Portas em pinho de Riga |
Apenas para salientar essa, mm, variabilidade, veja-se o chamado pinho de Riga.
Ha inumeros exemplos do uso dessa madeira considerada nobre na confeccao de, por exemplo, aberturas exteriores e moveis finos como exemplificado na imagem `a esquerda e na postagem do link abaixo:
http://acordacasa.com.br/2012/06/08/classe-e-estilo/
Mas se esse lenho (Pinus sylvestris) por aqui e' considerado nobre, na Europa de onde vem (Riga, a proposito, sendo a capital da Letonia, um dos portos principais por onde essa essencia era e e' exportada) e' madeira vagabunda. Tanto que e' muito utilizado para encaixotar mercadorias para viagem — como, lembro, as caixas onde na minha infancia vinham embalados os bacalhaus noruegueses e portugueses — e, na epoca dos navios a vela, essa madeira era muito utilizada como lastro, no fundo dos poroes, que era descartado nas praias quando os navios carregavam esses poroes com mercadorias. Ou seja, por la a consideram madeira tao vagabunda quanto por aqui consideramos o pinus.
Ja desse nosso vagabundissimo pinus no entanto (Pinus eliottii e P. taeda) na sua origem, nA Matriz onde atende por southern yellow pine, diz-se por exemplo que "e' conhecido como uma das mais fortes, mais resistentes especies de madeira (e) e' uma escolha ideal, tanto para profissionais da construcao civil, como para praticantes de bricolagem" .
De igual forma, nosso eucalipto tao desprezado e condenado como instavel, intratavel, e' exportado como Lyptus® e anunciado como um excelente substituto para o mogno!
Tudo isso aparentemente como confirmacao de que a grama do vizinho e' sempre mais verde do que a nossa ou, mais provavelmente, porque o que e' mais barato, por mais abundante e acessivel, e' usualmente desprezado...
De qualquer maneira, pensando em construir ainda mais uma mesinha para minha cozinha resolvi mais uma vez empregar pinus na construcao, nao so pela leveza e preco, mas para demonstrar sua aplicabilidade e principalmente por, para meu gosto, sua beleza.
Uma madeireira aqui perto da qual sou fregues habitual disponibiliza pranchas brutas bem secas de pinus de 5x30x270cm — prioritariamente para a construcao civil, e' claro. Essas pranchas, muito provavelmente por serem secas sem qualquer cuidado (afinal, trata-se de madeira o que ha de vagabunda), vem usualmente com praticamente todos os tipos de empeno. E com varias rachaduras, muito provavelmente porque por razoes economicas a serraria as envia contendo a medula (o que os Grandes Irmaos chamam pit), o anel mais central do tronco cuja presenca, por razoes que agora nao vem ao caso, invariavelmente tende a produzir rachaduras radiais. Por brutas, empenadas e rachadas, essas pranchas custam barato, bem baratinho, consideradas as dimensoes.
Nas imagens ao lado as setas vermelhas apontam a medula nas tres pranchas de pinus e, se clicadas para ve-las em maior resolucao, nao e' dificil ver, nem a nitida rachadura na prancha mais inferior, nem as rachaduras menores que se irradiam das medulas. Estao tambem marcados varios quadrilateros em verde. O que esses quadrilateros delimitam grosseiramente sao seccoes onde os segmentos dos aneis como que cortam perpendicularmente as pranchas, indicando os veios correm paralelamente `a superficie das tabuas.
Isso e' o que os Grandes Irmaos chamam quarter sawn, e taboas com veios nessa configuracao 'trabalham' pouco, quase nada se movem com variacoes de umidade, atingem maxima estabilidade.
Vai dai que cortei justamente dessa area de uma dessas pranchas quatro ripas para fazer os pes da futura mesa e as aparelhei nas plainas em largura e espessura. Essas ahi na imagem abaixo, na frente do saco contendo as maravalhas resultantes das plainagens, e atras das taboinhas que resultaram de ajuste das dimensoes desejadas na serra de bancada.
Agora, aguardar um dia para confirmar se ficarao mesmo estaveis, e partir para a construcao da nova mesa...
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