A ideia, como habitual, nao foi tentar uma reproducao exata da reproducao e dos metodos de Mr. Schwarz, mas adaptar o projeto `as minhas contingencias e, claro, conveniencias. Assim, para comeco de conversa a madeira escolhida foi caixeta.
Inicialmente tinha pensado em imbuia, mas ahi lembrei que e' um projeto japones e, como inclusive aponta e insiste o autor, projetos japoneses parecem ridiculamente simples mas em verdade demandam cuidadosas minucias e precisao submilimetrica, ou a maionese desanda. Ate por isso os nossos amigos niponicos preferem sempre que possivel lidar com madeiras 'descomplicadas', com gra direita, leves, macias, faceis de trabalhar. Como por aqui nao se acha mais kiri (pawlonia), pensei a caixeta poderia ser um substituto aceitavel — e ate agora pelo menos nao tenho queixas. E, como gosto de misturar essencias, achei um jeito de embutir um pedacinho de cedro rosa, hehehe.
Igualmente, as medidas nao foram respeitadas. Como prefiro sempre que possivel, nao tirei uma so medida, procurando apenas, a olho e por comparacoes entre pecas, um tamanho que me parecesse o correto para a finalidade desejada para o objeto.
Como igualmente e' minha preferencia, misturei ferramentas manuais e motorizadas sem qualquer intencao que nao o maximo conforto, o menor esforco. As pecas foram inicialmente aparelhadas com serra circular de bancada e desengrosso, e entao os esquadrejamentos criticos efetuados manualmente, com prancha de esquadrejar (shooting board) e, nas emendas, formoes. Mr. Schwarz faz continuada, insistente campanha pelo uso de cola animal, por suas muito boas razoes. Eu, por minhas muito boas razoes, prefiro cola PVA.
Ate o momento de publicar esta postagem, tenho ja todas as pecas de madeira dimensionadas e a carcaca montada e colada...
Todas as pecas ja dimensionadas |
A carcaca ja colada |
Fundo, tampa (com tira de cedro, hehe) e sarrafos |
Uma, mm, montagem seca |
Os proximos passos, e' a lamentavel realidade, irao demandar inclusive a participacao do nosso agilissimo servico de Correios — com o que, nao tenho a menor ideia de quando poderei continuar. Mas... quem tem pressa?
De todo modo, tao logo haja progressos estarei mais uma vez aqui, nesse mesmo batcanal.
Outro dia eu estava pensando se sabia a tradução para shooting board. Prancha de esquadrejar! Invenção ou o termo já está "difundido"?
ResponderExcluirE uma caixa bem diferente e a execução agrada aos olhos :)
Ficou ótima a ripa central de Cedro Rosa. Fico muito curioso para ver como vai ficar a Caixeta após o acabamento. Mais ainda se o Tungue for utilizado porque tenho uma viga de Caixeta que espera até então alguma utilidade.
Correios entregarão os puxadores e pregos?
Como nunca foi implemento usual na marcenaria lusitana/pindoramica, tanto quanto eu saiba nao ha traducao especifica consagrada para shooting board. Prancha de esquadrejar e' o que e', nao e'?
ExcluirO design da caixa realmente e' saliente.
Misturar essencias, para os meus olhos, costuma resultar atraente. O acabamento que estou imaginando sera simplesmente cera, talvez com uma unica leve demao de goma-laca ultraloura — a ideia sendo evitar muito amarelecimento na alvura da caixeta. Caixeta, regra geral, e' otima para coisas ficarem leves e suficientemente rijas, mas onde marcas de superficie nao sejam algo critico (nao e' tao flexivel quanto o nosso pinus, mas e' tao macia quanto).
Correios entregarao o puxador, desde Porto Uniao/SC, provavel que la pelo fim da semana que vem; os pregos, encomendados um dia depois, ja chegaram via DHL, desde Copertino/CA/EUA
Muito bem, prancha de esquadrejar é mais do que honesto. Batido o martelo :)
ExcluirPercebi um certo azulado em algumas partes da tua Caixeta. Vira e mexe eu encontro isso no Jequitibá e na hora do acabamento eu fico um tanto incomodado com o efeito final, hehe, mas...
Interessante o relato comparativo.
Legal, porque os puxadores e pregos marcam o projeto.
Martelo batido, batido o martelo, pois...
ResponderExcluirAs manchas azuladas, algo corriqueiro, sao sinais da presenca e acao de certos fungos. Mais visiveis em madeiras claras, como caixeta, pinho, pinus, etc., sao tambem bem caracteristicas em madeiras pasmadas (spalted woods). Costumam ocorrer com mais frequencia em madeiras que sao secadas/estocadas em condicoes de alta umidade.
As ferragens vao ser postas apos o acabamento, claro. A montagem ja esta concluida e o lixamento fino sera feito quando chegarem todas as encomendas — porque e' tao facil sujar madeiras claras quanto e' dificil limpa-las depois...
Bom saber sobre as manchas azuladas.
ExcluirPois é, já faz tempo que cheguei a conclusão que as etapas finais devem ser acompanhadas de mãos limpas. Na verdade até na Peroba Mica eu percebo problemas. E depois de suja só passando plaina novamente(ou lixa se for o caso). Lavar as mãos depois de afiar é essencial para evitar isso por aqui.
Falando em cola animal, é o que me resta para o projeto da estante em andamento. Estou sem acesso aos meus tubos de branca por ora. Tenho um pequeno frasco de animal que até hoje não havia experimentado. Passou em um teste bobo de 24h. Vamos ver.
Parabéns pelo projeto! Muito bonito e feito com esmero. Recentemente fiz uma caixa neste estilo, mas no mais ordinário compensado e apenas para testar a técnica de montagem e fechamento desta tampa tão singular, risos! PS. O detalhe do Cedro foi muito interessante. Vou considerar isso nos meus próximos projetos!
ResponderExcluirSe de alguma forma a postagem foi util, o objetivo foi alcancado, Andre. Grato pelo comentario.
ExcluirOlá Amigo .
ResponderExcluirPor acaso tropecei em seu blog e fiz uma visita extensa , o que me despertou admiração pelos detalhamentos de tuas peças. Também causou –me surpresa o nível de dedicação à esta tão nobre atividade . De tantos hobbys que existem ,a marcenaria é um passa tempo extraordinário. De um modo geral no Brasil pouquíssimas pessoas se dedicam a um hobby.
Há quem acha que torcer pelo time do coração ,beber cerveja, jogar baralho etc. é um hobby.
Eu chamo isto mais de mata tempo em vez de passa tempo .
Se você não estiver brincando , os “numerosos “ seguidores seus ,mostra este drama nacional da falta de interesse por hobbis.
Algumas vezes em que trouxe alguém ,por um ou outro motivo , para minha oficina de horas livres , no meu ambiente de “meditação” e , aí já fico ligado na expressão do convidado ,porque com raras exceções ,percebo um certo choque emocional ,quando não demora a clássica pergunta de ; quanto investi em tantas ferramentas e se isto compensa ,ou quando vou tirar o dinheiro investido. À uma destas figuras eu perguntei então : você não gastou cinco mil reais para equipar o som do teu carro ,onde você não usa cinco por cento dos recursos técnicos e dentro de pouco tempo será antiquado e vai parar no lixo ?
Pois bem, as minhas ferramentas são aquisições únicas !Nunca mais vou ter que compra-las e vão me dar prazer de fazer ,realizar e viajar por um mundo onde passo da fantasia para uma realidade ! Da mesma forma, não tenho que pensar de quanto dinheiro vou ganhar.
Pois bem! Tenho feito muitas coisas ,como os móveis da minha casa .Gosto da confecção de estojos e peças pequenas .
Já trabalhei com gomalaca ,assim como com nitrocelulose ,ambos com brilho indelével .
Achei interessante tua fórmula de micro cera que vou experimentar .
Para proteção de metais gosto de usar cebo de gado assim como para parafusos de fenda, principalmente se amanhã terei que tira-los.
Vou separas algumas fotografias do que já fiz e te enviarei.