segunda-feira, 16 de maio de 2011

Implicancia

Quando eu comento essas coisas, em geral as pessoas ficam me olhando meio desconfiadas, provavelmente imaginando quao frouxos andam meus parafusos. Mas que `as vezes as coisas tiram de implicar com a gente... ah, tiram. Tiram mesmo.

Primeiro, foi a serra de fita. Uma semana, pouco mais, afastado da 'oficina' e as maquinas parece que ficaram irritadas com o abandono. A guia da mesa trincou na troca da lamina da serra, tive que cortar uma nova. Tudo bem. Acontece. Divido em quatro o bloco de cocobolo ha tempos nos meus guardados, querendo ver que cara mesmo tem essa madeira que eu nunca tinha usado, levo os sarrafinhos para meu microtorno para cortar umas colunas esguias, pensando em usa-las depois possivelmente como decoracao para uma caixa em madeira clara, constrastante. Toca o telefone.

Ahi, era a vez do torninho. Depois de arredondar o primeiro sarrafo, um barulho estranho, de coisa raspando la no miolo da maquina. Para tudo, sacode, sopra para tirar uma possivel serragem, some o ruido. Termino a primeira coluninha, inicio o arredondamento do segundo pau e, pronto: volta o ruido. Nao sumiu. Toca o telefone. Dane-se. Nao vou atender. Vou e' desmontar essa porcaria!

Manchinha superficial de ferrugem no eixo (normal: afinal no portinho a umidade relativa NUNCA baixa de 80%), um parafuso solto na carcaca do motor, montes de serragem colada nos rolamentos. Bombril, parafuso apertado, tudo limpo e relubrificado, remonto e ligo, o ruido foi-se. Volto a tornear, o telefone toca. Azar. Mais um para a secretaria eletronica. O telefone ainda tocando e... o ruido volta.
Mas que droga!!

Desmonta tudo de novo. Com a barriga da maquina aberta, o triparedo todo `a mostra, liga so o motor. Silencioso, silencioso. Engata a correia no eixo, liga de novo. Isso: rolamento chiando. Banho de WD-40, gira, gira, gira, seca, seca, seca, graxa liquida em spray. Liga de novo e aleluia! Foi-se o ruido.

Estou nos finalmentes da segunda coluna quando ele volta... Paro e considero se devo fazer ajustes finos, utilizando uma chave portuguesa...
Como? Que chave portuguesa? Ora... Martelo e talhadeira!!
Toca o telefone.

Nao, nao. Melhor deixar para amanha.
Quem sabe, param de implicar?

Fui tomar uma cervejinha e, como calmante, fotografar as duas coluninhas que consegui tornear, mesmo contra a vontade das maquinas:



Amanha... Sera outro dia — como ja cantou alguem.