quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Vitrine em cedro - Pronta

Apenas dois detalhes me parecem talvez dignos de mencionar na finalizacao da vitrine.


O primeiro, como imagino se possa ver ahi na imagem  a esquerda,  foi que efetuei o acabamento interno da carcaca antes da colagem das partes. Essencialmente porque ficaria bem mais dificil dar polimento no fundo e acessar a parte abaixo da prateleira inferior com a peca montada, e tambem porque com a madeira coberta com acabamento eventuais excessos de cola resultantes da montagem sao facilmente removiveis sem deixar marcas.

O outro detalhe foi na escolha dos puxadores nas portas. Enquanto Mr. Teague optou por criar puxadores alongados "para acentuar a verticalidade do movel", eu decidi dar preferencia ao design do inspirador. Como praticamente em todos os moveis desse tipo criados por James Krenov os puxadores sao redondos, essa foi minha opcao.


Utilizei meu 'acabamento padrao' na carcaca e nas portas: oleo de tungue, goma-laca e cera.


Apos aplicacao da cera as portas foram posicionadas, as dobradicas definitivamente parafusadas no seu lugar definitivo, prateleiras no lugar e o movel ficou pronto.

Entao, o encaixe em faca foi posicionado no devido lugar na parede, um primeiro polimento aplicado e os vidros limpos. Posta a vitrine no seu lugar, uns recheios foram catados para a pose abaixo:


Muito provavel esta seja a ultima entrada do ano aqui no blog.

Entao aproveito para, alem de renovar meus agradecimentos por me brindarem com sua leitura, desejar a todos os amigos que regular ou esporadicamente visitam essas paginas e apreciam essa epoca do ano

MUITO BOAS FESTAS!


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Vitrine em cedro - As dobradicas

Alem de, evidentemente, contar com as informacoes que Mr. Matthew Teague disponibilizou no artigo que originou essa encrenca toda, fui consultar na Teia sobre variacoes sobre o tema "posicionar dobradicas pivotantes" e considerei esses ahi dos links abaixo os mais pertinentes:
http://www.woodworkstuff.net/DKnife.html
http://goo.gl/Hglv64
http://www.leevalley.com/US/shopping/Instructions.aspx?p=69388

Claramente prioritario no posicionamento das dobradicas, a precisao. Tudo, o mais exato possivel, em um e outro lado, em uma e outra peca. Tal como ao cortar malhetes ao fazer encaixes, convenhamos...


A dobradica, colada com fita adesiva dupla face
A posicao da dobradica, marcada com faca
Como sabidamente e' muito mais eficiente no obter-se precisao usar-se gabaritos do que empregar medidas, como recomendado utilizei as proprias dobradicas como gabaritos.

Utilizando uma fita adesiva de dupla face para fixar uma das folhas em uma das portas, tracei sua posicao com uma faca. A seguir removi a folha da dobradica e, com formoes colocados nas linhas de faca, acentuei as marcas de posicionamento. 
As marcas acentuadas com formao

Restava entao apenas marcar a profundidade da fura para a dobradica, o que foi feito utilizando um graminho.
Marcada a profundidade da fura

Uma vez obtidas essas marcas, elas foram devidamente transferidas para o outro lado da porta e depois para a outra porta, sempre utilizando um graminho e a propria porta como referencia. Sim, tal como para marcar emendas.

Com as quatro furas marcadas tao exatamente quanto possivel nas mesmas posicoes nas duas portas, hora de corta-las.

 Na maioria dos artigos que li os autores optam por fazer o rasgo partindo para a remocao da maior parte da madeira empregando uma tupia e entao terminando de limpar a fura com formoes. Como considero que sempre as ferramentas manuais oferecem maior precisao do que as motorizadas, preferi optar pela tecnica da Lee Valley e empreguei formoes, e uma router plane pequena para bem acertar a profundidade.

O resultado? Encaixes perfeitos.



Reparem ahi na foto `a esquerda, na embalagem das dobradicas que eu ganhei cada par vem acompanhado de oito parafusos de bronze e um de aco. E' que parafusos de bronze sao frageis e quebram por qualquer torcao mais forte. E se um desses parafusinhos quebra na dobradica, voces imaginam a encrenca?

Pois e'. Por isso a tecnica recomendada e que utilizei e': coloca-se a folha da dobradica no encaixe cortado e marca-se o centro dos furos para os parafusos. Retira-se a folha  e utilizando os centros marcados faz-se um furo guia com uma broca e entao utiliza-se o parafuso de aco para abrir a rosca. Ahi entao recoloca-se a folha e faz-se a fixacao com os parafusos de bronze. E sem muito aperto, ate porque nao e' preciso.

Com as quatro folhas com furos fixas `as duas portas,  foi simples transferir as referencias da posicao das dobradicas para o topo e a base do movel, posicionando as portas nos seus lugares utilizando as marcas a lapis que ja estavam la riscadas. As faces, tanto da base, como do topo, sao todas inclinadas, portanto incompativel utilizar graminho para transferir as marcacoes. Por isso, apos outra vez desmontar o movel para liberar bem o acesso, utilizei um compasso seco para, a partir da referencia marcada posicionar, outra vez com ajuda de fita adesiva dupla face, uma folha de dobradica. E marcar a posicao com faca, etc., etc.

Encaixes cortados na base e no topo, com a carcaca re-montada as folhas com pinos foram encaixadas nas folhas com furo ja fixas nas portas e entao cuidadosamente deslizadas para dentro dos encaixes na base e no topo. Acertado o correto posicionamento das portas fechadas, foi questao de abri-las cuidadosamente e entao marcar a posicao dos furos para os parafusos. Cumprido o ritual de remover as folhas, fazer o furo guia e abrir rosca com parafuso de aco, as folhas voltaram a ser colocadas nos encaixes e entao parafusadas. E...

Ta - DAAHH!!

O esforco compensado: todos os posicionamentos justos, sem folga, mesmo ainda sem colagem

Mesmo sem fundo, batente ou fecho, as portas fecham bem.
O pequeno desnivel com a porta direita mais alta deve-se `a carcaca estar levemente fora de prumo.
Deslocando-se o topo da carcaca par de milimetros na direcao da seta verde, o alinhamento fica perfeito.
Afora o aspecto estetico de as dobradicas pivotantes ficarem praticamente invisiveis, seu funcionamento e' incrivel. As portas movem como se soltas no ar, nao se percebe nenhuma resistencia. Abrindo e fechando as portas, mesmo com o movel incompleto e algo guenzo por ainda nao colado, da para perceber por que vale a pena tanto trabalho so para utilizar essas dobradicas.

-- ooOoo --

E fundamentalmente era isso.

Claro, ainda falta cumprir varias etapas para o movel ficar pronto: fresar um rebaixo nas portas para os vidros, suportes para as prateleiras, as proprias prateleiras, de vidro e de madeira, e mais todos aqueles detalhes tao pequenos. Ah, claro, e o fundo.

Fundo que alias ja esta sendo engendrado: uma colagem de duas pranchas de cedro figurado. (Na verdade eu teria preferido fazer um "livro aberto", desdobrando uma das pranchas ao inves de colando duas, mas... lamento, minha serra de fita nao tem abertura suficiente; e desdobrar prancha `a mao definitivamente nao e' papo pra mim, como diria o Roberto.)

Mas tudo o que vem por ahi serao procedimentos basicos, pisados e repisados no nosso dia-a-dia, e nao vou querer perder nenhum de meus fidelissimos sete leitores aborrecendo-os com o obvio.

Entao, quero dizer, nova postagem...

... so quando o movel estiver pronto e acabado.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Vitrine em cedro - As portas

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao)

Cortada e modelada a carcaca da vitrine, o passo seguinte foi fazer as portas. Em funcao do uso proposto de dobradicas pivotantes, a recomendacao da literatura e' que as portas sejam construidas absolutamente em esquadro e com medidas tao exatas quanto possivel para encaixarem sem folgas na frente do movel.

Bridal joint
A posicao das portas
marcada a lapis
Mr. Matthew Teague optou por fazer os encaixes das molduras das portas utilizando bridal joints — ainda outra variacao, passante, do encaixe em espiga e fura, e que poderia ser traduzido por "encaixe nupcial" (nao sei se esse tipo de encaixe ja tem nome especifico em portugues; se alguem souber, por favor me informe). Nao apenas esses encaixes foram utilizados rotineiramente por James Krenov em inumeros de seus moveis como, alem do belo aspecto que conferem `a emenda exposta, por sua geometria praticamente garantem a emenda ficara em esquadro, cumprindo assim a primeira exigencia da construcao das portas.

Para cumprir a segunda exigencia, o exato dimensionamento, a posicao em que as portas deveriam ficar foram marcadas a lapis na base da carcaca para obter-se a medida exata para as traves horizontais. A medida das traves verticais foi tirada diretamente das laterais da carcaca.

Aparelhadas e cuidadosamente dimensionadas as traves laterais e verticais das portas, as emendas foram cortadas na serra de mesa.


Tenoning jig
Para cortar as furas recorri `a ajuda de um tenoning jig e entao regularizei o fundo do encaixe com um formao. (O tenoning jig nao e' indispensavel, evidentemente; ainda na serra de mesa pode-se acoplar uma guia auxiliar alta para efetuar-se os cortes, ou pode-se cortar as emendas todas com serras manuais.)

Para cortar as espigas o corte inicial — dos ombros dos malhetes, a posicao meticulosamente marcada com uma faca — foi feito com auxilio de um treno deslizante e um batente fixo. O corte da 'bochechas' das espigas foi efetuado mais uma vez com auxilio do tenoning jig.


Ahi, claro, era so questao de aplicar cola e efetuar os encaixes...

Doce ilusao!

Provavel que alguem com maior experiencia nessa tecnica e nesses procedimentos realmente consiga fazer as emendas ja sairem perfeitas das maquinas. No caso do curioso aqui, ate pela exigencia de exatidao nos resultados, ainda foi necessario um bom suador em limpar e ajustar os encaixes com formoes e plainas manuais ate conseguir, como recomendado, ficassem absolutamente fechados, sem folgas, excessos ou faltas, entrando justos mas apenas com forca manual.

Ahi entao, a montagem seca, cuidadosamente aferindo tudo ficasse rigidamente em esquadro e exatamente nas medidas.
A porta no mesmo exato comprimento das laterais da carcaca

Apos tudo devidamente conferido em montagem seca, as traves verticais centrais foram para o desengrosso para receber um rebaixo de aproximadamente 2mm na parte frontal para, por razoes esteticas, criar um ressalto e, consequentemente, uma linha de luz e adicionar tridimensionalidade `as portas. Entao sim, foi aplicada cola e as portas montadas.


A porta direita, pronta para a cola
Tem sido um habito que aprendi, sempre que desenvolvo um projeto com tecnicas, aspectos novos, com os quais nao estou familiarizado, fazer uma parada antes de cada novo passo. Antes de propriamente por as maos na obra, analiso com todo o tempo do mundo, mentalizando repetidamente tudo o que vai ser feito, imaginando tudo que possa dar errado e como evita-lo, o que possa ser facilitado. Nao raro faco consultas, e tudo, e tal. Eventualmente faco consultas inclusive com o melhor dos conselheiros, o travesseiro.

Ajuda. Nao apenas a evitar desperdicio de suor e madeira, como nao raro consigo prevenir erros e modificar tecnicas para melhor (pelo menos na minha sempre desconsideravel opiniao, quero dizer). Mas certamente nao e' infalivel...

A etapa seguinte na construcao das portas foi cortar os angulos, em ambas as laterais de cada porta e na frente das laterais da carcaca, para obter-se a inclinacao das portas paralela ao angulo ja determinado nos tampos da carcaca.. Um processo relativamente simples: o angulo foi medido na base da carcaca (6°), esse valor foi aplicado para inclinar a lamina da serra de mesa e, marcados a lapis os devidos posicionamentos dos cortes para evitar erros, as portas e laterais foram passadas na serra e entao o movel voltou a ser remontado para conferir se tudo certo ou se necessarios ajustes.



A montagem fotografica `a direita mostra,

na parte superior, como as portas encaixaram-se praticamente sem folga alguma na altura;

no centro, como o angulo pre-marcado na base foi rigorosamente respeitado com as portas fechando-se sem folgas e;

na parte inferior, como o ajuste entre a porta e a lateral do movel (obviamente, a imagem original foi girada noventa graus) ficou sem quaisquer folgas.

Maravilha! Tudo perfeito, um sucesso.

Na verdade... Nao!

Apesar de todo o planejamento, do pensar e repensar, um detalhe me passou inteiramente despercebido. Quando fui serrar os angulos nas traves centrais das portas deixei a face frontal, rebaixada, virada para baixo, contra a mesa. Obvio agora, mas nao me tinha ocorrido, quando do corte a serra empurrou a fina porcao mais central da trave contra a mesa. E, claro, nisso alterou o angulo do corte.

Assim — embora as portas fechem sem folga atras e, na frente, nas porcoes superiores — na frente e no meio, na parte que 'afundou' quando serrada ficou uma nitida folga:


Certo, eu deveria ter serrado as porcoes centrais pelo outro lado da serra, com a parte plana contra a mesa. Agora eu sei. Mas a folga esta la. E... azar! Vai ficar, hehehe.

A ter o trabalhao de refazer as portas, prefiro deixar o defeito e racionalizar: fica como um lembrete permanente de que por mais capricho se tenha, por mais se teorize e se procure antecipar e evitar problemas, vencer o Murphy e' quase impossivel exceto pela pratica. Definitivamente, aprender... so se aprende errando mesmo, e nao tem jeito.

Agora... Posicionar as benditas dobradicas pivotantes!
E um provavel festival de erros...

Veremos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Vitrine em cedro - O funil

Lendo a edicao de abril de 2012 da Popular Woodworking e focando na materia de capa — um movel, uma vitrine no estilo de James Krenov — um detalhe especificamente me chamou a atencao: o emprego de dobradicas pivotantes.


Tendo lido e ouvido inumeros comentarios sobre as dificuldades tecnicas no emprego desse tipo de dobradica, em certa ocasiao inclusive levei um longo papo sobre o tema com um amigo. Imagino algo na conversa deve te-lo impressionado, porque algum tempo depois ele me presenteou com uns exemplares dessa ferragem para, nas palavras dele, "ver, com as maos, que jeito que a coisa tem".

Se algum de meus sete fieis leitores nao conhece, o jeito da coisa para os olhos e' esse ahi da imagem abaixo.



Usualmente, consta, essa dobradica e' empregada quando se deseja uma ferragem minimamente visivel, de tal forma que nada distraia os olhos da madeira e do design de um movel. O problema de seu uso e' que posiciona-la adequadamente, pelo que dizem, pode ser um pesadelo. Tanto quanto pude me informar, a unica maneira segura de garantir seu posicionamento correto e' posiciona-la com o movel em montagem seca, antes da cola, de forma a se poder corrigir angulos, profundidades, etc...

Desnecessario dizer ha horas estava com comichao para empregar as ditas cujas em um projeto. Vendo na revista o belo movelzinho inspirado no estilo de um dos grandes mestres da marcenaria do seculo XX foi a gota d'agua para decidir cocar a coceira.

Mas houve ainda um outro fator para eu decidir tentar reproduzir o projeto apresentado por Mr. Matthew Teague. Uma emenda em cauda-de-andorinha deslizante afunilada, algo que eu nunca fiz e fiquei morrendo de vontade de fazer. E e' justamente essa emenda a primeira etapa da construcao.

A emenda em cauda-de-andorinha deslizante, esquematizada ahi `a direita, e' uma variante da emenda em espiga e fura. Oferece excelente rigidez, otima superficie de colagem e e' relativamente facil de cortar com tupia manual, e ainda mais facil com tupia de mesa.

Por vezes no entanto, por variados motivos nao ha interesse em a emenda possa deslizar, mas ao contrario fique fixa em uma unica determinada posicao. Para isso, afunila-se a canaleta. Um exemplo, esse video ahi abaixo que encontrei quando procurava uma imagem para ilustrar a emenda afunilada (nao tem nada a ver com o nosso assunto, a proposito, mas achei tao interessante que resolvi postar assim mesmo, hehe):



No caso do nosso movel entretanto, a razao para afunilar a emenda e' facilitar a montagem e desmontagem do movel.

A canaleta paralela produz muito atrito ao mover-se a emenda, dificultando a movimentacao e mesmo podendo produzir defeitos no encaixe quando se monta e desmonta a ensambladura com muita frequencia. Afunilando a canaleta, e a espiga, a emenda entra com folga e so se ajusta e firma somente no final do curso. Fica facil e seguro montar e desmontar a emenda quantas vezes se queira.

E assim, feitas essas tantas consideracoes, resolvi partir para a pratica e ver que bicho vai dar.

Comecei, claro, por aparelhar e dimensionar as taboas para a carcaca, e entao cortei as emendas em cauda-de-andorinha deslizante afunilada.

 As furas cortadas  em ambas as extremidades da base (e do tampo) da carcaca.

 Pelo 'afunilamento', a canaleta e' mais larga na "entrada" (marcas vermelhas) do que no "fim" (marcas verdes). A espiga e' exatamente  mais estreita em uma extremidade do que na outra, de tal forma que apenas quando inteiramente introduzida na fura a emenda firma completamente, como se ve abaixo:


Uma vez determinado o ponto de corte, o corte de cada fura foi realizado em quatro etapas na tupia de mesa: uma primeira passada mais rasa com uma fresa reta seguida de uma passada com a mesma fresa em toda a profundidade do corte. A seguir uma passada a toda profundidade com uma fresa em cauda-de-andorinha. E entao, para o afunilamento, foi colado com fita adesiva de dupla face uma chapinha fina de madeira em um dos bordos da tabua para causar o angulo. As espigas foram cortadas em uma passada de cada lado com a fresa em cauda-de-andorinha, depois de determinar a altura da fresa e a distancia da guia em uma sobra com a mesma espessura da peca.
















Nas fotos acima, 'emprestadas' do artigo original na revista, na extremidade das setas vermelhas ve-se o posicionamento de uma chapinha (sempre a mesma) para causar o angulo de afunilamento nos cortes da fura e nos da espiga, utilizando uma tupia manual e uma tupia de mesa.

E, finalmente, a carcaca do movel em montagem seca:


Que e' onde estamos...

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Recriando um bau — Final

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.)















Quando completamente cortadas, a montagem das gavetas foi feita, lateralmente, com encaixes em cauda-de-andorinha cortados `a mao, a meia-madeira na frete e passante na parte de tras, e o fundo foi encaixado com linguetas em rasgos abertos nas laterais, rasgos e linguetas cortados na tupia de mesa.

Me indagaram por que faze-las desse jeito assim, mm, tao complicado...

Bueno, primeiro pelo aprendizado, claro, executar e treinar taticas e tecnicas, lidar com diferentes ferramentas. Depois porque, como ja mencionei, a ideia sempre foi construir o movel com um minimo de fixadores mecanicos e com o maximo de estabilidade nas emendas, independente do uso da cola, utilizada apenas como como complemento.

Todos os componentes do movel montados, foram marcados e feitos os furos para colocacao das ferragens. Tudo foi entao lixado ate G220 em preparacao para o acabamento.

O acabamento iniciou-se com aplicacao de duas demaos de cera no compartimento interior do bau e no seu fundo falso. O exterior e as partes aparentes das gavetas receberam entao duas demaos de oleo de tungue aplicadas fartamente com um pano limpo e, apos aproximadamente uns 15-20 minutos de tempo para bem embeber a madeira, o excesso foi removido com um pano limpo e seco.

Bem seco o oleo, as porcoes exteriores do movel e ambos os lados do tampo receberam entao varias demaos de goma-laca aplicada com boneca.

As ferragens foram colocadas, e o movel dado por pronto.




sábado, 9 de novembro de 2013

Recriando um bau — V - as gavetas 1

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.)

A construcao das gavetas iniciou-se pela confeccao das frentes. As medidas foram determinadas no proprio movel e, da prancha de pau-marfim com 28cm de espessura, foram cortadas tres pecas. A seguir, utilizando o dado set, essas pecas receberam rebaixos em toda a volta de forma que o ressalto encaixasse justo nas aberturas do gabinete.

As setas apontam as marcas com lapis que determinaram
a dimensao das frentes das gavetas
As frentes ja dimensionadas e com os rebaixos cortados
As frentes, feitos os cortes grossos, posicionadas no movel
A marcacao para o recorte em "lapide" efetuada na
propria frente da gaveta

Igualmente utilizando as medidas do movel as ripinhas para os lados das gavetas foram dimensionadas, cortadas e entao ajustadas para um posicionamento sem folgas e marcados os seus respectivos lugares.

Numeros a lapis marcam os devidos lugares das laterais

Com frentes e laterais devidamente dimensionadas e adaptadas ao movel, a proxima etapa foi cortar na serra fita os recortes em "lapide" nas frentes, para a seguir arredondar os seus bordos e criar frisos na tupia de mesa, utilizando uma fresa round over.

Como por sua geometria a fresa da tupia nao consegue cortar cantos internos vivos, foi necessario avivar os cantos internos dos frisos das frentes, utilizando formoes. Isso feito, com as frentes posicionadas nos seus lugares o bau ja apresenta praticamente o seu desenho final.








A seguir cortei nas seis laterais simultaneamente as caudas-de-andorinha para encaixa-las nas frentes. Entao iniciei o processo muito mais tedioso e demorado de cortar, precisamente, os pinos nas frentes das gavetas para cada lateral, utilizando as caudas ja cortadas como referencia.

Que e' onde estamos...