Entao, para inicio de conversa resolvi o movel teria enfase no uso de tauari. Pelo preco e pela leveza, claro, mas principalmente por sua semelhanca com carvalho — a ponto de os Grandes Irmaos chamarem essa essencia de brazilian oak, ou seja, carvalho brasileiro.
Raios medulares, em carvalho branco cortado quarteado |
Como eu usualmente compro minhas madeiras em bruto, o inicio dos trabalhos e' sempre aparelhar as taboas, ou seja, desempenar, desengrossar, esquadrejar e dimensionar. Isso sempre representa, alem de consideravel consumo de tempo, uma macica producao de maravalha, e dessa vez nao foi diferente, como a foto abaixo (mostrando so a saida do desempeno) imagino de testemunho...
Uma parte da pilha de maravalha esta molhada porque chegamos de fato ao outono aqui no Continente, aquela parte do ano em que o velho Pedro da uma enlouquecida: nao apenas chove e faz sol e volta a chover e a fazer sol no espaco de poucas horas como, vejam voces, anteontem a maxima foi 32°C e para o proximo domingo preve-se havera o primeiro dia com temperaturas em apenas um digito. Haja saude. E, principalmente, haja saco! Mas divago...
As primeiras pecas para o novo armario foram molduras para enquadrar compensado e formar o que serao os paineis laterais do movel e que podem ser vistos, ja montados e com cortes para encaixes, ahi na imagem `a direita.
Sim, dessa vez sem pressao alguma para terminar a obra de uma vez, optei desenvolver o projeto com o uso de emendas por encaixes, tanto considerando razoes estruturais, como tambem para nao perder a embocadura com serras e formoes, hehe.
Os pinos cortados na porcao posterior dos paineis laterais irao receber tres travessas com malhetes em caudas de andorinha que, alem de estruturar a carcaca, irao tambem servir para o apoio em faca previsto para fixar o movel `a parede. Essas travessas ja foram aparelhadas, tanto as que irao para a parte posterior e que igualmente ja estao com os malhetes cortados, como as que irao para a parte anterior.
Nas fotos dos lados as seis travessas estao reunidas em um feixe unido por grampinhos. O motivo disso sao justamente as louquices do velho Pedro alterando a toda hora temperatura e umidade; para evitar entortamentos as travessas ficam dando apoio uma para as outras e, espera-se, mantem-se retas. Clicando e ampliando as imagens imagino seja possivel ver nao apenas o tauari, tal como o carvalho, responde com excelente acabamento `as plainas, como igualmente quao retos e direitos os seus veios.
Alias, por falar em carvalho, eu havia esquecido uma outra propriedade desse lenho que o tauari compartilha, e da qual fui lembrado de forma deveras traumatica...
Em priscas eras, quando marcenaria era literalmente praticada a machado, na Europa o carvalho era muito utilizado justamente por sua caracteristica de ser facilmente rachado, e tais rachaduras seram praticamente retilineas, o que facilitava enormemente obter-se e desdobrar-se pranchas sem necessitar o uso de serras. Descobri o tauari tambem tem essa caracteristica quando fui desfazer uma das emendas que necessitou uma persuasao com o malho para encaixar-se. Na segunda batida do desencaixe... plac! Pino e semipino racharam fora do painel, absolutamente rente `a linha de base.
Dado a lisura da separacao, optei por colar pino e semipino de volta. O resultado pode ser visto ahi na foto `a esquerda. O pino parece que nem sofreu nada. Reparando bem na imagem (clicada e) ampliada, como aponta a seta vermelha `a esquerda o semipino ficou com um ressalto milimetrico e, na outra seta, pode-se ver restos de cola.
Bueno, agora que sei dessa problematica, vou reforcar todos os pinos e semipinos. Usando, claro, milicavilhas (tambem chamadas... palitos de dente, hehe).
O que me lembra: Tenho de comprar uma nova broca de 2,5mm antes de continuar a funcao...