quarta-feira, 11 de abril de 2018

Pia no banheiro - III

Efetuado o rejunte do tampo com os azulejos, limpeza geral e nova aplicacao de oleo de tungue. Hora entao de instalar no tampo o misturador monocomando e a cuba. Ahi, um pequeno problema: Por alguma razao que nao alcanco, o misturador vem com rabichos fixos e as esperas em femea, sendo que todas as tomadas de agua da minha casa sao tambem femeas — o que levou a um passeio ate a ferragem para conseguir uns nipples macho-macho para arranjar os casamentos. Dai, um pouco de contorcionismo, e a coisa estava montada...


Estao previstas ainda mais umas tres ou quatro aplicacoes de oleo de tungue nos proximos tres ou quatro dias para uma boa impermeabilizacao da madeira, e entao duas demaos de cera. Uma das vantagens do acabamento com oleo/cera sendo justamente poder ser retocado a qualquer tempo sem maiores problemas.

O pinus recem colocado ficou bem mais claro do que o dos outros moveis do banheiro, mas nada que uns meses de exposicao `a luz nao acabe por homogeneizar.

E, pelo menos para os meus olhos, a peca nova combinou bem com o resto da 'mobilia'...



terça-feira, 10 de abril de 2018

Pia no banheiro - II

Secas as colagens, o tampo da pia foi regularizado, plainado e lixado. Os bordos superiores foram boleados com tupia e foram abertos os dois furos de 1,25 pol. para o monocomando e a cuba. Os nos no pinus foram estabilizados com cianoacrilato.

Apos receber em todas as superficies lixa G120 com lixadeira rotoorbital e removida toda a poeira, foram aplicadas tres generosas demaos de oleo de tungue.

Isso feito, aproveitando as estruturas de sustentacao da antiga pia de marmore que eu removera, o tampo foi fixado `a parede, efetuadas correcoes na argamassa e colocada uma fila de tres azulejos para arrematar.

Todos, processos irritantemente lentos por ter-se de aguardar colas, massas, oleos, venham a cumprir os inescapaveis tempos de secagem.



Finalmente entao, mais uma vez, `a mao, lixa G220 em toda a superficie superior e mais uma aplicacao de oleo de tungue. Quando secar, rejuntes e iniciar a colocacao da hidraulica...

A seguir, uma bathora dessas, aqui neste batcanal.


quinta-feira, 5 de abril de 2018

Pia no banheiro - I

Finalmente, uma pane ha tempos esperada, a torneira da pia do meu banheiro deu os doces; toda fechada e ainda deixava correr um filete continuo d'agua...

E por que nao houve medidas para tentar prevenir a pane ao inves de simplesmente espera-la? Bueno, tendo examinado a hidraulica das torneiras vi que nao havia acesso facil para um reparo, seria preciso no minimo remover a pia da parede. Entao, claro, a melhor solucao foi procrastinar, hehe. Ate o inevitavel. Mas ahi, mesmo removendo a pia da parede e desmontando a hidraulica, constatei as duas torneiras haviam recebido fixacao com massa epoxi e a unica maneira de remove-las seria serrando. Como nunca nutri maiores simpatias pela pia (que veio com a casa quando a comprei), optei entao por me livrar dela, substituindo-a por uma de madeira.

Nada muito rebuscado: um tampo, um misturador monocomando e uma cuba de apoio. O misturador achei logo, o tampo — dimensoes 880x~500x3cm para aproveitar os apoios ja existentes — iniciei hoje.


A coisa comecou pela escolha das essencias: Para manter uma certa coerencia com os moveis ja existentes no banheiro optei por imbuia e pinus. E entao foi partir para o aparelhamento das pecas, na desempenadeira, na serra circular de bancada e finalmente no desengrosso. Produzindo, como sempre, consideraveis volumes de serragem e maravalha...



Uma vez aparelhadas e dimensionadas as pecas com quatro lados retos, hora de acertar as emendas visando uma moldura com juncoes em meia esquadria cercando um bloco central de pinus. Obviamente, esse tipo de construcao exige, para um bom ajustamento das pecas, igualmente boa precisao nos dimensionamentos, especialmente nos angulos de 45°. Para isso foram cuidadosamente aferidos com esquadro de precisao os angulos, tanto da serra de esquadria, como da prancha de esquadrejar (esta, retratada ahi `a esquerda) e, igualmente, os angulos e distancias cortados nas pecas.

Isso feito, foi efetuada uma montagem seca do tampo para garantir ausencia total de surpresas desastrosas durante a colagem.


Tudo entao conferido e considerado aceitavel, foram aplicados biscoitos e efetuada a colagem empregando cola `a prova d'agua.


E nisso, no momento, e' onde ficamos...


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Caixa japonesa, pronta.


Colocar os pregos decorativos foi um tapa num cego: Abrir, nos pontos marcados, os prefuros com uma broquinha de 1mm quebrada para evitar os pregos "errassem o caminho", hehe, colocar os pregos e martelar.


(Por que uma broca quebrada? Porque essas broquinhas fininhas quebram ate se a gente olhar muito forte para elas, e de qualquer maneira para furos tao finos em madeira praticamente nao e' necessario fio. Entao, guarda-se as broquinhas boas para furar ferro (e quebrar, hehe) e aproveita-se os cacos na madeira.)



Ja com o puxador...


Bueno, para comeco de conversa, embora fosse necessario apenas um,  comprei quatro — porque sao baratinhos, me parece util te-los em estoque e porque sei o velho Murphy nao perdoa. Nao consegui achar um modelo so com poste e alca com dimensoes compativeis com a caixa; o modelo que servia e acabei comprando foi com placa. Uma big placa! (Na verdade, pensei que seria desarticulavel, possivel remover a placa, mas... doce ilusao, tsc, tsc.) Colocando o dito cujo no lugar onde deveria ficar, pareceu-me ficar algo mais pesado, certamente nao tao elegante quanto a opcao utilizada por Mr. Schwarz em sua reproducao.



Dai, como tinha comprado mesmo em excesso ja prevendo problemas, resolvi cortar os postes na marra e tentar ver se seria possivel uma gambiarra aceitavel...

Em uma tirinha de cedro rosa posicionei e colei com cola Fusor (a que melhor cola metal em madeira, das que eu tenho) os postes cortados. No dia seguinte, a cola bem curada, coloquei a enjambracao em posicao na caixa para tirar uma temperatura de se valeria a pena continuar os esforcos. O resultado esta ahi na foto ao lado (talvez valha lembrar que, como sempre, basta clicar nas imagens para ve-las em maior resolucao).

Minha conclusao foi de que, no limite de minhas capacidades, simplesmente nao haveria maneira de fazer a coisa que nao parecesse matacao.



Entao, partir para colocar o puxador completo, com placa e tudo.




Mais uma vez, confirmou-se o velho Murphy e' impiedoso. O precioso da loja havia escolhido, provavelmente com um risinho sinistro, parafusos de fixacao para os puxadores com um longo pescoco sem rosca. Como imagino se possa ver na imagem `a direita, o pescoco do parafuso e' tao longo quanto a rosca femea no pilao de fixacao do puxador. O qual, por sua vez, e' praticamente tao longo quanto a espessura da madeira.

Corrida desabaladamente irritada `as caixas de quinquilharias e encontro um, apenas um, parafuso desse modelo com pescoco curto. Mais catacao e encontro um de cabeca conica com rosca compativel mas — claro! — nem uma unica miseravel arruela compativel. O que me obrigou a fazer uma arruela, claro.


Entao, serrados e limados os parafusos para um comprimento compativel, furada e modelada de uma guia de cremona a arruela, marcados e abertos os furos para posicionar o bendito puxador, a coisa ficou finalmente posicionada.

(Quer dizer, finalmente, nao exatamente: ainda fiquei me devendo ir buscar hora dessas um parafuso de pescoco curto para substituir a enjambrina...)


Mas enfim, para o meu gosto ate que a coisa nao ficou tao feia, ne?



O ultimo passo da montagem consistiu em seguir a recomendacao de Mr. Schwarz em seu tutorial e aplicar parafusos para reforcar a colagem dos sarrafos da tampa.

A razao, claro, porque os sarrafos sao os pontos de aplicacao de forca para abrir e fechar a tampa e essa carga com o somar-se os anos pode se traduzir em ruptura da colagem.


Contrario `a recomendacao de Mr. Schwarz por parafusos com cabecas de panela, achei cabecas conicas ofereceriam um melhor acabamento.


E, nisso, minha versao da caixa japonesa estava finalmente concluida...





segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Caixa japonesa, montada

Visao dos fundos, da caixa e da tampa
Caixa e tampa, com os sarrafos colocados
O passo seguinte, continuando a montagem da caixa japonesa, foi colocar o fundo; uma prancha desdobrada mais fina, com os bordos ultrapassando levemente a base da carcaca. No seu tutorial Mr. Schwarz aponta, para fixa-lo `a base, uso de pregos sem cabeca colocados obliquos. Como nao compartilho da psicose antiparafusos que afeta aquela turma, e porque acho que dao melhor 'pega' e facilitam muito trocar o fundo se/quando necessario, prendi o fundo com meia duzia de parafusos, cuidando — evidentemente, considerada a pouca espessura das laterais da caixa — de fazer prefuros com uma broca de 1,5mm.

A seguir, a colocacao dos sarrafos nas bordas superiores da caixa, fixadas com cola branca e reforco com um par de milicavilhas (palitos de dente). Ja dos tres sarrafos da tampa, dois receberam uma pequena reducao na largura (± uns 3mm) e o outro ganhou duas ripinhas de cedro rosa nas laterais ampliando a largura (em ± uns 5mm). O comprimento da tampa foi reduzido, serrada fora a exata dimensao de uma das 'pestanas', de forma a permitir seu funcionamento e os sarrafos foram colocados, igualmente com cola e milicavilhas.


A tampa, testada com sucesso, e marcado
o posicionamento dos futuros pregos decorativos 

A caixa ja lixada e acabada, a marcacao dos pontos de aplicacao
dos futuros pregos decorativos apontada com setas verdes





Quando completamente curadas as colagens, a montagem da caixa estava concluida. O funcionamento da tampa foi testado e o posicionamento dos futuros pregos decorativos, alem do ja registrado pela presenca das milicavilhas, foi marcado.







O passo seguinte foi (argh!) aplicar lixa G120 em toda a superficie da caixa seguido de remocao da poeira com um pano limpo umido. Apos uma meia hora para garantir evaporacao de toda a agua, apliquei uma fina camada de goma-laca ultraloura  para selar o lenho (esperancosamente sem amarelar muito o branco da caixeta).







Seca a laca, uma leve lixada manual (bleargh!) seguida de generosa aplicacao de cera domestica.








Uns 15-20 minutos depois, escovacao geral feroz com uma escova de cerdas macias (daquelas usadas em sapatos) para remover qualquer eventual excesso acumulado da cera.


E com isso, por enquanto, a caixa restou inteiramente montada e acabada.





Ficam faltando as ferragens, cuja entrega vai depender da boa vontade dos deuses das encomendas postais...


A coisa, no pe que esta


Novidades, quando houver, venho aqui contar...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Uma caixa japonesa, com certeza

No desejo de manter ativos contato e lide com madeiras, e por ter utilidade para o objeto, ocorreu-me "chupar" ainda uma outra vez um projeto disponibilizado na rede por Mr. Christopher Schwarz. Tal projeto, ilustrado ahi na foto abaixo, foi apresentado no blog do autor no Popular Woodworking Magazine em 12 de maio de 2017 (https://www.popularwoodworking.com/woodworking-blogs/326395) acompanhado, entao como agora, de um link para baixar, sem custos, um arquivo .PDF incluindo detalhes, desenhos e uma lista de cortes e materiais (https://22293-presscdn-pagely.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/SlidingLidBox.pdf).


A ideia, como habitual, nao foi tentar uma reproducao exata da reproducao e dos metodos de Mr. Schwarz, mas adaptar o projeto `as minhas contingencias e, claro, conveniencias. Assim, para comeco de conversa a madeira escolhida foi caixeta.

Inicialmente tinha pensado em imbuia, mas ahi lembrei que e' um projeto japones e, como inclusive aponta e insiste o autor, projetos japoneses parecem ridiculamente simples mas em verdade demandam cuidadosas minucias e precisao submilimetrica, ou a maionese desanda. Ate por isso os nossos amigos niponicos preferem sempre que possivel lidar com madeiras 'descomplicadas', com gra direita, leves, macias, faceis de trabalhar. Como por aqui nao se acha mais kiri (pawlonia), pensei a caixeta poderia ser um substituto  aceitavel — e ate agora pelo menos nao tenho queixas. E, como gosto de misturar essencias, achei um jeito de embutir um pedacinho de cedro rosa, hehehe.

Igualmente, as medidas nao foram respeitadas. Como prefiro sempre que possivel, nao tirei uma so medida, procurando apenas, a olho e por comparacoes entre pecas, um tamanho que me parecesse o correto para a finalidade desejada para o objeto.

Como igualmente e' minha preferencia, misturei ferramentas manuais e motorizadas sem qualquer intencao que nao o maximo conforto, o menor esforco. As pecas foram inicialmente aparelhadas com serra circular de bancada e desengrosso, e entao os esquadrejamentos criticos efetuados manualmente, com prancha de esquadrejar (shooting board) e, nas emendas, formoes. Mr. Schwarz faz continuada, insistente campanha pelo uso de cola animal, por suas muito boas razoes. Eu, por minhas muito boas razoes, prefiro cola PVA.

Ate o momento de publicar esta postagem, tenho ja todas as pecas de madeira dimensionadas e a carcaca montada e colada...

Todas as pecas ja dimensionadas

A carcaca ja colada

Fundo, tampa (com tira de cedro, hehe) e sarrafos

Uma, mm, montagem seca

Os proximos passos, e' a lamentavel realidade, irao demandar inclusive a participacao do nosso agilissimo servico de Correios — com o que, nao tenho a menor ideia de quando poderei continuar. Mas... quem tem pressa?

De todo modo, tao logo haja progressos estarei mais uma vez aqui, nesse mesmo batcanal.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Apoio para livros, dobravel

Mr. Christopher Schwarz bolou baseado em antigos projetos e construiu, para divulgar na edicao de junho vindouro do Popular Woodworking Magazine onde foi editor, um suporte para livros dobravel, e publicou fotos do projeto concluido em seu blog:
https://www.popularwoodworking.com/woodworking-blogs/chris-schwarz-blog/folding-bookstand-made-rivets.

Ahi, pareceu-me interessante reproduzir a peca a partir das fotos...

Iniciei por cortar, de uma sobra de imbuia na minha 'sucata' de madeiras, na serra circular de bancada, uma duzia de pecas iguais que, por opcao aleatoria, determinei teriam 16cm de comprimento.


Embora todas as pecas tivessem as mesmas dimensoes em comprimento e largura, quanto `a espessura seis foram as fininhas, duas grossas e mais duas intermediarias. Quatro das pecas fininhas receberam furos de referencia centrados em uma extremidade; as outras duas e as grossas receberam furos centrados em ambas as extremidades.


As duas pecas grossas foram cortadas e coladas para formar a peca central de suporte, as pecas intermediarias foram coladas em duas das pecas fininhas para formar as bases...

As pecas recebem as primeiras formatacoes.
No alto, o resto da ripa de imbuia de onde todas foram retiradas.
A primeira montagem seca

O proximo passo foi montar, no centro das pecas grossas coladas, o pe de apoio para suportar a peca final devidamente inclinada. As duas pecas que formam o pe foram moldadas na lixadeira de cinta e as 'dobradicas' foram feitas com arame de 0,75mm.


O passo seguinte foi colocar os rebites. Mr. Schwarz recomendou utilizar rebites de cobre para couro, mas eu tinha e resolvi aproveitar uns rebites de latao da Lee Valley...

Os rebites da Lee Valley





Ahi foi questao de ampliar os furos ja existentes para o diametro dos rebites, escavar um rebaixo para a cabeca dos rebites com brocas brad-point, e cortar os rebites de forma a ficarem justos.





Alguns ajustes aqui e ali, os rebites martelados e... o troco ficou pronto!



Nao decidi ainda se vou aplicar algum acabamento, ou se deixo a peca como esta, na madeira crua e espero o continuado manuseio depositar patina.

De qualquer jeito, para o meu gosto resultou uma peca interessante, atrativa e certamente util...