quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Cadeira Sligo/Tuam — Acabada


Como prometido — ou ameacado! — algumas imagens da cadeira apos o acabamento com oleo de linhaca, goma-laca e cera. E, como sempre, quem quiser e' so clicar nas imagens para abri-las em maior resolucao.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Cadeira Sligo/Tuam — Modelada






Utilizando o usual arsenal de ferramentas motorizadas e manuais — disco flap, grosas, lixadeiras, limas rotatorias, etc. — a cadeira foi devidamente modelada para uma forma, aos meus olhos pelo menos, mais fluida e agradavel.

O conforto — testado a cada passo, hehe — resultou surprendente. Tanto sentando na forma usual, com o encosto nas costas, como 'a cavalo', com o encosto contra o peito.

As fotos foram tomadas apos a primeira aplicacao de oleo de linhaca...




Quando completar o acabamento, publico mais um par de imagens, para registro...

sábado, 25 de outubro de 2014

Cadeira Sligo/Tuam — Montada















Nao. Dessa vez nenhuma queixa quanto ao comportamento do velho Pedro. Pelo contrario. Os primeiros dias realmente de primavera aqui no portinho foram absolutamente esplendidos, perfumados, luminosos, tao agradaveis quanto e' possivel encomendar.





A pintura da casa prossegue, com suas inevitaveis, custosas e desagradaveis consequencias. E inclusive aproveitei, com o vagar esperado, na medida que surgiram disponiveis tempo e vontade, para cortar as pecas que faltavam e como documentado ahi nas fotos finalmente montei a cadeira.






Imagino `a primeira vista possa parecer cortar e montar essas pecas — pernas e travessas — seja uma das partes mais simples, faceis e rapidas de executar na confeccao da cadeira. E sim, e' verdade nao e' algo que envolva maiores complicacoes; mas e' certamente a fase que exige maior precisao e atencao a detalhes pois os angulos e distancias que o posicionamento dessas pecas determinam resultam absolutamente essenciais no formato e na — indispensavel! — rigidez de um movel que ira ser submetido a consideraveis cargas e forcas de multiplas direcoes.

De todo modo, com amparo na suta para marcar corretamente os angulos, ajustes feitos com algumas montagens secas e finalmente a tensao do posicionamento mantida com grampos durante a colagem, o fato e' a cadeira esta montada, a colagem seca e o movel resultou rigido como uma rocha!

Agora, a lide de esculpir, a modelagem grossa, a modelagem fina e o acabamento. Bons programas, para desfrutar a primavera...


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Cadeira Sligo/Tuam — Primeiros passos

Interrompido a todo momento por isso e por aquilo — o velho Pedro reensaiando por quatro dias e quatro noites o dizimo do Diluvio Universal, raios, trovoes, granizo, um dente incomodando, as (argh!) obras de pintura e por ahi afora — ainda assim o projeto embasado na cadeira Sligo/Tuam vai progredindo...


O processo iniciou-se, como comentei na postagem anterior, por uns rabiscos para ter uma ideia de como poderia ficar uma determinada concepcao para a cadeira. (Inclui o papel com os rabiscos ahi na foto `a esquerda.)

A partir da ideia basica, tracei em um programa de desenho um esboco basico, inicialmente para ter uma ideia de proporcoes e dimensionamento, e entao imprimi um modelo para cortar em uns restos emendados de compensado de 4mm o gabarito de onde recortar as pecas que, coladas, formaram a peca do encosto/pe traseiro do movel. (Ainda na foto `a esquerda, as setas vermelhas apontam para o gabarito, atras da cadeira.)



E isso foi tudo do projeto que foi para o papel, hehe. No mais, o troco esta se desenvolvendo do jeito que eu mais gosto, as coisas sendo feitas mais a olho do que por medidas. Claro, isso resulta num desenvolvimento lento, muito lento, ja que a cada novo passo e' necessario parar e pensar como e' mesmo que ele sera dado, tracar a giz, depois a lapis, de onde, para onde e de que jeito se vai fazer um encaixe, estabelecer um angulo, cortar uma curva. Lento sim, mas muito divertido, eu acho. De todo modo, ate agora ja tenho, basicos, o encosto/perna traseira e o assento cortados e montados. Um pouco menos da metade do caminho, talvez...



Quando der, as pernas e as travessas das pernas (aquele pau ali apoiando o assento e' so isso, um apoio) e, depois, a parte mais crucial, mais irritante e frequentemente a mais demorada: esculpir as formas.

Quando houver o que mostrar, mostro...

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Cadeira Sligo/Tuam

Quando dia desses um profissional me apresentou um orcamento para pintar o exterior da minha casa cobrando mais por sua hora de trabalho do que eu cobro pela minha, parei, pensei... e conclui: Por esse preco, faco eu mesmo! De tal forma, arranjei um "bico" que me paga melhor do que minha profissao, hehe.

O servicinho extra representa menos horas disponiveis para a marcenaria, claro, mas como nao tinha nenhum projeto em andamento, na verdade nem sequer nada fermentando no separador de orelhas, foi facil chavear as ferramentas e sair a mineirar tralhas de pintura. Adquirida a maioria das tais tralhas, pensei comecar por uma boa lavada nas paredes com a lavajato. Batata! Ha alguns varios meses sem uso, a encrenca nao quis funcionar. Consegui superar a vontade de dar-lhe um tratamento rapido — com uma marreta de 5kg! — e, esbravejando comentarios indecentes contra o Principio da Implicancia Natural das Coisas, dei sorte e acabei encontrando aqui pertinho uma nova por preco de ocasiao.

Foi chegar com a lavajato nova, e o velho Pedro dar uma abrida nas torneiras. Disse-lhe umas boas, e me vinguei comecando a pintar com oleo de linhaca os barrotes e vigas do telhado expostos sob as telhas na varanda. RARRARRA! Para minha surpresa o velho aparentemente ficou magoado e, contrito, fechou as torneiras. Aproveitei o embalo e dois dias de sol para pintar as janelas e portas com o oleo...

Idiota que eu sou!

Cai como um patinho na armadilha do velho. Duas demaos de oleo aplicadas nas aberturas, e o vingativo implicante abriu as torneiras com toda a vontade. Furioso. Cataratas!

Fiquei totalmente desarmado, claro. Nao tem como pintar nada, nao tem como lidar na oficina. Diabos, nao tem nem como limpar o jardim! Fazer o que?

Passear na Teia, claro...

E ahi, passeando na Teia ouvindo a chuva lavar o meu oleo das janelas, de repente encontro outra vez uma referencia a uma cadeira que, ha um bom tempo, tinha chamado minha atencao. A tal cadeira Sligo. Ou Tuam.
Essa ahi do desenho ao lado.

Trata-se visivelmente de uma cadeira de tres pes, com um design bem simples, bem rustico e bem forte. E antiquissimo.



Tanto quanto revelaram minhas leituras na Teia, cadeiras com essa modelagem enfeitavam o interior de habitacoes rurais Celtas ja na Idade Media. E alguns, raros, exemplares sobreviveram oriundos dos seculos XVI e XVII e especialmente das localidades de Sligo e Tuam, no noroeste e centro-oeste da Irlanda — donde o nome com que sao conhecidas hoje em dia.



O engenhoso e atrativo design, como era de se esperar estimulou e estimula a imaginacao de inumeros 'cadeiristas' mundo afora, e o tio Google perguntado por "Sligo chair" e "Tuam chair" retorna incontaveis imagens de criacoes recentes. Pensando em talvez poupar trabalho a meus sete fieis leitores, tomei a liberdade de adicionar algumas dessas imagens ahi abaixo (como sempre, clique nelas para ver em maior definicao) para talvez ilustrar a amplitude do espectro criativo que o movel inspirou...



O fato e' vendo imagens dessa cadeira me surgiu a ideia de utilizar o, mm, jeitao dela para criar uma variante que me pareceu interessante. Fiz uns rabiscos para ter uma ideia do jeito que ficava — e me agradei. Tirei umas medidas e usando um programa de desenho no computador tracei uns moldes para cortar gabaritos...

Doce e' a vinganca!
O velho e implicante patrono aqui do Continente acabou foi me dando inspiracao para cortar madeiras, hehehe.

Nao, nao que eu va abandonar as pinturas, nao. Mas vou devagarinho, um dia aqui, outro ali. Para que pressa? Posso demorar o quanto queira; o fregues e' gente boa, tenho certeza que nao vai se queixar...


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Feita a luz

Quem vive a experiencia, sabe. Quem nao vive, com sorte vivera um dia: As decadas nao nos pesam apenas sobre os ombros, mas muito mais especialmente sobre nossos sentidos. Entre tantas outras coisas com que o envelhecimento nos presenteia, salienta-se um sutil, inicialmente quase imperceptivel mas continuado embotar dos sentidos...

Nao que eu esteja me queixando da vida, vejam bem. Nao, nao, longe disso. Envelhecer vem com o pacote, faz parte da experiencia e, quem chega la, e' para se curtir — ate porque reclamar nao adianta nada, hehehe. Essa introducao meio fosca e' para contar que com as decadas se acumulando obviamente ando enxergando menos e tambem obviamente isso influi inclusive no lidar com as madeiras: visualizar uma marca feita a faca para cortar um malhete, por exemplo, implica em usar lentes e necessitar boa, de preferencia excelente, iluminacao. E por ahi afora. Ja a tempos, afora os oculos, por forca da necessidade ando utilizando focos de luz acessorios para efetuar inumeras operacoes.

Mas nao e' incomum esses auxiliares por vezes atrapalhem. Ou porque a lampada fica muito quente, ou porque a luminaria consegue dar um jeito de ficar na frente, tapando o que deveria apenas iluminar, ou porque naquele angulo a sombra cai direitinho onde mais atrapalha, ou porq... Enfim, o Principio da Implicancia Natural das Coisa nao perde tempo para exercer suas implicantissimas prerrogativas. E sua diabolica capacidade criativa nao conhece limites...


Dai que eu (talvez caducando?) vinha considerando, muito provavelmente por cacoete profissional, ver se encontrava uma lampada cialitica usada pa...

— Pera ahi! Lampada o que?

Lampada cialitica. E' uma luminaria feita para iluminar sem causar sombras, tipo as que se usam para iluminar o campo operatorio em salas de cirurgia, ou nas cadeiras de dentistas.

O fato e' que andei espiando o mercado para ver da viabilidade de conseguir uma dessas, portatil e usada. Mas arrepiei logo, pelo cu$to em primeirissimo lugar, e pela trambolhosidade das encrencas.

Mas ahi, por esses dias um colega no forum Madeira! apresentou uns videos criados por um marceneiro profissional la dA Matriz e, furungando as apresentacoes dele no YouTube, encontrei uma ideia que resolvi aproveitar para, mm, clarear meus horizontes.


Nao exatamente uma lampada cialitica, mas utilizar refletores de LED: luz fria, sem emissao de ultravioletas, baixo consumo de energia, loonga vida e leves o bastante para movimentar para la e para ca sem necessitar alavancas, rodizios, nem nada.

E muita, muita luz!

Depois de explorar inumeras ofertas na Teia acabei encontrando em uma loja aqui pertinho de casa um preco bem interessante, e acabei adquirindo dois refletores de LED de 30W.

Cavocando na sucata de madeiras achei o necessario para fazer um 'poste' deixando o refletor de cima na altura dos meus olhos.

Leve, bem movel e ocupando quase nada de espaco, funciona que e' uma beleza. Mas cialitica nao e'. Se alguma coisa, ou alguem, ficar na frente, obviamente faz sombra, e' claro, mas ate agora isso nao foi problema; e' so questao de mover o poste para uma posicao melhor.

So que, fiel `a minha caduquice, fico pensando: se isso eventualmente vier de fato a se tornar um problema, nada impede eu va e construa um outro 'poste' semelhante. E assim, por fracao do preco e sem atravancar meu limitado espaco, talvez eu acabe mesmo com uma iluminacao cialitica, hehe.

Mas calma. Calma. Nao e' preciso prescrever e aviar tranquilizantes, nem reservar leito na clinica geriatrica. (Pelo menos, acho eu, ainda nao.) Como eu disse, por enquanto pelo menos e' so uma ideia, pessoal.

Calma...