quarta-feira, 24 de junho de 2015

Base (quase) toda montada

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.) 


Pensou tinha parado?

Nao. Continua...

Finalmente, com calma absurda, analisando cada novo passo a cada passo, a base da 'comoda' esta finalmente montada.

Quer dizer, quase toda, que ainda faltam as gavetas.



Alias, as imagens foram tomadas justamente enquanto secava a ultima colagem. Das pecas que foram adicionadas justamente para possibilitar a colocacao das gavetas.

E' que este movel e' o oposto de planejado, nao tem plano nenhum. As pecas vao sendo criadas quando parecem ser necessarias, as medidas tomadas do que ja esta construido. E' uma maneira de construir que demanda muito tempo: Desde bolar um jeito de fazer, requentar a ideia procurando furos e talvez melhores alternativas, ate partir para efetivamente aparelhar as pecas... frequentemente vai um dia. Ou mais...

Mas e' divertido e, fora o tempo, nao e' dispendioso. Pois a ideia de como fazer obviamente incorpora raciocionar como melhor aproveitar a valiosa materia-prima, o que resulta em pouco, muito pouco desperdicio de madeira.





Talvez so quem esteja se divertindo mais do que eu sao os meus cachorros.

Primeiro, porque a maioria dos trabalhos esta sendo feita com ferramentas manuais e sem o barulho das maquinas eles adoram vir me fazer companhia.

Depois porque — como da para ver na imagem ahi `a direita — adoram deitar-se nas maravalhas e, embora eu tenha retomado o habito de varrer a oficina todo dia ao final do 'expediente', deixo sempre uma 'caminha' para eles, hehe.





De todo jeito, se devagar, se esquisito, a coisa vai progredindo. As fotos abaixo, para dar uma ideia do andar da carruagem...





E, claro, procurando bem da para ver, em varios lugares, continuo sim utilizando o auxilio luxuoso das milicavilhas... :)


Agora partir para as gavetas... ou para a modelagem grossa?

Decisoes! Decisoes!

Melhor dar uma paradinha para pensar...

sábado, 20 de junho de 2015

Montagem da base

Enquanto `as vesperas da entrada do inverno o velho Pedro resolveu deixar desabar os termometros, finalmente terminei os cortes dos malhetes nas diferentes travessas que formam a base da futura, mm, comoda e pude efetuar a primeira montagem dessa porcao do movel...


Nada de mais, por certo. Apenas a transicao de uma pilha de sarrafos em uma geringonca xarope de movimentar e que ocupa um espaco enorme, hehehe...




Vai indo, com muito vagar.

E ha ainda bastante o que fazer para completar a base, ate decidir se faco sua moldagem grossa antes ou depois de partir para a construcao do gabinete propriamente dito...

E' como eu disse: nenhuma pressa.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Excepcionalmente, um jig


Nao gosto de usar/fazer jigs.

Fundamentalmente porque bolar e construir um jig para facilitar uma coisa demora e da trabalho, e nao raro demora menos tempo e da menos trabalho fazer a tal coisa sem utilizar jig nenhum. Furas para dobradicas, por exemplo. Acho mais facil e mais rapido fazer na mao do que construir um jig para corta-las com tupia. A nao ser, claro, que precise cortar duzias de furas iguais, hehe.


(Mr. Norm Abram, protagonista do famosissimo (e saudoso) New Yankee Workshop, no entanto afirmava que fazia jigs nao para ganhar tempo, mas para melhorar a consistencia do trabalho. Tudo bem, inegavelmente faz sentido: qualquer coisa feita `a mao sempre tera variacoes, e um jig elimina tais variacoes. Mas Mr. Abram e' um mestre, domina a arte e a tecnica, praticamente nao tem mais nada a aprender.
Eu... sou apenas um curioso.)


Mas `as vezes nao tem jeito, so um jig resolve. Por exemplo, o mais demorado e complicado de colar uma laminacao em curva e' construir a forma, o jig. Mas sem a forma nao tem como.




Esse papo furado todo como preambulo para contar que na construcao de pecas do que pretendo venha a ser a base da comoda que estou tentando montar para o meu quarto me deparei com uma dessas circunstancias onde a unica saida foi um jig:


Querendo cortar espigas cilindricas nas extremidades de travessas longas, a opcao obvia era tornea-las; no entanto deparei-me com o problema de as travessas serem longas demais para serem colocadas entre pontas no barramento do torno. Matutei horas sobre maneiras alternativas de cortar as espigas, mas todos os metodos que imaginei esbarravam em dificuldades e imprecisoes. Ate que, ovo de Colombo, surgiu a ideia de utilizar a luneta do torno como apoio para a peca, utilizando um jig. Este ahi da foto `a esquerda, mais precisamente.

Como a porcao a ser torneada era na extremidade da peca, bem junto `a placa, nao precisei me preocupar com vibracoes no corte especificamente; apenas mantive uma velocidade relativamente baixa para evitar vibracoes na propria luneta — que afinal, convenhamos, nao e' das estruturas mais rijas ja construidas, hehe.


A coisa funcionou a contento — descontados alguns daqueles inevitaveis erros que afligem tudo que se faz pela primeira vez e que, um pouco por vergonha de te-los cometido, outro pouco para nao entediar meus sete fieis leitores com detalhes macantes, vou escusar-me de relatar...


 De todo modo, como disse, a coisa funcionou.

E, ainda que tendo de fazer um jig, consegui minhas longas travessas com espigas cilindricas cortadas nas extremidades:



sábado, 13 de junho de 2015

A mao, ou a motor?


Ceu azul? Sol?
Excecoes da regra.

Frio, nao raro abaixo de 10°C. Chuvas, finas, frequentes, continuadas. Cerracao fechando o ceu em cinzas quando nao chove. Umidade relativa do ar praticamente nunca abaixo de 95%. Nada demais, claro; apenas o cardapio habitual que o velho Pedro serve a seu Continente, todo inverno.



Na minha 'oficina' praticamente a ceu aberto, abrir os tampos das maquinas ao elemento e' receita certa para a ferrugem chegar e fazer casa. Sem falar que trabalhar entrouxado sem duvidas e' proposta nada convidativa, ainda menos, muito menos, com os dedos enregelados. O que usualmente se traduz em minha presenca na 'oficina' e os brinquedos com madeira escassearem ate quase total ausencia no inverno — pretextando ao separador de orelhas oportunidades de engendrar o que fazer para celebrar a chegada de minha prima favorita...

Esse ano no entanto, como comentei anteriormente os cupins que invadiram meu closet acabaram por me pressionar a construir substituto(s) para a peca infestada, preferivelmente antes da primeira revoada dos enxames daqueles danados devoradores de madeira seca. Bueno, a primeira providencia que tomei foi... mandar a pressa para o inferno!

Ja paguei o preco da pressa fazendo os moveis para a cozinha e decidi desta feita vou ignorar o tempo e prirorizar o divertimento. O que, suponho, sera bom para minha saude e para a das maquinas — que serao utilizadas tao somente quando indispensavel, deixando o grosso do servico a ser efetuado com toda a calma (e provavel que mais meticulosamente do que de habito, diga-se) com ferramentas manuais bem mais faceis de manter protegidas da acao nefasta do clima da estacao.

Quanto ao projeto do(s) movel(is)?... Nao ha!

Ha esse esboco, a ideia geral desenhada no computador. A partir dai pretendo ir fazendo as pecas do jeito que a madeira deixar, e deixar a madeira ir dizendo do jeito que possa ser...

Ta certo, sei bem nao e' o jeito mais pratico, certamente nao o mais agil e muito provavelmente nao e' a maneira mais esperta de se criar um design. Mas a intencao, afinal, e' so que seja divertido, o mais divertido possivel.

Ate agora fiz umas colagens, cortei uns encaixes, tentando arquitetar os pes, a base para o movel da esquerda ahi da ilustracao; fiz ate uma montagem seca para ir tendo uma ideia...


Vamos ver que bicho vai dar...

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Afinando o barrilete

Devo iniciar confessando um erro: alicercado fundamentalmente na minha ignorancia, claro, e vendo em um video Mr. Roy Underhill afirmar que em frances holdfast se chama valet, adotei chamar a ferramenta como valete, em portugues.

No entanto encontrei referencia e confirmei nos dicionarios, em portugues o objeto se chama mesmo e' barrilete. Mil perdoes!

-- ooOoo --

Mas o que eu queria contar e' finalmente consegui quem me trouxesse dA Matriz um par de barriletes da Gramercy que ha tempos eu cobicava mas nao ousava importar porque o frete ficava mais caro do que as ferramentas (pois e', ferro pesa, hehehe).

Tendo recebido os novos brinquedinhos e agradecido profusamente ao benemerito portador, fui obviamente para a bancada testar o desempenho do negocio. Enfiei a geringonca em um dos furos de 3/4" e com uma pancada do malho tentei fixar um naco velho de madeira...

Dois problemas!

O primeiro problema e' que, mesmo o malho nao sendo dos mais pesados e a pancada nao sendo das mais fortes, a pressao se transmite toda bem para a ponta do barrilete e marca, fundo, a madeira — como imagino se possa ver ahi na imagem `a esquerda (como sempre, clique para ampliar).

O outro problema e' que o prendedor nao prendia.
Mesmo com pancadas mais fortes (e, claro, marcas mais fundas na madeira), a ferramenta nao se fixava suficientemente.

A verdade e' que eu ja esperava ambos os problemas, tendo lido referencias a eles em varias fontes disponiveis na Teia. E, claro, ja sabia como soluciona-los. (Sim, sim: viva, mil vezes viva a Intenet!)


A solucao para o primeiro problema e' colocar alguma coisa entre o barrilete e a madeira a ser fixada que proteja esta daquele (que lingua, a nossa!).



No meu caso, optei por colar com epoxi na ponta do novo brinquedo um pedaco de borracha macia — mais especificamente um retalho de sola de sandalia Havaiana, hehe.

Funcionou perfeitamente.
Primeiro problema... Resolvido.


O segundo problema, a ferramenta ficar solta ao inves de se travar no furo, devia-se ao tampo da minha bancada ser muito grosso e, por isso, nao haver espaco no furo para o acavalamento. A solucao, reduzir a espessura do tampo ampliando o diametro do fundo do furo.

Acessar o fundo do furo, no outro lado do tampo da bancada, foi um pouco trabalhoso. Nao querendo aborrecer meus sete fieis leitores com relatos de incontaveis detalhes tediosos, resumo a coisa contando que os furos — coincidentemente tambem sete — foram alargados em funil com goiva e malho, lima circular em furadeira manual, e grosa, e o tampo movido e operado com auxilio de um guincho, como mostram as fotos:

O tampo da bancada foi erguido dos pes e girado com ajuda do guincho

`A esquerda do tampo, os tres primeiros furos alargados

Todos os sete furos alargados e envenenados com cupinicida

O tampo voltando a seu lugar sobre os pes

E com os furos alargados o segundo problema estava resolvido, e os barriletes passaram a sujeitar as pecas com toda a firmeza e sem deixar quaisquer marcas nas madeiras.



Plim, plim!  Final feliz, hehehe...

terça-feira, 2 de junho de 2015

O clamor dos cupins

Tendo limpado toda a 'oficina', lubrificado e protegido as maquinas, a intencao era — ja que o frio e a umidade intensa do inverno do portinho desaconselha no minimo, quando nao simplesmente impede, o pleno uso dos aparatos — limitar meu brincar com madeiras aos dias ensolarados e a coisas pequenas, preferencialmente passiveis de serem feitas com ferramentas manuais, sem envolver as maquinas maiores...

Aconteceu no entanto que, havendo solicitado uma arrumacao em regra no meu closet, fui chamado para constatar, e constatei, uma feroz infestacao por cupins envolvendo, amplamente, todo o madeirame (uso o termo em sentido amplo, pois a peca nao foi feita em madeira, mas de MDF).

A conclusao, apos o exame, foi o problema e' serio. Intratavel. Incontornavel. Em suma, a unica solucao possivel sera o fogo. E em funcao do comportamento dos cupins que usualmente iniciam suas revoadas infestantes com a chegada da primavera, por boa medida tudo recomenda pressa: as pranchas infestadas deverao ser todas removidas, do quarto, da casa, do terreno, no maximo ate o fim de setembro.

Obviamente, o conteudo do closet vai ficar. E precisara ser devidamente guardado.

Simultaneamente a profundas e prolongadas consideracoes sobre a logistica necessaria `a movimentacao do conteudo da peca condenada — das quais misericordiosamente vou poupar meus sete fieis leitores — conclui que reconstruir um outro closet seria uma desnecessidade, uma ma ideia. Mais pratico e, espero, talvez mais estetico ocupar o espaco a vagar com a remocao do, mm, movel planejado com uns armarios inventados...

Impulsionado por tal conclusao, embora obviamente sem abandonar minhas maquinacoes logisticas, simultaneamente iniciei consultas, `a Teia e ao travesseiro, contemplando possiveis novos ocupantes para o quarto...


Isso ahi acima e' o primeiro resultado da materializacao de ideias como plasmadas em um software de desenho no computador. Como usual, nao ha a menor certeza o produto real final mantenha fidelidade a esse design; afinal, a madeira tem voz e embora ja literalmente meio surdo eu tento escuta-la, hehe.

De qualquer modo, resolvi dar os primeiros passos da tao inesperada quanto inescapavel epopeia pelos pes do movel da esquerda. Ja cortei uns gabaritos de compensado 6mm na serra fita...

Vamos ver.

Qualquer bathora dessas. Aqui neste batcanal.