paralelas entre si.

 Inclinacoes, desalinhamento entre os planos das mesas, sejam laterais, ou axiais, ou axiais e laterais, podem produzir ao inves de um bordo reto como desejado, um bordo com uma curva concava, uma concavidade que so se acentua a cada passada na plaina.

Para aferir a coplanaridade das mesas utiliza-se, posicionadas ambas as mesas na mesma altura e com as laminas neutralizadas, uma regua reta apoiada na mesa de saida e verifica-se entao que nao haja folga, ou que haja folga minima entre a regua e a mesa de entrada.

Mr. Marc Spagnuolo, alias The Woodwhisperer, produziu um video mostrando as regulagens de um desempeno. O video — embora em ingles, naturalmente, e relativamente longo; dura 38 minutos — ilustra bem todos os passos efetuados na afericao e calibracao de laminas e mesa.

Se em algum ponto puder ser medida uma folga maior de 1mm (sim, um milimetro!) entre a regua e a mesa de entrada, teoricamente deve-se calibrar a mesa de entrada. Teoricamente. Digo teoricamente porque...

Assim como existem variados tipos de cabecotes nas desempenadeiras, igualmente ha variados metodos atraves dos quais as mesas se articulam; praticamente um para cada modelo. E lamentavelmente poucos, muito poucos modelos dessas maquinas incluem algum sistema para facilitar ajustes da coplanaridade das mesas. No video de Mr. Spagnuolo pode-se ver um modelo da Powermatic, topo de linha e portanto contando sim com dispositivos de regulagem para as mesas. No entanto nao me lembro de ter visto tais dispositivos disponiveis em nem um dos modelos fabricados aqui por pindorama.

O que resta fazer entao, para conseguir ajustar as mesas ao mesmo plano, e' afrouxar os munhoes onde se articulam as mesas e ir colocando calcos. Um processo tedioso — afrouxa, coloca o calco, aperta, volta a medir as folgas — repetido inumeras vezes ate conseguir estabelecer uma regulagem aceitavel, idealmente onde nenhum ponto da mesa de entrada fique mais de 0,5mm distante da regua. Algo que pode durar uma hora. Ou varias, varias horas, um dia inteiro. E' coisa para encarar com toneladas de paciencia e sem angustias, se nao e' a irritacao que acaba vencendo.

Por isso, se o uso da maquina resulta em um bordo reto, ou aceitavelmente reto, eu acho mais pratico, bem mais pratico adiar calibrar-se as mesas ate que se denote algum problema, mesmo se a afericao mostrar um desalinhamento.

O que se pode — e se deve! — fazer para evitar se perca a coplanaridade das mesas e' nunca, NUNCA! utilizar as mesas da desempenadeira como local onde deixar objetos, especialmente objetos pesados, e evitar ao maximo submete-las a qualquer impacto. Carinho no trato representa prolongar o intervalo entre o monumental incomodo de ter de ajustar as mesas. Com alguma sorte, talvez evitar esse incomodo...

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Calibracoes, regulagens et cœtera — Plaina Desempenadeira - FACAS II

Cumprida a primeira etapa e — sejam novas, amoladas em empresa especializada ou em casa — dispondo de facas bem afiadas e' preciso entao coloca-las no cabecote da desempenadeira. E nisso chegamos `a primeira e mais frequente calibracao dessa plaina: todas as facas devem ficar exatamente paralelas `a mesa de saida, e todas exatamente na mesma altura, um nada mais alto que a mesa.

E ressalte-se, quando se diz exatamente, nao se tem muita tolerancia: demonstradamente e' necessario precisao melhor de 0,5mm para se obter uma calibragem funcionalmente correta.

No nosso mercado, em todos na verdade, existe uma grande variedade de modelos de cabecote para plainas desempenadeiras e, assim, uma grande variedade de maneiras com que as laminas sao presas e reguladas. Por conseguinte, ha um sem-numero de metodos, taticas e modos de se efetuar a colocacao e a regulagem das laminas. Possivelmente, um jeito para cada maquina, arrisco dizer. Quando (meio borrado, devo confessar) fui efetuar pela primeira vez uma troca de laminas na minha desempenadeira, fui pesquisar na Teia como costumo, e veio um certo desespero... Nao so a maquina nao veio com instrucoes de como efetuar-se a troca. O SAC da fabrica ate hoje nao respondeu meus emails e o que consegui obter do telefone da revenda ficou essencialmente em 'vamos ver'. E, na Teia, o problema era excesso de informacoes, uma avassaladora diversidade de jeitos, jeitinhos e truques, incluindo desde calculos envolvendo formulas complicadas ate apelo a divindades, receitas de rezas fortes!

Depois de muito suor frio e algumas gargalhadas altamente involuntarias, dei sorte e encontrei um jeito que — ate prova em contrario! — se aplica a uma e a todas as desempenadeiras que usem laminas retas. E ate um idiota desajeitado como eu consegui montar o jig e fazer a coisa funcionar de primeira.

Bueno, a coisa comeca meio chata. E' preciso determinar o exato ponto mais alto que a lamina atinge em relacao `a mesa de saida.

A maneira mais barata de fazer isso e' utilizando uma regua com um bordo bem reto e, depois de assegurar-se a maquina esta desconectada da corrente eletrica, com a lamina neutralizada (ou seja, girada para fora da fresta de corte) coloca-se a regua sobre a mesa de saida e ergue-se a mesa de entrada ate que tudo — a regua e as duas mesas — fique nivelado, na mesma linha. Ahi gira-se com a mao o cabecote ate que a lamina encoste na regua. Continuando a girar o cabecote a lamina ira erguer levemente a regua e carrega-la alguns milimetros para a frente ate perder o contato.
(Para visualizar esse processo, pode-se ir nessa pagina do site de Mr. Matthias Wandel e, um pouco abaixo da metade da pagina, clicar em Animate image.)


A ideia e' marcar na guia da desempenadeira, o mais precisamente possivel, primeiro o ponto de contato e depois o ponto de perda de contato da lamina com regua. (Por seguranca, ha de se repetir o processo varias vezes, e com todas as laminas, para ter-se consistencia na determinacao desses dois pontos.) Na metade da distancia entre esses pontos, e' onde a lamina atinge a maxima altura em relacao `a mesa de saida.





A maneira mais facil de conseguir-se a mesma coisa e' utilizar um relogio comparador e uma base magnetica fixa na mesa de saida e entao simplesmente medir onde a lamina fica mais alta e transferir esse ponto para a guia.



Entao, com um esquadro, traca-se uma linha marcando onde fica esse ponto na trajetoria da lamina. (Como esse ponto e' fixo, e como sempre sera necessario determina-lo para posicionar-se as laminas, eu acho que o ideal e' fazer essa marca na guia de uma forma definitiva, permanente, indelevel.)






Nas fotos acima pode-se ver a linha que demarca o ponto de maxima altura das facas marcada permanentemente na guia da desempenadeira e, complementarmente, por seguranca, marcada tambem no munhao do cabecote.

Uma vez marcado, por qualquer metodo, o ponto de maior altura da lamina, e' hora de construir-se o jig.

O jig consiste em uma placa de vidro com comprimento igual `a largura das mesas da desempenadeira, na qual fixa-se um agarrador (no meu caso um bloco de madeira, colado com fita adesiva de dupla face) e, nas extremidades de um dos lados longos, fixam-se imas de terras raras (no meu caso imas de neodimio colados com superbonder, cianoacrilato).


O vidro deve ser absolutamente plano, nem tao fino que fique quebradico, nem tao grosso que afaste muito os imas (o meu tem 5mm de espessura) e ter os bordos lixados para evitar acidentes. Os imas devem ser tao potentes quanto possivel; caso necessario mais imas podem ser colocados, ao longo do bordo do jig.

Entao, conforme o metodo empregado em cada desempenadeira, coloca-se uma faca no cabecote e gira-se o cabecote com a mao ate o gume da faca encontrar-se alinhado com o ponto de maior altura. Agora, coloca-se o jig apoiado sobre a mesa de saida e avanca-se o bordo com os imas ate que os imas se alinhem com o gume e atraiam a faca, como se ve ahi na foto `a esquerda. Na minha maquina, quando se aproxima os imas da faca solta no encaixe, da para se ouvir um "pling" da batida da lamina contra o vidro, fortemente atraida pelo imas.

Confirmado que a faca se encontra parelha contra o vidro em toda sua extensao e que o vidro esta bem firme contra a mesa de saida, inicia-se a fixar a faca em posicao, da forma que for empregada pelo cabecote. Nessa fase, e' bom cuidar de manter sempre o vidro fortemente pressionado contra a mesa quando se aperta os parafusos para contrariar a tendencia da faca subir um pouco quando pressionada pelas roscas.

Quando todos os parafusos estiverem devidamente apertados, e' bom conferir se a faca, na sua altura maxima, esta perfeitamente alinhada com o topo da mesa de saida. (Na minha experiencia, na minha maquina e em umas poucas mais onde pude aplicar o metodo, obtive sempre um perfeito alinhamento.) Se nao estiver, e' necessario corrigir ate que esteja. Entao, quando satisfeito a lamina esteja perfeitamente posicionada e firme, e' repetir o processo para as outras laminas, quanto sejam, no cabecote.

Ao final, como ja mencionado, a meta e' que todas as facas estejam exatamente paralelas `a mesa de saida, e todas exatamente na mesma altura, um nada acima da altura da mesa.

Na minha assumidamente limitada experiencia, o uso dessa tecnica com o jig resulta tornar o processo de ajuste das facas suficientemente preciso, bastante facil e bastante rapido.

No proximo posting, veremos a outra calibracao da desempenadeira: a coplanaridade das mesas.

sábado, 10 de março de 2012

Calibracoes, regulagens et cœtera — Plaina Desempenadeira - FACAS I

Quando se trata de trabalhar com madeira macica, ou tudo comeca pela plaina desempenadeira, uma invencao em vias de completar dois seculos de existencia, ou acaba mal...

Muito ja se escreveu sobre essas maquinas e, para quem tiver interesse em melhor informar-se sobre elas eu recomendaria, como sempre, utilizar os variados recursos que o titio Google e outros nos disponibilizam na Teia. Um bom comeco talvez, para quem tem algum dominio da lingua inglesa ou tradutores, uma espiadela neste link.

A intencao aqui nessa postagem (e nas proximas) e' focar em informacoes sobre manutencao, calibracao e regulagens dessa maquina indispensavel. Como ha uma consideravel variedade de modelos e implementacoes, a ideia e' manter uma abordagem geral, inespecifica, embora inescapavelmente baseada em minha experiencia e preferencias pessoais.

A mais frequente tarefa de manutencao de uma desempenadeira e' trocar — e, por corolario, afiar — as facas.
Quanto melhor afiadas estiverem as facas, melhores e mais precisos resultados se obtera no uso da maquina. Para mante-las afiadas no dia-a-dia apregoa-se um sem-numero de jigs e taticas. Por exemplo entre os mais simples (e nao exatamente recomendavel), utilizar uma lixa fixa a um bloco bem plano e, travando o cilindro para imobilizar a faca, aproveitar a propria mesa da maquina como guia e usar a lixa para assentar o fio. Um outro exemplo e' demonstrado nesse video:




Afora jigs criados na oficina, ha ainda um razoavel numero de produtos comerciais disponiveis (como este da Veritas® mostrado ao lado) para "sentar" o fio das facas e prolongar seu uso habil por um tempo maior antes que necessitem realmente ser afiadas. Sim, porque embora essas taticas realmente possibilitem prolongar o uso das facas, como qualquer lamina elas eventualmente necessitarao uma afiacao em profundidade para refazer integralmente as geometrias, remover dentes, etc.

Para funcionar efetivamente, alem de muito afiadas as duas, tres, quatro, quantas laminas sejam ocupem o cabecote de corte da desempenadeira necessitam rigida calibracao e, para tanto, necessitam um fio absolutamente plano, reto, sem ondulacoes, entortamentos, concavidades, convexidades, quaisquer curvaturas em quaisquer de seus planos — o que para todos os efeitos praticos e' impossivel de obter-se `a mao.

Essa afiacao, chamemos "corretiva", das facas usualmente e' feita em firmas especializadas em afiacao de ferramentas. No entanto, dependendo de comodidade, gosto — e principalmente de uma cuidadosa avaliacao de custo/beneficio, porque o fator "custo" sera certamente alto — existe disponivel uma variedade de maquinas e gabaritos que possibilitam afiar as facas em casa (disponiveis no mercado do planeta quero dizer, quase nunca em pindorama, infelizmente). Um exemplo e' apresentado nesse video de Mr. Matthias Wandel:


Ainda um outro tipo de jig e' o disponibilizado pela Tormek para utilizar em suas maquinas de afiacao resfriadas a agua, como demonstrado no video abaixo:

Vale tornar a salientar, alem de dificeis de encontrar esses equipamentos de afiacao nao costumam ser baratos, mas dependendo da "equacao", a conveniencia de poder afiar as facas quando (e so quando) quiser pode valer o custo.

E entao, uma vez bem afiadas as facas, e' preciso posiciona-las no cabecote e, cuidadosamente, calibra-las.
Coisa para a proxima postagem...

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terça-feira, 6 de março de 2012

Completo!

Um pouquinho antes do que previra, com os restos de cedro gaucho terminei hoje a segunda cadeira de encosto baixo estilo Maloof.

Ei-la ja secando a segunda demao de cera:


E entao, ja polida, na sala ao lado da "irma":


E enfim, se algo distorcida pela grande-angular, ocupando a cabeceira ha tanto vaga:




Quem diria?

Varias vezes, tentando explicar que nao sou marceneiro mas um curioso, utilizo como exemplo um terno de jantar. Algo rotineiro para um marceneiro, nunca me atrairia construir, explico, por repetitivo, a obrigacao de fazer cadeiras iguais, tal e coisa...

O fato no entanto e' que, tendo afinal construido mais esta cadeira, eu acabei mesmo completando um terno de jantar.

 Tsc, tsc, tsc... Sujeitinho bem consistente este, nao e' nao?

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