Como ja tinha mencionado anteriormente, estou desenvolvendo o projeto de um banco e publicando um passo a passo da construcao no forum MADEIRA!, como parte de um "desafio" junto com outros colegas que por sua vez desenvolvem outros, diferentes projetos de bancos.
O meu projeto inspira-se nesse modelo ahi abaixo que encontrei dia desses navegando a Rede:
Minha ideia nao e' tentar uma replica exata do modelo mas, enquanto utilizando conceitos do design, ir desenvolvendo minhas proprias variacoes, aproveitando para treinar e aprender na pratica algumas tecnicas menos familiares ou mesmo ineditas para mim. Nisso, mato dois coelhos com uma cajadada so: aprendo a documentar e fico com um movel talvez interessante ao final da obra. (E agora, inclusive aproveito para matar um terceiro coelho: arranjei assunto para postar aqui no blog, hehe.)
A construcao ainda esta bem no inicio; ate agora so conclui a modelagem basica do assento e cortei os pes, mas o fato e' que nao ha nenhuma pressa. Pelo contrario a ideia e' mesmo um desenvolvimento lento, para evitar uma sobrecarga de informacoes.
Se o tema de alguma forma despertar interessante e a ideia de acompanhar a evolucao da obra parecer atraente, fica o convite para espiar mais de perto.
Sua visita sera muito bem-vinda em http://xilofilos.com/viewtopic.php?f=32&t=106
quarta-feira, 29 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Comecos
Pois e'...
Como eu tinha comentado ao final da minha postagem anterior, tenho estado meio ausente aqui do blog em funcao inclusive de estar metido no desenvolvimento de um novo forum de marcenaria, o MADEIRA! (http://xilofilos.com).
Como tudo no seu inicio, o forum demanda consideravel atencao, necessita constantes toques e retoques, come um tempo louco. Mas vai tomando jeito, e ja congrega uma comunidade bem ativa em um ambiente, pelo menos para o meu gosto, bem agradavel. Renovo meu convite para que visitem e, em gostando, participem.
Inclusive no momento estamos la, meu amigo e colega Francisco Guido e eu, envolvidos em apresentar sob a forma de um "desafio" a construcao, em minucioso passo a passo, de dois modelos de banco. Por certo nao com a intencao de inovar em design, muito menos de competir um com o outro, nada disso, mas procurando, isso sim, demonstrar tecnicas construtivas basicas que possam ser ate eventualmente aproveitadas em outros projetos. (A essas alturas, deixem que lhes diga, o meu projeto esta avancadissimo: ja cortei uma prancha para fazer o assento. Isso ahi. Nao e' barbaro? E, mesmo, tenho quase certeza consigo conclui-lo antes do fim do ano...) Quem ficou curioso, pode acessar por esse atalho.
Ah... Uma outra coisinha: Se algum de voces seis, leitores dessas mal digitadas, tiver condicoes de me fazer esse favor, eu pediria entrassem em contato com os administradores do Marceneiros e Bricoleiros e indagassem deles como eu posso fazer para recuperar minha senha de acesso `aquele forum. Por algum motivo minha senha foi invalidada, nao consigo acessar. E tambem nao tenho conseguido retorno em minhas tentativas de comunicar o fato `a administracao. A quem puder me ajudar, desde ja muito obrigado.
E nao, nao esqueci da lazy susan, nao. Tao logo comece a reforma, mostro aqui.
Como eu tinha comentado ao final da minha postagem anterior, tenho estado meio ausente aqui do blog em funcao inclusive de estar metido no desenvolvimento de um novo forum de marcenaria, o MADEIRA! (http://xilofilos.com).
Como tudo no seu inicio, o forum demanda consideravel atencao, necessita constantes toques e retoques, come um tempo louco. Mas vai tomando jeito, e ja congrega uma comunidade bem ativa em um ambiente, pelo menos para o meu gosto, bem agradavel. Renovo meu convite para que visitem e, em gostando, participem.
Inclusive no momento estamos la, meu amigo e colega Francisco Guido e eu, envolvidos em apresentar sob a forma de um "desafio" a construcao, em minucioso passo a passo, de dois modelos de banco. Por certo nao com a intencao de inovar em design, muito menos de competir um com o outro, nada disso, mas procurando, isso sim, demonstrar tecnicas construtivas basicas que possam ser ate eventualmente aproveitadas em outros projetos. (A essas alturas, deixem que lhes diga, o meu projeto esta avancadissimo: ja cortei uma prancha para fazer o assento. Isso ahi. Nao e' barbaro? E, mesmo, tenho quase certeza consigo conclui-lo antes do fim do ano...) Quem ficou curioso, pode acessar por esse atalho.
Ah... Uma outra coisinha: Se algum de voces seis, leitores dessas mal digitadas, tiver condicoes de me fazer esse favor, eu pediria entrassem em contato com os administradores do Marceneiros e Bricoleiros e indagassem deles como eu posso fazer para recuperar minha senha de acesso `aquele forum. Por algum motivo minha senha foi invalidada, nao consigo acessar. E tambem nao tenho conseguido retorno em minhas tentativas de comunicar o fato `a administracao. A quem puder me ajudar, desde ja muito obrigado.
E nao, nao esqueci da lazy susan, nao. Tao logo comece a reforma, mostro aqui.
sábado, 18 de junho de 2011
Ficando meio ausente
Venho pedir desculpas aos meus seis leitores pelo escassear das postagens, ultimamente. Lamentavelmente, incorri numa daquelas circunstancias em que o dia tem menos horas do que gostariamos para poder atender `as demandas...
Por um lado, como eu havia previsto no meu primeiro posting aqui no blog, a lazy susan que eu construi teve mesmo um destino atribulado. Atribuladissimo, eu diria. Nem dois meses de exposicao aos esperados maus tratos, e vejam o estado em que ficou a coitadinha:
Pois e'... O tempo ja andava escasso, e agora vou ter de dar um jeito na preguicosa e, como voces certamente sabem, reformar e' muito mais chato e mais demorado do que construir. Mas, convenhamos, desse jeito ahi, nao da.
Depois, estou envolvido no desenvolvimento de um forum de marcenaria que, como toda criancinha, demanda atencao e, e' so tirar o olho, acaba fazendo das suas. Se quiserem dar uma espiada — e talvez, melhor ainda, participar e ajudar na bagunca — a encrenca, denominada sugestivamente MADEIRA!, esta localizada em http://www.xilofilos.com. Visitem! Visitem!
E, mais uma vez, me desculpem esse ar meio ausente...
Por um lado, como eu havia previsto no meu primeiro posting aqui no blog, a lazy susan que eu construi teve mesmo um destino atribulado. Atribuladissimo, eu diria. Nem dois meses de exposicao aos esperados maus tratos, e vejam o estado em que ficou a coitadinha:
Pois e'... O tempo ja andava escasso, e agora vou ter de dar um jeito na preguicosa e, como voces certamente sabem, reformar e' muito mais chato e mais demorado do que construir. Mas, convenhamos, desse jeito ahi, nao da.
Depois, estou envolvido no desenvolvimento de um forum de marcenaria que, como toda criancinha, demanda atencao e, e' so tirar o olho, acaba fazendo das suas. Se quiserem dar uma espiada — e talvez, melhor ainda, participar e ajudar na bagunca — a encrenca, denominada sugestivamente MADEIRA!, esta localizada em http://www.xilofilos.com. Visitem! Visitem!
E, mais uma vez, me desculpem esse ar meio ausente...
terça-feira, 14 de junho de 2011
Madeiras da estacao
O inverno vem chegando por aqui, e como minha 'oficina' e' aberta em dois lados as horas de trabalho confortavel ficam diminuidas, o estimulo para brincar com madeiras arrefece por esta epoca...
Por vinganca, la se vao dois invernos, eu aproveitei uma folga mais ensolarada para manter a embocadura. Poucos projetos mais simples, é verdade, mas nessa epoca nao se pode negar sua utilidade: uma caixa/gaveta onde por lenha para a lareira.
Vao ahi duas imagens para colorir e nao abandonar o blog, e talvez para inspirar alguem que, como eu, ande achando pretexto para nao sair do teclado...
Por vinganca, la se vao dois invernos, eu aproveitei uma folga mais ensolarada para manter a embocadura. Poucos projetos mais simples, é verdade, mas nessa epoca nao se pode negar sua utilidade: uma caixa/gaveta onde por lenha para a lareira.
Vao ahi duas imagens para colorir e nao abandonar o blog, e talvez para inspirar alguem que, como eu, ande achando pretexto para nao sair do teclado...
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Mais madeiras vagabundas
Problema usual em toda oficina, o acumulo interminavel de pecas, componentes, jigs, tralhas em geral, e o habito quase doentio de guardar tudo, de nao jogar praticamente nada fora (porque pelo Principio da Implicancia Natural das Coisas, o que se joga fora hoje amanha vai fazer uma falta danada, hehe), acabam gerando pesadelos de logistica. E, evidente, quanto mais coisas para guardar, mais espaco onde guardar se faz necessario porque, por exemplo, ter de catar um determinado parafuso na "pilha dos parafusos" e' um processo demasiadamente pouco eficiente.
Dai que, havendo um espaco vago em uma parede e em eu tendo uns retalhos bons de compensado dito naval de 10mm dando sopa, resolvi fazer um armarinho para a 'oficina', para reduzir um pouco a desordem, amansar um pouco o pesadelo, digamos assim... E entao, porque nao gosto nada da aparencia dos compensados que temos disponiveis por aqui, e porque achei que seria um exercicio interessante, resolvi tentar fazer com que o compensado ficasse invisivel, utilizando para face do movel os meus restos de madeiras vagabundas, ou seja, cedrinho de terceira e pinus de palets. E mais, para dar ainda maior graca ao brinquedo, resolvi utilizar tambem as pecas arredondadas que eu havia feito como piloto para meu armario de banheiro e que estavam jogadas, sem uso.
Dadas as circunstancias — uso na 'oficina' — preocupei-me muito mais com os aspectos construtivos e de design, testando algumas tecnicas que so conhecia teoricamente, experimentando algumas 'invencoes', como diferentes maneiras de posicionar imas como fechos para as portas, e tive pouca, se alguma, preocupacao com acabamentos.
Evidente que se tivesse feito o armarinho para ser exibido em alguma peca mais, mm, social da casa, o capricho nos finalmentes seria outro. As madeiras seriam outras, nao deixaria manchas de cola, teria comprado dobradicas de tamanho compativel ao inves de usar o que ja tinha em casa e provavelmente as fixaria internamente ao inves de deixa-las expostas, teria lixado para bem alem de grana 80, nao teria limitado a protecao superficial a umas poucas demaos de cera... e por ahi afora. O que, claro, nao e' justificativa, apenas uma explicacao, hehe...
Mas no final, alem do consideravel aprendizado, especialmente para lidar com partes curvas, o que praticamente sempre exige o uso de ferramentas manuais, com muitas das quais estava ha tempos desfamiliarizado, achei que o design ficou ate interessante e, funcionalmente, o movelzinho ja esta sendo uma mao na roda, um consideravel facilitador.
Lembrando que, como sempre, clicar nas imagens encaminha para a imagem original, maior e de melhor qualidade, espero que essa minha nova exibicao de madeiras vagabundas nao lhes desagrade muito aos olhos...
Dai que, havendo um espaco vago em uma parede e em eu tendo uns retalhos bons de compensado dito naval de 10mm dando sopa, resolvi fazer um armarinho para a 'oficina', para reduzir um pouco a desordem, amansar um pouco o pesadelo, digamos assim... E entao, porque nao gosto nada da aparencia dos compensados que temos disponiveis por aqui, e porque achei que seria um exercicio interessante, resolvi tentar fazer com que o compensado ficasse invisivel, utilizando para face do movel os meus restos de madeiras vagabundas, ou seja, cedrinho de terceira e pinus de palets. E mais, para dar ainda maior graca ao brinquedo, resolvi utilizar tambem as pecas arredondadas que eu havia feito como piloto para meu armario de banheiro e que estavam jogadas, sem uso.
Dadas as circunstancias — uso na 'oficina' — preocupei-me muito mais com os aspectos construtivos e de design, testando algumas tecnicas que so conhecia teoricamente, experimentando algumas 'invencoes', como diferentes maneiras de posicionar imas como fechos para as portas, e tive pouca, se alguma, preocupacao com acabamentos.
Evidente que se tivesse feito o armarinho para ser exibido em alguma peca mais, mm, social da casa, o capricho nos finalmentes seria outro. As madeiras seriam outras, nao deixaria manchas de cola, teria comprado dobradicas de tamanho compativel ao inves de usar o que ja tinha em casa e provavelmente as fixaria internamente ao inves de deixa-las expostas, teria lixado para bem alem de grana 80, nao teria limitado a protecao superficial a umas poucas demaos de cera... e por ahi afora. O que, claro, nao e' justificativa, apenas uma explicacao, hehe...
Mas no final, alem do consideravel aprendizado, especialmente para lidar com partes curvas, o que praticamente sempre exige o uso de ferramentas manuais, com muitas das quais estava ha tempos desfamiliarizado, achei que o design ficou ate interessante e, funcionalmente, o movelzinho ja esta sendo uma mao na roda, um consideravel facilitador.
Lembrando que, como sempre, clicar nas imagens encaminha para a imagem original, maior e de melhor qualidade, espero que essa minha nova exibicao de madeiras vagabundas nao lhes desagrade muito aos olhos...
quarta-feira, 8 de junho de 2011
A cruz dos veios
As modernas colas para madeira a base de PVA aderem mais às fibras da madeira do que as proprias fibras entre si, o que significa que em uma colagem bem feita o ponto de maior resistencia sera sempre a linha de cola. A proposito, como a aderencia da cola consigo mesmo e' menor do que sua aderencia `a madeira, uma colagem sera tao mais eficiente quanto menos espessa for a linha de cola, razao por que as duas superficies a serem coladas deverao estar bem lisas, justaporem-se o mais perfeitamente possivel e a colagem deve curar sob pressao.
Emenda lado a lado, veios paralelos |
Ja colagens que envolvam o topo da madeira, os veios curtos, sao a pior hipotese — e por isso usualmente sao evitadas. E' dificil, ou impossivel, se obter um acabamento realmente liso nos topos, resultando em distanciamento entre varios pontos de colagem determinando uma linha de cola sempre mais espessa e, portanto, menos resistente. Mais, a madeira e' sempre muito mais absorvente nos topos, a cola e' 'chupada' pela madeira, o que inescapavelmente resultara em reducao do volume de cola disponivel na emenda, enfraquecendo ainda mais a colagem.
A meio caminho entre esses extremos fica colar madeiras face a face, mas com os veios cruzados. Nessas circunstancias e' possivel de se obter uma boa superficie de contato e portanto uma linha de cola pouco espessa e muitissimo aderente, mas o problema aqui nao e' com a cola. O problema e' que a madeira 'trabalha', se expande e se contrai na direcao transversal (da largura) dos veios conforme as variacoes de umidade e temperatura e, como os veios estao cruzados, essa expansao e contracao tera sempre valores diferentes de cada lado da linha de cola, em tempo levando inevitavelmente `a fadiga e entao ruptura da colagem.
Mas se emendas de topo e com veios cruzados nao sao as ideais para colagens, nem por isso deixam de ser frequentemente indispensaveis na lide de construir-se com madeiras. A solucao, claro, foi desenvolvida ja em tempos imemoriais, e consiste em reforcar tais emendas para que nao dependam exclusivamente da adesividade da cola — ate porque em tempos imemoriais sequer havia cola...
Ha inumeras razoes para se queira realizar tais emendas, como ha inumeras abordagens possiveis para efetuar-se tais reforcos e permitir-se emendas resistentes e persistentes, seja qual a for a orientacao dos veios, seja qual for a razao de faze-las. Em uma visao abrangente, visando facilitar como abordar cada circunstancia, pode-se contemplar duas grandes divisoes em como reforcar emendas. A primeira divisao seria usando ou nao usando elementos externos para reforco, a segunda se a emenda visa apenas alcancar uma determinada forma, ou se sera submetida a esforcos, sofrera carga.
Assim, por exemplo, uma emenda de topo pode receber um reforco com um elemento externo, como uma cantoneira, ou pode ser reforcada por uma ensambladura, um encaixe que lhe adicione resistencia. Uma emenda puramente decorativa, como a de uma moldura, tera pouca ou nenhuma consideracao estrutural, enquanto que uma emenda que sera sujeita a cargas, como a do pe de uma cadeira, necessariamente priorizara a estrutura sobre a forma. O tema e' central `a marcernaria, e por isso mesmo extremamente amplo, enormemente variado. Longe de mim portanto a pretensao de sequer supor a ideia de esgotar o assunto, nesta ou em quantas postagens seja; a ideia e' tao somente ir apresentando alguns comentarios sobre algumas das mais notaveis e costumeiras tecnicas de emendas.
Justamente uma das mais notaveis e certamente uma das mais costumeiras dessas tecnicas e' a ensambladura em fura e espiga (em ingles, para facilitar pesquisas na Rede, mortise and tenon joint).
Talvez a mais resistente das emendas, e' usualmente a primeira opcao quando se almeja uma uniao capaz de suportar grandes esforcos, torcoes ou peso. Pode ser modelada, desde manualmente, com formoes e serras manuais, ate utilizando maquinaria dedicada, como e' feito industrialmente. E nao so quanto ao tamanho, pode apresentar-se em inumeras formas e com variados modos de fixacao, alem de colagem.
Inobstante a forma de construi-la — e ha um assombroso acervo de discussoes sobre o tema disponivel na Rede, a comecar por se o melhor e' adaptar-se a espiga `a fura ou, ao contrario, primeiro cortar-se a espiga e entao adaptar-se a fura — e a forma de fixa-la — aberta, fechada, com cola, cunhas, pinos ou como seja — uma consideracao ha de, sempre, ser primordial: O encaixe tem de ser rigorosamente preciso!
Nao pode haver quaisquer folgas, nao pode haver pressao excessiva no encaixe. Isso e' o fundamental.
O resto sao conveniencias, circunstancias.
Detalhes...
Emenda com veios cruzados |
Mas se emendas de topo e com veios cruzados nao sao as ideais para colagens, nem por isso deixam de ser frequentemente indispensaveis na lide de construir-se com madeiras. A solucao, claro, foi desenvolvida ja em tempos imemoriais, e consiste em reforcar tais emendas para que nao dependam exclusivamente da adesividade da cola — ate porque em tempos imemoriais sequer havia cola...
Ha inumeras razoes para se queira realizar tais emendas, como ha inumeras abordagens possiveis para efetuar-se tais reforcos e permitir-se emendas resistentes e persistentes, seja qual a for a orientacao dos veios, seja qual for a razao de faze-las. Em uma visao abrangente, visando facilitar como abordar cada circunstancia, pode-se contemplar duas grandes divisoes em como reforcar emendas. A primeira divisao seria usando ou nao usando elementos externos para reforco, a segunda se a emenda visa apenas alcancar uma determinada forma, ou se sera submetida a esforcos, sofrera carga.
Assim, por exemplo, uma emenda de topo pode receber um reforco com um elemento externo, como uma cantoneira, ou pode ser reforcada por uma ensambladura, um encaixe que lhe adicione resistencia. Uma emenda puramente decorativa, como a de uma moldura, tera pouca ou nenhuma consideracao estrutural, enquanto que uma emenda que sera sujeita a cargas, como a do pe de uma cadeira, necessariamente priorizara a estrutura sobre a forma. O tema e' central `a marcernaria, e por isso mesmo extremamente amplo, enormemente variado. Longe de mim portanto a pretensao de sequer supor a ideia de esgotar o assunto, nesta ou em quantas postagens seja; a ideia e' tao somente ir apresentando alguns comentarios sobre algumas das mais notaveis e costumeiras tecnicas de emendas.
Fura (mortise) e espiga (tenon) |
Justamente uma das mais notaveis e certamente uma das mais costumeiras dessas tecnicas e' a ensambladura em fura e espiga (em ingles, para facilitar pesquisas na Rede, mortise and tenon joint).
Talvez a mais resistente das emendas, e' usualmente a primeira opcao quando se almeja uma uniao capaz de suportar grandes esforcos, torcoes ou peso. Pode ser modelada, desde manualmente, com formoes e serras manuais, ate utilizando maquinaria dedicada, como e' feito industrialmente. E nao so quanto ao tamanho, pode apresentar-se em inumeras formas e com variados modos de fixacao, alem de colagem.
Inobstante a forma de construi-la — e ha um assombroso acervo de discussoes sobre o tema disponivel na Rede, a comecar por se o melhor e' adaptar-se a espiga `a fura ou, ao contrario, primeiro cortar-se a espiga e entao adaptar-se a fura — e a forma de fixa-la — aberta, fechada, com cola, cunhas, pinos ou como seja — uma consideracao ha de, sempre, ser primordial: O encaixe tem de ser rigorosamente preciso!
Nao pode haver quaisquer folgas, nao pode haver pressao excessiva no encaixe. Isso e' o fundamental.
O resto sao conveniencias, circunstancias.
Detalhes...
quarta-feira, 1 de junho de 2011
As voltas que o mundo da
Atraves da historia muito poucos paises ocidentais poderao se comparar `a Inglaterra por seu amor `as artes e `a tradicao na marcenaria. Como filho de peixe peixinho e', entre outras tantas coisas A Matriz herdou de seus fundadores esse apego `as coisas de madeira, tanto que por la woodworker e' profissao muitissimo respeitada, a quantidade de marceneiros hobistas se mede em multiplos de centenas de milhares, e o mercado do ramo... Bom, digamos que e' o maior do mundo, e fiquemos por ahi.
Um mercado milionario, centenas de milhares de praticantes... Isso por certo nao passaria desapercebido `a turma do show business. Tanto nao passou que hoje — como ja mencionei em uma postagem anterior aqui mesmo no Marceneiro em Casa — o programa de maior audiencia da rede publica de TV (PBS) e' Antique Roadshow, com saliencia para seu segmento de marcenaria.
E por falar em PBS, o maior hit da rede no segmento de marcenaria em todos os tempos foi, sem qualquer duvida, o The New Yankee Workshop, estrelando Mr. Norm Abram.
A comprovar sua alta audiencia, por vinte e um anos, vinte e uma temporadas o show foi transmitido. Televisao tendo o poder que tem, Norm virou intimo de todo mundo e superstar dos marceneiros, e embora a serie tenha sido encerrada pela aposentadoria voluntaria do protagonista em 2009, ainda hoje os episodios sao reprisados em inumeras retransmissoras da PBS e, inclusive, pela Internet no site http://www.newyankee.com/online.php.
Uma das caracteristicas mais marcantes no estilo de praticar marcenaria de Mr. Abram era o uso, preferencial e intensivo, de maquinario e pouco (ou nenhum) emprego de ferramentas manuais. Sendo um personagem famoso, Norm tinha obviamente milhares, milhoes de admiradores e, igualmente obvio, milhares, milhoes de detratores. E, claro, enquanto seus admiradores aplaudiam seu estilo, os detratores caiam de pau; enquanto os partidarios da faccao 'moderna' da marcenaria (sobre faccoes, clique aqui) elogiavam a praticidade, a simplicidade e a facilidade de execucao de seus projetos, os adeptos da faccao 'classica' diziam, entre outras coisas, que ele nem era marceneiro, mas que meramente passava madeira pelas maquinas, era so um garoto-propaganda das industrias e lojas de maquinas que o patrocinavam, e por ahi afora. Quando em 2006 ele apresentou, ocupando excepcionalmente dois de seus programas, a construcao de sua versao da replica de talvez o mais afamado, e certamente um dos mais complexos, dos moveis classicos americanos (o Bonnet-topped Queen Anne-legged highboy), muitos da turma 'classica' ate deram o braco a torcer: afinal o cara ate que levava um certo jeito. Mas os mais ortodoxos certamente que nao: antes pelo contrario, lamentaram o sacrilegio. Normal...
Nem e' preciso dizer que enquanto Mr. Abram e seu NYWS reinavam, liderando as pesquisas de audiencia, uma corte de aspirantes ao trono batalhava por visibilidade. Entre eles ia-se salientando um certo jovem proselito ultra-ortodoxo da faccao 'classica'; adepto da Internet e seus recursos, ja tendo criado um forum e figurinha carimbada de varios outros, frequentemente divulgando video podcasts de seus trabalhos, bem apessoado, usuario habitual de camisetas justas para mostrar seu fisico sarado, conhecido pela alcunha T-Chisel (T-Formao).
Certamente nao contando entre seus defeitos a modestia, apregoava que nao fazia simplesmente moveis mas sim reliquias de familia para as geracoes futuras! Pregava aos quatro ventos a supremacia das ferramentas manuais sobre as maquinas; com tanta enfase que certa feita em um de seus podcasts na Rede jogou longe, como lixo, uma lixadeira excentrica afirmando que lixamento estraga os veios das madeiras, e o unico metodo aceitavel de acabamento para moveis e' com plainas e escariadores.
Tanto fez que foi desafiado, e topou o desafio de construir, utilizando recursos e tecnicas do seculo XVIII, uma replica de uma secretaria bombee Chippendale de 250 anos exposta em um museu de Rhode Island, avaliada em treze milhoes de dolares — documentando TODO o processo em video podcasts, os acertos e tambem os erros, sem edicao. Em um determinado ponto da construcao ele comete um erro e precisa remover toda uma secao do movel; mais de um mes de trabalho jogado fora, mas eventualmente — ao final de 82 episodios! — ele consegue terminar o projeto, vence o desafio.
Resumindo a historia antes que fique (mais) chata, eventualmente ele acabou assumindo seu nome real, Thomas J. MacDonald (embora ainda use o nome-de-guerra Tommy Mac), ampliou consideravelmente sua presenca na Rede (5.960.000 retornos se clicado seu nome no Google!) e seu The Rough Cut Show, de um podcast na Rede acabou virando um show de TV, com direito a site e tudo.
Sim, exatamente na PBS. E sim, sim, em 2010, exatamente em substituicao ao show de Mr. Abram.
Tambem previsivelmente, Mr. MacDonald nao apenas ostenta hoje em seus shows uma oficina com tudo o que ha de mais moderno em maquinas, fixas e portateis, como as opera rotineiramente (inclusive lixadeiras, hehe) em todos os seus projetos. O discurso, evidentemente, amaciou e embora eventualmente possa ate vestir uma saia justa ao responder certas perguntas quanto a afirmacoes do passado, o fogo proselitista certamente apagou. Normal...
E nao, nao creio que porque tenha como patrocinadores industrias e lojas de ferramentas eletricas.
Penso o tempo e' que ensina que, nao so em marcenaria, nao importa o jeito certo ou o jeito errado. As voltas que o mundo da acabam por ensinar a todo mundo que frequentemente o jeito certo hoje pode estar errado amanha. E o que importa e' acharmos o nosso jeito. O jeito melhor.
Um mercado milionario, centenas de milhares de praticantes... Isso por certo nao passaria desapercebido `a turma do show business. Tanto nao passou que hoje — como ja mencionei em uma postagem anterior aqui mesmo no Marceneiro em Casa — o programa de maior audiencia da rede publica de TV (PBS) e' Antique Roadshow, com saliencia para seu segmento de marcenaria.
Norm Abram |
E por falar em PBS, o maior hit da rede no segmento de marcenaria em todos os tempos foi, sem qualquer duvida, o The New Yankee Workshop, estrelando Mr. Norm Abram.
A comprovar sua alta audiencia, por vinte e um anos, vinte e uma temporadas o show foi transmitido. Televisao tendo o poder que tem, Norm virou intimo de todo mundo e superstar dos marceneiros, e embora a serie tenha sido encerrada pela aposentadoria voluntaria do protagonista em 2009, ainda hoje os episodios sao reprisados em inumeras retransmissoras da PBS e, inclusive, pela Internet no site http://www.newyankee.com/online.php.
Norm Abram e seu Bonnet-topped Queen Anne-legged highboy |
Nem e' preciso dizer que enquanto Mr. Abram e seu NYWS reinavam, liderando as pesquisas de audiencia, uma corte de aspirantes ao trono batalhava por visibilidade. Entre eles ia-se salientando um certo jovem proselito ultra-ortodoxo da faccao 'classica'; adepto da Internet e seus recursos, ja tendo criado um forum e figurinha carimbada de varios outros, frequentemente divulgando video podcasts de seus trabalhos, bem apessoado, usuario habitual de camisetas justas para mostrar seu fisico sarado, conhecido pela alcunha T-Chisel (T-Formao).
Certamente nao contando entre seus defeitos a modestia, apregoava que nao fazia simplesmente moveis mas sim reliquias de familia para as geracoes futuras! Pregava aos quatro ventos a supremacia das ferramentas manuais sobre as maquinas; com tanta enfase que certa feita em um de seus podcasts na Rede jogou longe, como lixo, uma lixadeira excentrica afirmando que lixamento estraga os veios das madeiras, e o unico metodo aceitavel de acabamento para moveis e' com plainas e escariadores.
"T-Chisel" e sua Serpentine Front Bombe Secretary |
Resumindo a historia antes que fique (mais) chata, eventualmente ele acabou assumindo seu nome real, Thomas J. MacDonald (embora ainda use o nome-de-guerra Tommy Mac), ampliou consideravelmente sua presenca na Rede (5.960.000 retornos se clicado seu nome no Google!) e seu The Rough Cut Show, de um podcast na Rede acabou virando um show de TV, com direito a site e tudo.
Sim, exatamente na PBS. E sim, sim, em 2010, exatamente em substituicao ao show de Mr. Abram.
Tambem previsivelmente, Mr. MacDonald nao apenas ostenta hoje em seus shows uma oficina com tudo o que ha de mais moderno em maquinas, fixas e portateis, como as opera rotineiramente (inclusive lixadeiras, hehe) em todos os seus projetos. O discurso, evidentemente, amaciou e embora eventualmente possa ate vestir uma saia justa ao responder certas perguntas quanto a afirmacoes do passado, o fogo proselitista certamente apagou. Normal...
E nao, nao creio que porque tenha como patrocinadores industrias e lojas de ferramentas eletricas.
Penso o tempo e' que ensina que, nao so em marcenaria, nao importa o jeito certo ou o jeito errado. As voltas que o mundo da acabam por ensinar a todo mundo que frequentemente o jeito certo hoje pode estar errado amanha. E o que importa e' acharmos o nosso jeito. O jeito melhor.
Assinar:
Postagens (Atom)