sábado, 26 de abril de 2014

Mesa com curva — iniciando


Aproveitando o embalo das madeiras novas para mim e de tecnicas que so conhecia de ter visto mas que nunca executei, e pensando ocupar um espaco na sala, resolvi tentar executar uma mesa de canto com frente curva, fazendo a saia curva pela tecnica de colagem de laminas. Algo mais ou menos na linha do design desse exemplar na imagem `a direita.

A parte mais critica da construcao, evidentemente, e' exatamente a saia curva. Lendo/vendo sobre tecnicas construtivas, a primeira coisa que me chamou a atencao foi o fato de que quando se remove a laminacao da prensagem ha um 'rebote', as pranchas sofrem uma pequena percentagem de retificacao em relacao `a curvatura em que estavam na forma. Na pratica, tanto quanto pude ver, como determinar quanto de retificacao representara tal rebote — que sera diferente para cada tipo de madeira, espessura das laminas, etc. — e' essencialmente um processo de tentativa e erro.

O outro fator a que atentei foi que, no projeto que me propunha, aplicar uma curvatura de 1/4 de circulo ao tampo da mesa resultaria uma curva muito 'fechada'. Pareceu-se seria melhor aplainar um pouco a curva, ampliar-lhe um pouco o raio...

Assim, resolvi que iria iniciar a construcao da mesa justamente por essa peca chave, a saia curva. Na minha ideia a mesa tera ~50cm nos lados; resolvi entao experimentar fazer uma forma para um segmento de circulo com raio de 60cm, moldar a saia curva, ver quanto de rebote ocorrera e testar na pratica se ficara bom ou nao.

Dei partida ao processo entao construindo, com sobras de compensado, a forma onde curvar as madeiras — chupada de um design de Mr. Norm Abram, hehe — e depois serrando duas pranchas de onde desdobrar as laminas, uma em pinho, a outra em maracatiara.


Na imagem `a esquerda pode-se ver o resultado dessa primeira etapa: a seta vermelha aponta a forma, a seta branca as pranchas de maracatiara e pinho, e a seta verde a serra ripadora (24 dentes) de kerf fino para desdobrar as laminas. (A seta amarela aponta um jig para facilitar a marcacao de cortes para caudas-de-andorinha, chupado desse video de Mr. David Barron, e que entrou de gaiato na foto, hehe.)







O passo seguinte foi aplainar, no desempeno e no desengrosso, as pranchas e efetuar os cortes para desdobrar as laminas. Os cortes foram feitos em duas passadas, por seguranca e porque a altura maxima da lamina e' menor do que a largura das pranchas. Tambem por seguranca, as laminas foram cortadas por fora da lamina da serra, utilizando um jig para garantir sempre a mesma espessura nos cortes, como se ve na imagem `a direita.

As laminas foram entao levadas `a plaina desengrossadeira para aplainar as irregularidades e marcas de serra e obter-se assim uma superficie ideal para a colagem.

Selecionando a ordem de colagem para as laminas constatei que havia sido um desperdicio ter fatiado a prancha de pinho: as laminas de maracatiara eram mais do que suficientes para a espessura da saia que eu desejava. Mas enfim, o que abunda nao atrapalha...

Aplainadas as laminas, foi aplicar-lhes cola e verga-las na forma.



Utilizei cola epoxi bicomponente de secagem lenta para nao ter de sobrecarregar minhas coronarias em uma luta contra o relogio, especialmente empregando uma tecnica com a qual nao tinha a menor familiaridade. Uma vez a cola aplicada, fixei uma extremidade da laminacao na forma com um sargento e, seguindo mais uma vez o metodo apresentado por Mr. Norm Abram em um episodio de seu show The New Yankee Workshop, utilizei um grampo de aperto rapido para vergar tanto quanto possivel a laminacao aplicando pressao na outra extremidade. A partir da extremidade fixa com o grampo fui progressivamente aplicando mais tres grampos para forcar bem a curvatura da laminacao contra a forma.




Estando o sistema bem fixo, coloquei do lado inferior da forma mais tres grampos para realmente espremer a laminacao contra a forma.




Agora, aguardar pelo menos 24 horas antes de criar coragem de soltar os grampos e ver como a coisa vai ficar...






Quando estiver com a saia curva devidamente curada e rigida sera o caso de verificar se a curvatura ficou adequada e, se ficou, utilizar a laminacao como elemento-chave no dimensionamento dos demais componentes para a construcao da mesa.


O que, espero, veremos a seguir, aqui nesse batcanal...

2 comentários:

  1. Tá ficando interessante. O resultado promete. Curiosidade - qual a espessura das lâminas? Ou difere conforme o tipo de madeira? Abraços, Fabiano (xilófilos)

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  2. Ta mais engrisilhado do que eu esperava, Fabiano. Mas vamos levando, e vamos ver no que vai dar, hehehe.

    A ideia e' que as laminas devem ser fininhas. E' tudo o que eu sei. Cortei com uns 3-4mm, e deu para vergar numa boa.

    Grato pelo comentario.

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