segunda-feira, 10 de junho de 2013

Guardando ferramentas

Acontece todo ano: o inverno.

Nessa continental pindorama, o inverno tem caras muito diferentes conforme a regiao. Aqui no portinho, paralelo 30 grudado no vasto Lago Guaiba, embora a fama maior seja o frio o brabo mesmo e' a umidade. Especialmente para marceneiros...


O ano todo, certas ferramentas necessitam cuidados especiais contra a oxidacao, a ferrugem. Muito especialmente as ferramentas manuais de corte, plainas, formoes, goivas, etc. A recomendacao universal no trato dessas preciosidades e', independente de clima ou estacao, depois de usa-las limpa-las meticulosamente e entao passar um pano saturado de oleo — o que alguns Grandes Irmaos chamam woobie (lembram os Peanuts, do Schultz? o cobertor do Linus era um woobie) — antes de guarda-las em lugar que nao pegue po. Nem umidade, claro.

Por boa medida, como relatei em postagem anterior, justamente para proteger essas ferramentas muito suscetiveis `a ferrugem eu lhes construi um armario especial onde fica sempre ligada uma lampada de 25W para 220V ligada em 110, so para dar um calorzinho la dentro e manter a umidade mais baixa.

Exagero? A umidade relativa aqui raramente fica abaixo de 80%. No inverno nao apenas a media fica mais acima, mais ao redor dos 90%, como alguns dias ocorre uma infeliz combinacao de condicoes climaticas que resulta em a temperatura das paredes acabar ficando abaixo, bem abaixo do ponto de orvalho. O resultado e' que as paredes 'choram', vertem, escorrem agua.

Esse painel da foto ahi `a esquerda ja varias vezes ficou literalmente ensopado. A maioria das ferramentas nele resiste bem `a oxidacao e quando acontece o fenomeno, a providencia que adoto e' usar o soprador para dar uma secada, remover a agua condensada por cima de tudo e entao aspergir tudo fartamente com WD-40. E, claro, se alguma ferramenta vier a apresentar uma quantidade mais critica de oxidacao, recebe atencao particular. (Exceto o serrote, que nao uso, nunca usei, nem vou usar, de tao ruim que e'.)


As ferramentas motorizadas tenho o habito de guardar em suas embalagens, e as embalagens dentro de um armario (tenho dois; esse ahi da foto e outro). A rotina depois de usar uma maquina dessas e' limpa-la bem com o soprador, remover mecanicamente qualquer coisa que reste aderida, e coloca-la na sua embalagem. Uma a duas vezes por ano vai uma pulverizacao da maquina com M1, ou RostOff, ou qualquer microoleo desses,  antes de fechar a embalagem.

E' um saco! Realmente e' um saco ter que 'montar o circo' a cada vez, tirar as embalagens do armario, tirar as ferramentas das embalagens, montar e setar para uso, e depois reverter todo o processo, toda vez, a cada projeto.

E nao, nao sei se e' preciso mesmo isso tudo.
Sei la, hehe. Vai ver sou meio maniatico mesmo...


Um outro problema, nao exatamente de guardar mas de manter as ferramentas, tem a ver com as maquinas estacionarias. As que tem rodizios, guardo em pecas fechadas, usualmente cobertas com um plastico.

O torno grande, a serra de mesa, a serra de fita e o desempeno, nao tem jeito. Ficam mesmo na parte aberta da 'oficina', praticamente ao ar livre. Nao chega a chover em cima, claro, mas como ja comentei algumas vezes minha 'oficina' e' um retangulo com dois lados totalmente abertos. E essas maquinas tem tampos ou barramentos de ferro que oxida so de olhar.

Nos meses quentes, com projetos andando, e' so manter os tampos bem encerados com cera sem silicone, eventualmente remover uma manchinha com bombril, e boa. Mas quando chega o inverno, em primeiro lugar a lide diminui bastante. Eu nao tenho o menor gosto de ficar na 'oficina' quando esta chovendo e/ou fazendo frio 'de renguear cusco', que louco eu talvez seja, mas burro penso que nao.

O que faco — o que alias fiz ontem e acabou inspirando essa postagem — e' "retirar" essas maquinas de uso. Os tampos, as areas de ferro exposto sao criteriosamente limpos, primeiro com uma vassoura, depois com o soprador e entao com querosene ou aguaraz e uma estopa. Seco tudo com papel toalha e, onde houver ferrugem, aplico lixa G400 ate tirar. Depois, passo um bombril por descargo de consciencia, um pano seco e pulverizo tudo com WD-40 que e' um eficientissimo removedor de agua (WD = water displacement). Torno a secar, sem exageros, com papel toalha e borrifo bem com um microoleo, usualmente M1 ou RostOff. (Ja usei Boeshield T9, mas e' bem mais caro e nao notei qualquer diferenca no resultado.) Imediatamente apos a borrifacao, com a superficie do tampo ainda brilhando cubro com plastico fino, apertando sem exageros para tirar o ar e coloco uns paus para evitar o vento mova o plastico.



Na hora de usar de novo as maquinas e' so tirar o plastico. Usualmente nao e' preciso, mas se por qualquer motivo achar que os restos de oleo possam prejudicar o acabamento das madeiras, e' so passar uma estopa com solvente ou aguaraz e boa.

-- oOo --

Mas, claro, considerando-se a inevitabilidade de Murphy e a implicancia de Pedro, isso tudo ate pode dar uma ajuda, uma protegida. So que garantir, seguramente nao garante, NADA garante contra a ferrugem. Entao e' bom manter sempre municiado o arsenal...



3 comentários:

  1. Belo post Paulo, muito instrutivo...
    Obrigado!
    Geferson

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  2. Se de alguma forma ajudou, valeu, Geferson.

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  3. Apesar da minha região ser mais quente, mas ainda úmida e, na orla, ainda é salgada. Então vejo que não estou distante dos cuidados com a ferrugem. Vigilância, manutenção e muita aplicação de óleo.

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