Com a remocao do antigo e infestado closet do meu quarto, as roupas encontraram abrigo nos dois armarios cuja construcao foi relatada nas ultimas postagens aqui desse batcanal, mas um sem-numero de badulaques restaram 'desabrigados', digamos assim. Com o que, decidi construir mesmo um terceiro armario para acomodar tais tralhas.
Dispondo de umas pranchinhas de cedro-rosa que sobraram do segundo armario, resolvi utiliza-las na confeccao das laterais do novo movel, como paineis inseridos em molduras de tauari... Algo, imaginei, simples e rapido de fazer.
Na parte da simplicidade eu tinha alguma razao. Quanto `a rapidez, o velho Pedro definitivamente nao concordou... mas divago! De qualquer maneira, iniciei por cortar e aparelhar as pecas.
As madeiras serradas |
A 'saida' do desengrosso ao final do aparalhamento |
As pecas devidamente aparelhadas, e os quase 100 litros de maravalha produzidos no processo |
O processo todo — desde serrar as pecas ate totalmente aparelha-las, os seis lados quadrados e devidamente dimensionados, utilizando serra de bancada, serra de esquadria, desempenadeira e desengrosso — levou par de dias e produziu quase 100 litros de maravalha, como mostrado acima. O que ilustra, penso eu, minha preferencia por empregar uma tecnica mista de ferramentas eletricas e manuais quando brinco de marceneiro: se seguisse a cartilha ultimamente mais e mais apregoada de utilizar apenas ferramentas manuais, provavelmente obteria um resultado tao bom ou possivelmente ate melhor, mais preciso; mas imagino ao inves de par de dias levaria par de semanas na lide. Provavelmente seja por essa prolongada demanda de tempo que a gente veja na Rede o pessoal la dA Matriz ortodoxamente afeito a uso exclusivo de ferramentas manuais produzindo quase que exclusivamente projetos de pequenas dimensoes... Mas, outra vez, divago!
Com as pecas aparelhadas o passo seguinte foi plainar, com plaina manual, a quase imperceptivel concavidade nas faces a ser coladas das pranchinhas de cedro-rosa para obter o efeito de spring board (com as faces a ser coladas ficando levemente concavas resulta uma pressao muito maior nas extremidades do que no centro da colagem; e e' nas extremidades que os paineis descolam). Na imagem `a esquerda, o produto descartavel das tais plainagens.
As pranchinhas devidamente preparadas ganharam uns biscoitos para melhor nutrir a colagem e, posta a cola, foram para os grampos.
Como as pranchas na colagem ocuparam todos os tampos de bancada disponiveis, incluindo o da serra de bancada, tive de aguardar a secagem e desocupacao da area de trabalho para atacar a etapa seguinte: cortar na serra de bancada utilizando dado blades os malhetes (espiga e fura integrais e totalmente passantes nas extremidades, o que os Grandes Irmaos chamam bridal joint) para as juncoes da moldura com as vigotas de tauari.
As espigas foram cortadas com a mesma espessura das furas, de forma que foi necessario um ajuste finissimo com plainas manuais nas espigas para conseguir se encaixassem sem qualquer folga. Na verdade, o encaixe ficou tao justo, mas tao justo que foi necessaria alguma 'persuasao' com um malho para ajusta-lo, como imagino possa ser percebido na imagem `a direita.
As molduras montadas secas, os paineis colados e umas divisorias de imbuia para prencher o centro do painel. E o 'persuasor', hehehe... |
O passo seguinte foi, utilizando a configuracao mostrada na imagem `a esquerda na serra de bancada, produzir um leve rebaixo (rebate) nas extremidades de uma das faces dos paineis, para encaixa-los nos rasgos que iriam ser cortados nas molduras.
Antes de abrir os rasgos nas vigotas da moldura no entanto, foi necessario moldar e abrir rasgos, outra vez com dado blade, nas divisorias de imbuia. Isso, para poder encaixar o conjunto painel/divisoria/painel no 'buraco' da moldura de forma a acertar o posicionamento, como se ve na imagem abaixo...
Posicionamento e medidas acertadas, os rasgos foram cortados nas molduras utilizando a tupia de mesa e. finalmente, depois de consumidos inacreditaveis onze dias nas idas e vindas do processo, todas as pecas estavam devidamente usinadas:
Obviamente, o passo seguinte seria efetuar a montagem seca. Mas, como imagino possivel ver-se pelo estado do chao no alto da foto acima, estava chovendo e eu, irritado com a interminavel molhaceira, achei de pular a etapa e ir direto para a colagem...
As laterais montadas, nos grampos, colando |
As laterais recem saidas dos grampos |
... Nao devia!
Certamente nao devia ter pulado a etapa.
Na confusao toda da usinagem final esqueci um ajuste e uma medida deu errado, claro. E, claro, coisa que so descobri depois de ja aplicada a cola. Ante a opcao de desmontar tudo e ter de, para remover a cola, lavar todos os encaixes na corrida, e tudo, e tal, resolvi colar mesmo com o erro. Vai dar para corrigir e deixar imperceptivel.
Mas mais uma licao (re)aprendida. O preguicoso trabalha dobrado, o apressado come cru.
Agora, acho que nao esqueco mais. Ou... Sei la, hehehe.
As laterais, terminadas |
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