Ha pouco mais de um mes consegui obter, para satisfazer velha curiosidade, uma embalagem de 200 ml da Renaissance Wax. Essa cera e' uma formulacao criada pelo British Museum ao redor de 1950 como um anticorrosivo, empregado para conservacao de suas pecas; especialmente pecas de metal, e especialmente as sujeitas a manipulacao, contato com maos nuas. Embora podendo ser utilizada em mobiliario e pecas de madeira em geral, nesse emprego relatam-se certas limitacoes.
Minha intencao era empregar a dita cuja cera como protetora para ferramentas metalicas e no tampo de ferro fundido das maquinas, sujeitas `as condicoes climaticas do portinho, extremamente propiciadoras de oxidacao. Afinal, a informacao era de que uma vez aplicada forma um filme duro, resistente, persistente, impermeavel ao ar, `a agua e ao alcool.
Tao logo recebi a encomenda, abri o pote para ver o jeitao da coisa — levissimo cheiro de solvente organico, uma massa branca que cede um pouco de si para um pano ou papel toalha quando se passa, como e' o jeito das ceras, mas que peculiarmente nao cede praticamente nada quando apertada com toda a forca de um dedo. (Nao, nao testei se entra um prego, mas imagino que sim, hehehe.)
Em seguida, claro, fui aos testes. Selecionei como pecas de prova meus barriletes que desprotegidos enferrujam so de se olhar para eles, um velhissimo formao tapado de muita ferrugem desde que o conheci, e uma sobra de cedro rosa. Como preparacao, passei bem esfregado, varias vezes, papel toalha nos barriletes para remover o oleo que os protegia. No formao passei lixa 220 no lombo para tirar o grosso da ferrugem e depois, na parte mais da base, passei lima ate aparecerem areas de metal limpo e a seguir tornei a lixar todo o lombo com lixa 400 e a seguir um pano seco. O cedro, deixei como estava, sem qualquer acabamento ou lixagem fina.
Como recomendado, apliquei uma levissima, finissima camada da cera em todo o corpo dos barriletes, em todo o corpo do formao e na face do cedro. Nao segui a recomendacao de, apos alguns minutos da aplicacao, remover o excesso com um pano. As imagens abaixo tomei hoje, praticamente um mes depois. Nenhum reforco foi aplicado e as pecas foram manipuladas, embora nao tanto quanto seriam normalmente — que tenho lidado pouco na 'oficina' gracas ao velho implicante e `as condicoes metereologicas com que vem nos brindando por esses dias.
Os barriletes (como sempre, clique nas imagens para ve-las em maior resolucao) apresentam alguns pontos de oxidacao nas bases, apontados pelas setas verdes. Esses pontos ja estavam la quando apliquei a cera, e nao os removi justamente para incrementar o teste, ja que ferrugem cataliza, acelera a formacao de mais ferrugem. Nao notei nenhum aumento da ferrugem na base, e no resto do corpo dos acessorios tudo reluzindo.
No formao nao percebi qualquer mudanca. O que estava enferrujado continua, nem mais, nem menos, tao enferrujado quanto estava; as partes brilhantes continuam brilhantes.
O pedaco de cedro rosa deixei secar umas 12 horas apos a aplicacao — notei estava bem seco porque a madeira que tinha escurecido um pouco na aplicacao como e' normal, tinha retornado `a aparencia inicial, como se nada tivesse sido aplicado. Apenas ao tato, um certo aveludado traia a presenca da cera. Testei molhar a superficie e a agua ficou em bolinhas, mas sem alterar a cor da madeira sob as bolinhas. Sacudindo fora a agua e passando um pano, tudo bem sequinho e sem qualquer sinal de ter sido molhado. Reapliquei agua hoje, Nada mudou.
Todavia, olhando mais de perto pode-se perceber o principal problema que eu havia lido ocorre: Onde havia veios abertos a cera os havia preenchido, e ficado branca, opaca. E embora eu tenha escovado com forca e passado flanela com forca, ela continuou e continua la, branca e opaca, como se pode ver na foto. Tentei, sem muito esmero e' verdade, remove-la com uma agulha, mas nao houve jeito a menos que removesse a madeira junto. (Consta, o unico jeito de remover e' utilizando um solvente forte, de thinner para cima. Ou calor. E nao e' facil. Lixar? Aaargh! Nao me falem em lixar...)
E nisso estamos. O troco parece realmente funcionar. A proxima etapa sera aplicar nos tampos das maquinas...
Porem, ao constatar o uso dessa cera pode ser uma bela mao na roda para evitar ferrugem, um problema ficou evidente: ela nao existe no nosso mercado, e importa-la nao fica nada barato. Dai, o curioso aqui resolveu fazer uma outra experiencia: ver se consigo fazer essa cera em casa.
Algo para um novo episodio, qualquer bathora dessas.
Claro, aqui neste batcanal...
Como sempre,
ResponderExcluirInteressante...
Parabéns e obrigado por compartilhar.
Sérgio Antonio.
Grato pela forca, Sergio Antonio.
ExcluirNasce um empreendedor? :D
ResponderExcluirRealmente, os barriletes estão reluzentes, aff, imagina, nem um pouco de inveja. Os meus já voltaram a demonstrar a normalidade das coisas.
Os pontos brancos no Cedro são de fato notáveis: uma pena.
Esta série começou bem.
Emprendedor nao conta seus segredos, hehe, e eu estou contando tudo (vejas as duas postagens seguintes).
Excluircomo vc conseguiu comprar estou tentando e nao cosigo
ResponderExcluircomo vc conseguiu comprar estou tentando e nao cosigo
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