terça-feira, 27 de setembro de 2016

Armario de fim de inverno — na parede

O armarinho, uma vez seco o veneno, recebeu cera no compartimento inferior, escuro, e duas demaos de oleo de tungue nas demais areas. Exceto a parte posterior, contra a parede, que recebeu duas demaos de antimofo.

Para fechar o compartimento inferior construi uma porta com restos de pinho e compensado naval, fixei com dobradica piano e fiz fechos com imas. Tambem ganhou veneno, duas demaos de oleo de tungue no exterior, e cera no interior, escuro. Ahi, meia duzia de demaos de goma laca onde tinha sido aplicado o oleo e entao cera. E ficou pronta a encrenca...




Para colocar o movel em seu lugar, fixei em nivel a barra do encaixe frances com dois parafusos em buchas embutidas, depois de garantir os furos para as buchas nao iriam atingir nada importante soterrado na parede, e pendurei o armario.

Como esperado, as laterais com as tiras de compensado 'defeituosas' — o ponto forte do estilo rustico rude, parecendo pintura modernosa, na opiniao de um amigo — ficaram praticamente invisiveis com o movel no lugar. (O que, naturalmente, originou protestos de minha funcionaria que jura que gosta do jeito das laterais. Fazer o que? Alguem sempre reclama. Como outros reclamaram que, pelo ambiente, o movel TINHA de ser pintado de branco...)

Ficou como se ve nas imagens abaixo.

E, como diria meu amigo Durgue Costa, o Cigano:
Azar!... Eu gostei.





sábado, 24 de setembro de 2016

Armario de fim de inverno — a carcaca

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.)

Uma vez seca a colagem dos paineis laterais, por descargo de consciencia e porque imagino o movel va receber alguns consideraveis maus tratos no seu futuro dia a dia, optei por reforcar as emendas aplicando-lhes um longo parafuso desde a lateral. E entao cobrindo com um tampao de cedro rosa a cabeca dos parafusos, imitando uma cavilha, porque na minha estranha religiao moveis que usam parafusos estruturais nao podem mostrar tais parafusos, hehe.

Formando a caixa

O passo seguinte foi cortar de uma prancha de pinho (araucaria) a base e a prateleira central. A base foi fixada `as laterais com doze parafusos, seis em cada lado, e a prateleira foi encaixada em um sulco aberto com dado blade nas laterais e entao fixada com quatro parafusos de cada lado, dois em cada coluna. Nenhuma cola, e as cabecas dos parafusos foram igualmente cobertas com tampao de cedro rosa.



Baseado no principio (religioso?) de testar fazer o que dizem nao se faz, optei por deixar o 'lado ruim' das laterais, onde as pranchas estao repletas de 'defeitos', virado para fora e o 'lado bom', com as laminas de cedro gaucho praticamente intactas, para o interior do movel. A ideia fundamental, claro, sendo que ao inves de tentar esconder, disfarcar as inumeras imperfeicoes dos lenhos colhidos da 'sucata', e' bem mais honesto deixar essas imperfeicoes absolutamente expostas, no 'estilo' que resolvi chamar de rustico rude — e ver com que jeito a coisa vai ficar. (Enquanto, evidentemente, a preocupacao basica e' que o armarinho seja absolutamente resistente, duravel e, se necessario, passivel de ser consertado, retocado, arrumado, etc., se e quando porventura surja tal necessidade.)

Neste momento no entanto e' muito possivel, provavel mesmo, algum de meus sete fieis leitores, mais miudeiro, com toda a propriedade esteja indagando: "Mas o que uma prancha de pinho de 30cm de largura esta fazendo na sucata?" Assim, o': O proprietario da madeireira que mais frequento —sabendo bem que estou longe de ser perito, mas tambem nao sou um total idiota quanto a conhecer madeiras, e que por alguma razao eu procuro selecionar taboas com nos, grana revessa, desenhos e tal ao inves das taboas bem regulares que a maioria de seus clientes prefere — me ofereceu essa prancha por um preco especial, com consideravel desconto. Por que razao? Porque a prancha inclui a medula, o que os Grandes Irmaos chamam pith, o centro de crescimento da tora; e nao apenas madeira com medula tende a trabalhar, empenar de tudo quanto e' jeito, como a medula e' um lenho esponjoso, fragil, e extremamente vulneravel a organismos xilofagos.

No centro da taboa, a medula

No entanto, apesar desses, mm, inconvenientes, a zona da medula apresenta usualmente uns desenhos e coloracoes interessantes e, sim, sob certas condicoes pode-se contornar seus piores problemas. Por isso — e pelo preco, claro — fiquei com a taboa, mas a deixei meio separada, na porta da sucata, digamos assim.

Os pedacos que cortei para fazer a base e a prateleira, como se ve nas imagens abaixo e como era de se esperar, apresentaram seus problemas. A parte que virou a prateleira (`a esquerda) apresentava uma boa area atacada por broca, o que resolvi com a medida geral de aplicar Jimo® Cupim em todo o movel e, no especifico, por entupir os furos com massa de serragem de pinho e cola. A parte que foi para a base (na direita), alem de uma certa descoloracao com fungos escuros, tinha alguma separacao em um veio (o mais escuro e avermelhado, no centro) e um par de rachaduras, o que tratei com cianoacrilato.




Ja as colunas dos paineis laterais, foram cortadas de um resto de louro freijo com defeitos: casca, brancal, manchas e algumas rachaduras nas extremidades. As rachaduras, como se ve na imagem `a direita, tambem foram tratadas com cianoacrilato; os demais defeitos... fazem parte do estilo rustico rude, hehe.



O proximo passo foi colocar o fundo.

Primeiramente coloquei na parte superior o conjunto para um encaixe em faca (ou encaixe frances), serrado de uma ripinha de freijo. Como no entanto o parafusamento necessitou ser feito muito na borda da coluna do painel lateral, resolvi reforcar colocando por cima, parafusado no topo das colunas, uma ripa de pinho. Colhida, claro, na sucata onde estava pelas razoes que me parecem obvias na imagem da direita.


O fundo propriamente foi feito com outro resto do compensado de cedro gaucho, umas taboas de louro freijo da 'sucata' (por curtas, manchadas e com brancal) e um resto de compensado naval todo manchado de fungos pretos. As pecas foram todas fixadas com parafusos; como na parte de tras do movel, contra a parede, os parafusos nao ficarao visiveis, nao foi preciso oculta-los (o estilo rustico rude e' rigido, mas condescendente, hehe). Aquela ripinha la em baixo, obviamente da sucata, serve para manter o armario no prumo quando for para a parede.



Um ultimo toque foi colar umas laminas finas de cedro rosa para cobrir os topos das laterais no alto do movel. Sim, vejam voces, o estilo rustico rude ate pode ser considerado feio. Mas nao pode ser guenzo, nao pode ser fragil e, principalmente, nao pode ser desleixado, oras...

Ahi, mais umas aplicacoes com as lixadeiras onde considerado necessario, sopracao e aplicacao de veneno, marron escuro no compartimento inferior, incolor no resto tudo.




E com isso, acho, a carcaca esta completada...


terça-feira, 20 de setembro de 2016

Armario de fim de inverno

Com um dos invernos mais complicados, mais chatos que o velho Pedro conseguiu aviar chegando (aparentemente; nunca se sabe...) ao fim, hora de tirar o po das maquinas. Ou, melhor, hora de fazer po com as maquinas, hehe...

Para retomar a embocadura, optei por executar um projetozinho simples para minha, mm, lavanderia: um armario onde armazenar sabao, amaciante, essas coisas, de forma a poder acessa-las sem precisar me abaixar (ja que atualmente eles ficam 'armazenados' no piso).



Adicionalmente, resolvi fazer o tal armario utilizando apenas 'sucata' — restos de (boas) madeiras que estao acumulados pelos cantos. Mais especificamente, resolvi utilizar tanto quanto possivel umas sobras da mesa que desmontei, um produto um dia relativamente comum mas hoje absoluta raridade: compensado de cedro gaucho. Um exemplar tipico, recem saido da 'sucata' esta mostrado ahi na foto `a esquerda (como sempre, clique nas imagens para ve-las em maior resolucao).

Passei algum tempo 'admirando' as pecas do raro compensado, imaginando de que forma poderia integra-lo na idea de movel que estava contemplando. Sim, como nao e' raro, do projeto so tenho a ideia, nenhum plano tracado, esperando que as madeiras me contem de que jeito a coisa vai ser, hehehe — um metodo que aprecio bastante mas que, inegavelmente, consome um bom tempo para desenvolver-se...


Ao final de algum tempo matutando, decidi por fazer uns paineis com o compensado, para serem usados como laterais do tal armario. Catei duas taboinhas de freijo e cortei delas quatro ripas para os lados longos e, de um retalho de cedro rosa, cortei quatro outras ripas para os lados curtos. O passo seguinte foi aparelhar devidamente as ripas nas plainas e, uma vez dimensionadas, abri um rasgo com a dado blade em todas elas. Isso feito, cortei as linguas nas extremidades dos lados curtos e... estavam prontas as molduras para o painel.

As ripas cortadas, aparelhadas e oom o rasgo aberto

As molduras, em montagem seca








O passo seguinte foi tratar o compensado de cedro: remover os pregos, dimensionar as pecas na serra de esquadria, dar uma ajeitada no aspecto geral da coisa, um trabalho para plainas e lixadeiras ate ficar algo minimamente apresentavel. Ajustar a espessura para entrar com leve folga nos rasgos da moldura, enfiar as pecas nos 'trilhos' e verificar as montagens secas dos paineis.

O lado 'bom' da montagem seca

O lado 'ruim' da montagem seca
As tiras de compensado estavam originalmente coladas e pregadas e, ao serem removidas, evidente que a parte colada sofreu um certo, mm, esfacelamento. Aplicado o pseudoacabamento com lixadeiras, um lado ficou relativamente apresentavel — o lado bom — enquanto que o lado esfacelado, o ruim, ficou parecendo uma colcha de retalhos.

Confirmado com a montagem seca o dimensionamento correto das pecas, foi feita a colagem da moldura com as pecas do painel apenas encaixadas, sem cola.



Observando os paineis prontos nos grampos, enquanto ficava pensando em possiveis retoques, confesso que ainda nao decidi qual lado dos paineis sera o interno e qual o externo, o bom ou o ruim.

Quando tirar os grampos vou ter que dar uma molhada neles para ver com que cara vao ficar antes de decidir. Mas, por hoje, e' por aqui que ficamos...