Reformando cadeiras — Acabado

Concluido o acabamento (oleo de tungue, goma laca e cera de carnauba), o prototipo ficou assim...

Um bom aprendizado do que fazer e, principalmente, do que NAO fazer. Que podera ser muito util quando (se) eu decidir extender a reforma `as demais cadeiras...

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Reformando cadeiras — Colagem

Eis o resultado apos as colagens dos componentes e dos recortes primarios...

(Como sempre, clicar nas imagens abre arquivos de maior resolucao.)

Pareceu-me a cadeira ficou bem tensa e firme, e muito confortavel. E nao sou so eu que digo; as cinco pessoas que ja sentaram nela ficaram agradavelmente surprendidas pela comodidade — confirmando copiar ideias dos grandes mestres usualmente da certo. Porque esse design, claro, nao e' meu, mas uma adaptacao de um projeto do Sam Maloof.

Bueno, agora que a estrutura esta montada e estavel, e' partir para a modelagem e entao encarar a irritante e monotona tarefa de lixar, lixar, lixar...

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Reformando cadeiras — Modelagem basica

Apos ter estabelecido encaixes que permitam apoios consistentes para as fixacoes, efetuei a modelagem basica do assento e do encosto, fazendo recortes com a serra de fita, utilizando uma esmerilhadeira com disco flap e entao uma lixadeira roto-orbital. (Clicando nas imagens, como sempre, acessa-se arquivos em maior definicao.) 



A comprovar a necessidade de criar-se um prototipo, uma serie de inconvenientes e problemas se manifestaram a cada passo, sublinhando que e' muito, mas muito mais facil criar um design do zero do que tentar adaptar uma ideia a um projeto ja concluido. Tanto que, se optar por manter esse design na reforma das demais cadeiras, por certo vou mudar varias das abordagens. Mas, estando as coisas como estao, parece-me que nessa peca sera mais facil prosseguir com a modelagem apos a fixacao definitiva do assento e do encosto.

Antes de partir para a colagem, no entanto, optei por esperar um ou dois dias, examinando a peca, pensando em opcoes. Afinal, quem nao sabe que o travesseiro e' grande conselheiro?...

E entao, se algum de voces seis, meus leitores, quiser dar palpites no que sim, no que nao, ou talvez, sintam-se `a vontade.

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Reformando cadeiras — Iniciando montagem

Embora o dia sombrio e abafado, o ceu enfarruscado em permanente ameaca de chuva, caiu muito, muito pouca agua, o sol ate deu as caras entre umas frestas, e aproveitei o dia para, entre outras coisas, estabelecer os encaixes basicos entre encosto, assento e o esqueleto da velha cadeira. Algum trabalho, com formoes e plainas principalmente — nesse estagio e nessas condicoes tentar usar maquinas certamente nao seria mais facil, dificilmente mais preciso, e em certos casos simplesmente nao seria possivel — e acabei conseguindo efetuar a montagem seca das pecas.



Amanha, acertar melhor o ajuste dos encaixes e estabelecer um sistema bem confiavel e rigido de fixacao, e imagino ja sera possivel encaminhar alguma coisa na area do design, modelagem e moldagem.

Devagar, para nao causar quaisquer irritacoes, hehe, curtindo o prazer de trabalhar com cedro rosa, incrivelmente cooperativo com as ferramentas, e espalhando um agradabilissimo perfume...

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Reformando cadeiras — Ainda colando

Completou-se hoje, tendo secado, a segunda etapa da colagem do assento, como se ve ahi ao lado. Entao serrei com os devidos angulos, regularizei as superficies de contato e pus na prensa a colagem do encosto, igualmente composta de tres tabuas coladas a 3° — tal qual a primeira parte da colagem, o centro do assento — exceto mais curtas e um pouquinho mais largas...

Agora, e' inciar a pensar nos detalhes de como encaixar assento e encosto baixo no esqueleto aquele ali...





Para voces terem uma melhor ideia geral do que estou tentanto fazer lhes digo, se eu fosse fazer a cadeira nova, do zero, seria algo na linha dessa ahi na direita. No entanto nao quero desperdicar boa madeira e entao estou tentando bolar uma maneira de adaptar algo desse estilo ao esqueleto existente, com esperancas de nao criar um aleijao, hehe. O que, de cara, implicou em descartar os bracos.


Nao tenho ainda uma clara definicao na minha cabeca de como a coisa ficara no final, mas uma ideia superficial da para se ter a partir dessa edicao feita a martelo ahi abaixo, substituindo na imaginacao a parte de baixo da cadeira pela do esqueleto...

Ir da intencao ao gesto, fazer a ideia tomar forma e volume, e' o que espero conseguir. Vamos ver...

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Reformando cadeiras — Principiando

Como tive de adiar, devido `a reforma da lazy susan, o comeco dos trabalhos para construir um prototipo a partir do esqueleto da velha cadeira  — em funcao do espaco, nao tenho condicoes de simultaneamente dar acabamento em uma peca e serrar outra; a poeira inevitavelmente vai contaminar o acabamento — aproveitei para pensar um pouco mais no que poderia ser oportuno tentar fazer...

Agora, concluida a reforma da preguicosa e a primavera definitivamente sagrada aqui no Continente de Sao Pedro, acredito tenho condicoes de sair do papel e ir para a madeira. A ideia e' iniciar construindo o assento e entao tratar de encaixa-lo no esqueleto e, no papel, o projeto do assento, cru, e' assim:

Tres tabuas coladas em angulo de 3° de forma a erguer levemente a do centro, esse conjunto entao apoiado/colado em uma 'viga'. As tabuas centrais sao de cedro rosa, as vigas de itaubao. (Itaubao porque, me parece, 'combina' cor, textura e peso com o cedro; e por aqui nao se acha cedro rosa com espessura maior de 4 cm.)


Obviamente, a colagem necessita ser feita em duas etapas. Na primeira, cortei as tabuas com os devidos angulos, apliquei quatro biscoitos n.20 em cada emenda e, bem pressionado, pus o conjunto a colar utilizando resina epoxi de secagem lenta, fundamentalmente para evitar correrias. E' o que se ve abaixo (por cima as vigas de itaubao ja cortadas esperando sua vez quando secar a primeira etapa):

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Lazy Susan reformada

So para mostrar como ficou a mesinha, vista por cima, depois de montada e acabada com goma laca e cera, mostrando as ferragens nos topos das emendas e o desalinhamento das linhas de cola determinado pelo encurtamento das metades re-coladas:

A volta da lazy susan

Tendo afinal conseguido as ferragens que queria, voltei `a reforma da lazy susan cujo processo construtivo mostrei aqui e cujo uso, mm, intensivissimo, acabou a deixando assim.

Tendo recebido varias sugestoes de varias fontes quanto a possiveis metodos de correcao e prevencao para os problemas que afligiram o movelzinho, eu a final optei por utilizar travas na borda todas as emendas. Entao, considerando que a mesinha e' para ser utilizada na associacao medica de um hospital aqui do portinho, pareceu-me apropriado utilizar para tais travas placas de osteossintese, ferragens usualmente empregadas em cirurgias.

Superadas as consideraveis dificuldades burocraticas de conseguir a liberacao desses ferros, serrei e entao plainei as superficies que haviam empenado. A seguir removi, com macarico e espatula, a resina de poliuretano do acabamento antigo, tornei a lixar bem as duas partes e refiz, outra vez com a ajuda de biscoitos, a emenda entre elas utilizando resina epoxi como adesivo, nao apenas pelo tempo mais prolongado para secagem como por conter muitissimo mais solidos que a cola de PVA e, assim, oferecer melhor preenchimento onde necessario.

Com a mesa ainda na prensagem, apliquei placas metalicas no topo de todas as emendas, fixando-as com parafusos longos. Como havia constatado uma das laminas da colagem havia sofrido uma fissura — imagino como parte dos afagos que a pobre mesa havia recebido — para evitar a quebra inevitavel apliquei, alem de massa de serragem e cola nas frestas, uma outra placa no topo da fissura, uma asa de andorinha dupla (ou gravata borboleta) em grapia e grampos ao longo da fratura, na parte de baixo da lamina, onde ficam invisiveis no uso normal da susana preguicosa:

Tratamento da fissura

A aparencia geral da coisa, vista por baixo antes da montagem da base, ficou assim:

A mesa remontada, apresentando ainda algumas 'cicatrizes' do macarico

Considerando a trabalheira que foi remover o verniz e tornar a preparar o acabamento, desta feita resolvi usar goma laca, pela facilidade de retocar. O resultado, imagino veremos em um par de dias...

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Reformando cadeiras — Comecos

Ha coisa de uns trinta anos atras eu comprei de uma contraparente um terno de moveis que incluiu uma mesa e seis cadeiras. Na ocasiao pude perceber que a manufatura deixava bastante a desejar em termos de qualidade, mas o design era suportavel, o preco era bem bom e a madeira, cedro rosa, melhor ainda.

Passaram-se alguns anos e, claro, a ma qualidade da construcao se manifestou. Mas uma tapeacao aqui, um remendo meiaboca ali, um estofado trocado acola, e fui levando...

So que agora, umas tres decadas depois, todas as cadeiras estao absolutamente desconjuntadas, todas se movem, todas as emendas tem folga. Inescapavel conserta-las. E embora o design nao seja exatamente horrivel visualmente, alem de matada a construcao e' estruturalmente pobre e, mais importante, o comodo das cadeiras deixa bastante a desejar. Assim, ao inves de renovar, reformar as cadeiras, pensei seria melhor aproveitar o que desse da estrutura e a partir dai criar um novo projeto, mais ressonante com meu gosto e, principalmente, mais confortavel de usar.



Com o que, pensei em utilizar uma das cadeiras para construir um prototipo. No pior cenario, tudo virando lenha para a lareira, restam asseguradas as outras cinco, para arrumar, ou trocar, ou tentar ainda uma outra coisa. Vai dai, peguei a visualmente mais danificada das seis e iniciei por remover o estofamento do assento.

Saindo o estofamento, revelaram-se as madeiras secundarias das travessas: cedrinho. De quinta! E, pior, revelou-se por que as emendas estavam frouxas. Os encaixes, em fura e espiga, tinham as furas cortadas no cedro e ate bem feitinhas; alias tao regulares e parelhas que me levaram a pensar tenha sido usada uma entalhadeira de corrente. Mas as espigas, no cedrinho... uma historia de terror. Irregulares, bem menores que as furas e com a ponta redonda, o que deve ter facilitado bastante a montagem para o chamado marceneiro que as construiu, mas com tal folga que nem toda a cola do mundo... Enfim. Mas ainda havia pior: provavelmente ja prevendo as chamadas emendas que havia engendrado nao resistiriam muito tempo, o lamentavel montador achou por bem fixar todas as emendas... atravessando-as com dois pregos!

Como NAO travar uma emenda em espiga e fura

Azar!

Do jeito que deu, procurando ao maximo danificar o minimo do cedro — o que foi algo facilitado por o cedrinho estar extremamente fragilizado por fungos e apodrecimentos em varios pontos — consegui afinal remover as quatro travessas do assento e, depois, a parte superior do encosto, encaixada com tarugo e igualmente travada com pregos.

Ao final da desconstrucao sobrou esse esqueleto:

Embora essas emendas em baixo estejam tao frouxas quanto estavam as de cima, pelo menos por enquanto nao quis desmonta-las para nao danificar a madeira. A ideia e', com o desenvolvimento do projeto, ver o que sera possivel, ou nao, aproveitar. E como...

O que pretendo mostrar a seguir, aqui neste batcanal, uma bathora dessas.

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Tabua de cortar — final

O acabamento da tabua nao fluiu exatamente como eu esperava; o velho Pedro, implicante como sempre, resolveu interferir no bom andamento dos trabalhos... Eu havia aplicado a primeira demao de oleo no sabado passado e ate ontem, quarta, choveu sem parar, umidade em 100%, temperaturas sempre abaixo de 15°C. Logico que o oleo so foi secar ontem.

Entao, como afinal as sucessivas demaos de oleo visam uma penetracao mais profunda na madeira, pareceu-me logico considerar que os quatro dias sem secar equivaleriam a quatro demaos do oleo. Com o que, apliquei ontem ainda o que seria a quinta demao (nao sao notaveis as racionalizacoes dos preguicosos?) e hoje conclui o acabamento encerando com cera de carnauba, duas vezes.

Depois de seca e polida a cera, coloquei quatro pezinhos de borracha na parte de baixo da tabua; circulos cortados de um lencol de borracha utilizando uma serra copo, colados com fita adesiva de dupla face e altissima aderencia:

Pezinhos de borracha colados

E foi assim que ficou a tal tabua:

Ate que nao ficou feia, achei.

E, mais interessante, dado que ambas as essencias tem um comportamento caracteristico sob a luz de mudar de cor e brilho conforme o angulo que se olha, a tabuinha dependendo de onde se ve ate que chama a atencao...

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