quinta-feira, 21 de maio de 2015

De 8 a 80

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.)

Enquanto encerrava a MACRO limpeza da oficina — removendo todo o lixo acumulado dos praticamente 5 meses que levei fazendo os moveis para a cozinha, inclusive as poeirinhas, e entao partindo para limpeza e lubrificacao completa de todas as maquinas, e finalizando pela limpeza, protecao e polimento dos tampos, tanto os de ferro fundido como os de madeira (que vem ahi o inverno e promete ser muuito chuvoso gracas a um intenso El Nino) — ficava imaginando, viciado em maquinas e ferramentas que sou, das tantas maravilhas hoje disponiveis, tanto em maquinas, como em ferramentas manuais...


La bem no finalzinho, encerrando a lide passando cera 'forte' no tampo recem limpo com querosene da minha bancada, me ocorreu o contraste: Os tantos artifices que se dedicam `a marcenaria com ferramentas e maquinas primarissimas, e produzem com excelencia.

So para ilustrar, algumas imagens do que produz Mr. Jarrod Stone Dahl no seu torno:


E, abaixo, uma imagem de Mr. Jarrod Stone Dahl operando seu torno...


Interessante, ne? — o vasto espectro que nosso hobby alcanca...


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Enfim, fim

(Clique nas imagens para ve-las em maior resolucao.) 


Atropelando a reta final, as quatro portas foram feitas e tomaram seu banho de oleo (e sol, como da para ver na imagem `a esquerda).





O proximo passo foi o sempre conflituoso posicionar e fixar das dobradicas e, com as portas no lugar, o caixote enfim tomou ares de um movel...

Vista posterior, mostrando as barras de apoio

As travessas de apoio, fixas `a parede




O armario recebeu entao duas demaos de goma-laca, os vidros foram colocados nas portas de baixo, e estava pronto para ir ao encontro das travessas de fixacao que foram fixas `a parede. (Na colocacao das travessas, diga-se, o detetor de materiais foi mais uma vez inestimavel, pois ha um emaranhado de eletrodutos naquele local da parede.)

Ahi foi conseguir uma ajuda para mover e erguer o movel para sua posicao e — ta-dAA! —



Falta ainda aplicar mais umas demaos de goma-laca e cera para finalizar os acabamentos do movel, e' verdade. Mas o fato e' que com a colocacao deste ultimo armario a renovacao da cozinha, iniciada bem no comeco do ano, apos quatro meses e meio chega ao final.

Foram cumpridos os propositos basicos que estabeleci: Todos os moveis que se apoiam no chao com pes, para evitar inatingiveis acumulos de sujeira. Exceto os armarios sob a pia e sob a mesa auxiliar (que, diga-se, sao territorio da minha secretaria e seus materiais de limpeza, e nao meu, hehe) todos os moveis permitem manter-se postura ereta ao usa-los ou acessa-los; pode ate haver eventual necessidade de usar uma escadinha para acessar um recesso mais alto, mas nao ha demanda por abaixamentos — e minha coluna agradece.




O design dos moveis nao respeitou qualquer estilo. Apenas — eventualmente contrariando regras, e' verdade — procurei a forma mais simples e eficiente que pude conceber de faze-los rigidos, resistentes, esperancosamente duraveis. Quanto `a estetica, a beleza ficou inteiramente a cargo das madeiras. E, como diz meu amigo Cigano, "Azar, eu gostei!"

sábado, 9 de maio de 2015

As primeiras portas

Completada a penosa etapa do acabamento envolvendo — arght! — lixamentos variados, a carcaca recebeu um banho de Jimo Cupim, atingindo o estagio retratado ahi `a esquerda (usando o software, a imagem sofreu uma rotacao para assumir a posicao que teria se o movel estivesse fixo `a parede e visto por cima e `a direita).

Apenas para registro, ahi abaixo uma vista algo ampliada da emenda de uma trave com sua lateral, como prometido (ou ameacado) as setas vermelhas apontando os reforcos com milicavilhas aplicados aos pinos da ensambladura — e que por ficarem ao fundo, contra a parede, nunca serao vistos...


Mas entao a carcaca lixada e envenenada recebeu tres banhos de oleo.

Em algum momento, nao me lembro mais exatamente quando sucedeu de, com as cortinas da 'oficina' abaixadas devido ao sol, uma nesga de luz atingir o movel e, somados os reflexos produzidos pelo plastico laranja das cortinas, a peca acabou ficando com um aspecto, digamos, interessante. Nada a ver com as cores 'reais' das madeiras, fique claro (ou dourado, hehe), mas achei valia o registro...


As portas nos grampos




O oleo secando na carcaca, hora de construir o primeiro par de portas, para o compartimento superior do armario. Matutei um pouco quanto ao design e entao aproveitei uns retalhos de grapia, pinho e tauari que haviam sobrado, aparelhei e... foram para os grampos.



Aproveitei o intervalo para envenenar e dar uns bons banhos de oleo nas travessas que irao ser fixas `a parede para sustentar o movel em um encaixe em faca.



Depois de dormirem nos grampos, as portas foram retificadas, a base alinhada na serra de bancada, a parte superior recortada na tico-tico manual, receberam acabamento com plainas e lixas, veneno e, depois do primeiro banho de oleo, chegaram nisso:


 Hora de encarar o segundo par de portas, para a parte inferior do armario...

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Carcaca montada

Terminei de cortar os malhetes nas travessas e nos paineis laterais, incluindo o chanfro de 45° para o encaixe 'em faca' nas travessas superiores traseiras, apliquei reforco com milicavilhas em todos os pinos e entao foi cola, um pouco de dialogo com o maco, e grampos.


Curada a colagem do 'esqueleto', iniciei a colocacao da 'carne' pelo fundo. Duas chapas de compensado, uma inferior de 18mm e uma superior de 10mm, o degrau de 8mm no mesmo nivel do topo das travessas medias — de forma a quando colocar a divisoria esse degrau de 8mm servir-lhe de apoio na parte de tras (vejam mais abaixo). A fixacao do fundo ao 'esqueleto' foi feita com cola e parafusos para maxima resistencia e rigidez, considerando sera nessa estrutura o apoio do movel quando for suspenso. Como o fundo foi colocado por dentro, na parte posterior ficou o espaco necessario para que possa ser feito o encaixe para suspensao na parede.

O armario visto por tras com o fundo colocado.
As setas vermelhas apontam as pecas que serao fixas `a parede e que sustentarao o movel.


Com o fundo no seu lugar, foi colocado a parte inferior em compensado 18mm, igualmente fixada com cola e parafusos. A seguir, a divisoria tambem em 18mm, apoiada na travessa central na parte anterior e, como mencionado acima, no degrau do fundo na parte posterior. Fixacao com cola e parafusos atras e, na frente, colada e prensada com grampos.


Da mesma forma, o tampo superior em compensado de 10mm foi fixado com cola e parafusos atras e nos lados, e com cola e grampos na porcao anterior.

A fixacao do tampo superior
As setas verdes apontam umas taboinhas nao exatamente estruturais, mas colocadas por razoes esteticas





Com isso a montagem da carcaca do armario esta concluida.

O processo foi razoavelmente simples e, tanto quanto posso observar, a estrutura resultou bastante rija.

Infelizmente, antes de poder passar para a parte mais divertida de colocar as portas, sera necessario enfrentar a sempre desagradavel etapa dos acabamentos finos, desgracadamente incluindo lixonas, lixas e lixinhas.

Cabe-me solicitar meus sete fieis leitores facam votos eu de alguma maneira consiga arrecadar uma quantidade suficiente de paciencia e resignacao, e por favor desejem-me sorte para encarar a miseravel perspectiva desse futuro brutal!

Sim, sim. Sintam pena. Muita pena...

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Inicio do fim?

Penso estar iniciando o que sera o derradeiro movel para a cozinha: outro armario suspenso, e todos os espacos de armazenagem perdidos estarao recuperados. E, pela primeira vez desde que desmontei a 'torre', trabalhando agora absolutamente sem qualquer pressao para acelerar o processo por demandas utilitarias, hehe...

Entao, para inicio de conversa resolvi o movel teria enfase no uso de tauari. Pelo preco e pela leveza, claro, mas principalmente por sua semelhanca com carvalho — a ponto de os Grandes Irmaos chamarem essa essencia de brazilian oak, ou seja, carvalho brasileiro.

Raios medulares, em carvalho branco cortado quarteado
Tudo bem que tauari nao e' tao duro (editado: na verdade, descobri que o tauari e' um pouco mais duro do que o carvalho branco) e infelizmente nao apresenta os raios medulares que tanta fama dao ao carvalho branco, mas a cor e' algo semelhante e a disposicao dos veios, retos e regulares, e' bastante parecida. E, acima de tudo, eu nunca utilizei tauari exceto naqueles pes que fiz para a pia, e brincar com madeira nova e' sempre um bom divertimento e otimo aprendizado.

 Como eu usualmente compro minhas madeiras em bruto, o inicio dos trabalhos e' sempre aparelhar as taboas, ou seja, desempenar, desengrossar, esquadrejar e dimensionar. Isso sempre representa, alem de consideravel consumo de tempo, uma macica producao de maravalha, e dessa vez nao foi diferente, como a foto abaixo (mostrando so a saida do desempeno) imagino de testemunho...



Uma parte da pilha de maravalha esta molhada porque chegamos de fato ao outono aqui no Continente, aquela parte do ano em que o velho Pedro da uma enlouquecida: nao apenas chove e faz sol e volta a chover e a fazer sol no espaco de poucas horas como, vejam voces, anteontem a maxima foi 32°C e para o proximo domingo preve-se havera o primeiro dia com temperaturas em apenas um digito. Haja saude. E, principalmente, haja saco! Mas divago...


As primeiras pecas para o novo armario foram molduras para enquadrar compensado e formar o que serao os paineis laterais do movel e que podem ser vistos, ja montados e com cortes para encaixes, ahi na imagem `a direita.

Sim, dessa vez sem pressao alguma para terminar a obra de uma vez, optei desenvolver o projeto com o uso de emendas por encaixes, tanto considerando razoes estruturais, como tambem para nao perder a embocadura com serras e formoes, hehe.


Os pinos cortados na porcao posterior dos paineis laterais irao receber tres travessas com malhetes em caudas de andorinha que, alem de estruturar a carcaca, irao tambem servir para o apoio em faca previsto para fixar o movel `a parede. Essas travessas ja foram aparelhadas, tanto as que irao para a parte posterior e que igualmente ja estao com os malhetes cortados, como as que irao para a parte anterior.

Nas fotos dos lados as seis travessas estao reunidas em um feixe unido por grampinhos. O motivo disso sao justamente as louquices do velho Pedro alterando a toda hora temperatura e umidade; para evitar entortamentos as travessas ficam dando apoio uma para as outras e, espera-se, mantem-se retas. Clicando e ampliando as imagens imagino seja possivel ver nao apenas o tauari, tal como o carvalho, responde com excelente acabamento `as plainas, como igualmente quao retos e direitos os seus veios.


Alias, por falar em carvalho, eu havia esquecido uma outra propriedade desse lenho que o tauari compartilha, e da qual fui lembrado de forma deveras traumatica...

Em priscas eras, quando marcenaria era literalmente praticada a machado, na Europa o carvalho era muito utilizado justamente por sua caracteristica de ser facilmente rachado, e tais rachaduras seram praticamente retilineas, o que facilitava enormemente obter-se e desdobrar-se pranchas sem necessitar o uso de serras. Descobri o tauari tambem tem essa caracteristica quando fui desfazer uma das emendas que necessitou uma persuasao com o malho para encaixar-se. Na segunda batida do desencaixe... plac! Pino e semipino racharam fora do painel, absolutamente rente `a linha de base.


Dado a lisura da separacao, optei por colar pino e semipino de volta. O resultado pode ser visto ahi na foto `a esquerda. O pino parece que nem sofreu nada. Reparando bem na imagem (clicada e) ampliada, como aponta a seta vermelha `a esquerda o semipino ficou com um ressalto milimetrico e, na outra seta, pode-se ver restos de cola.

Bueno, agora que sei dessa problematica, vou reforcar todos os pinos e semipinos. Usando, claro, milicavilhas (tambem chamadas... palitos de dente, hehe).


O que me lembra: Tenho de comprar uma nova broca de 2,5mm antes de continuar a funcao...

domingo, 26 de abril de 2015

A mesa do "nao se deve", pronta

Bem curadas as colas, retirei dos grampos o tampo de grapia para a mesa. Ocorreu o que eu esperava nao ocorresse: embora a linha de cola e o reforco tenham sustentado bem a emenda no centro do tampo, nas extremidades algum empeno retornou quando os grampos foram afrouxados; uma beira levemente concava, a no lado oposto levemente convexa...

Pensei um pouco e — levando em consideracao que essa mesa vai para a cozinha, e ja tinha recebido um monte de coisas que alegadamente nao se deve fazer, como usar madeira com medula, travessas aparentes pelo lado de fora das portas, pinus na estrutura, emendas so com fixadores mecanicos e, a cereja do bolo, usar pranchas empenadas para o tampo! — resolvi usar o tampo mesmo com os empenos e ver que bicho vai dar com o passar do tempo.

As linhas vermelhas marcam a posicao dos furos
O tampo foi colocado sobre a base e, claro, ficou um espaco no centro, na frente, e espacos nos lados, no fundo. Ja que a coisa vinha vindo mesmo na base do "nao se deve fazer", resolvi fazer a fixacao do tampo `a mesa tambem de um jeito que nao se deve.

Com o tampo colocado, marquei a posicao das pernas na sua parte inferior. No centro dessas marcacoes dos pes, abri furos passantes no tampo, um para cada pe. Coloquei o tampo de volta, e marquei a posicao dos furos no topo das pernas. Nessas marcas abri um furo fino, alargado no sentido frente-fundo, ou seja, na direcao que a madeira do tampo vai trabalhar com as variacoes de umidade.  Na parte de tras abri ainda mais dois furos para alcancar a saia posterior.



Prendi entao o tampo em posicao com quatro grampos e em cada lateral da mesa fiz um furo, levemente angulado para cima, que permitiu passar um parafuso longo para atingir a ripa de reforco sob a emenda. Como o parafuso esta angulado, ao aperta-lo a ripa, e por conseguinte o centro do tampo, foi puxada para baixo, contra a saia.

Isso feito, coloquei os quatro parafusos na parte de tras do tampo (dois nos pes, dois na lateral da saia traseira da mesa) e os dois nos pes da frente. E soltei os grampos.

Clique na imagem para ampliar
E o tampo ficou certinho no fundo e nos lados, apenas com uma pequena curvatura convexa na parte anterior, que abre nao mais de 3mm entre o tampo e a saia no centro da mesa. Tipo, mal se nota, hehe.



No furo dos parafusos eu havia feito um rebaixo de par de milimetros, e ahi foram colocados tampoes de grapia — a sempre popular "manobra do gato" (jogar areia em cima, hehe).

Prestando atencao, da para notar a leve curvatura do tampo na parte frontal da mesa

Como eu disse, esse nao e' o jeito certo, praticamente tudo isso nao se deve fazer. Por boas, solidas razoes. Mas e' aquela historia; uma experiencia aqui provoca uma experiencia ali para contrabalancar aquela consequencia e isso provoca ainda uma outra consequencia que... Enfim.

O tempo dira se as taticas empregadas para contornar os assumidos problemas serao duradouras, ou se o movel vai-se desconjuntar, rachar — talvez explodir?


O fato e' que por enquanto, para o meu gosto, a mesa ficou ate bem apresentavel e com todas as geometrias corretas dentro de margens que me parecem aceitaveis para as finalidades a que se propoe o movel. Inclusive, ja esta ocupando seu lugar designado na cozinha.














E ja que a mesa indo para o lugar determinou que a mesinha com tampo de veios de topo retornasse ao seu lugar ao lado da pia, aproveitei o embalo e instalei para ela uma iluminacaozinha com tiras de LED para ter-se melhor a visao dos cortes na hora de cortar os bifes, hehehe...

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mesa vira laboratorio



Com a colocacao da porta, uma prateleira, as gavetas e o banho de oleo, dei por concluida a base da mesa — pendente ainda, claro, umas demaos de goma-laca. Como optei por utilizar na confeccao da porta e na frente falsa das gavetas pinus contendo medula (ou miolo, ou pit se usarmos a lingua dos Grandes Irmaos) pelo seu aspecto estetico, obviamente houve consequencias.

A primeira consequencia, puramente casual, foi apenas estetica: aquele veio largo que a seta vermelha aponta na extremidade lateral da gaveta da direita na mesa e que se prolonga ate pouco alem do puxador... nao e' um veio. Por mera casualidade, como eu disse, ao desdobrar a ripa de pinus para fazer as frentes falsas das gavetas sucedeu de eu cortar a medula ao comprido, quase exatamente no seu meio. E, claro, nao resisti `a tentacao de deixa-la `a mostra. Pois e': aquele veio largo nao e' um veio. E' a medula — como fica bem evidente na visao lateral da gaveta, ahi abaixo.



Obviamente, os riscos de a presenca da medula causar rachaduras e canoamento por certo existem, mas o fato de a frente estar fixada `a gaveta com uma linha de cola e dois parafusos e' muito provavelmente suficiente para evitar empenamentos, e o fato de a medula estar exposta e embebida no oleo de linhaca do acabamento eu imagino ha de mante-la estabilizada e sem rachaduras. Certeza, claro que nao tenho; entao essa sera a primeira observacao, a primeira, mm, experiencia implementada na construcao dessa mesa/laboratorio...

A outra consequencia da madeira contendo medula ocorreu na porta. De um dia para o outro ela estava fortemente encanoada. O que era de se esperar, visto em torno `a medula estarem os veios mais fortemente arqueados da madeira e, portanto, mais propensos a canoamento. Resolvi contornar o problema aplicando umas travessas transversais para manter a porta mais ou menos retilinea.

Inicialmente, pensei em colocar as travessas pelo lado de dentro da porta mas, em funcao da forma como a preparei para receber as dobradicas, se colocasse as travessas por dentro uma consideravel parte da lateral da porta ficaria sem sustentacao, e justamente a parte contendo a medula, como pode ser visto na  imagem abaixo `a esquerda, onde as setas vermelhas apontam a medula.



Adicionalmente, pude utilizar a pequena saliencia de par de milimetros na ripa de cedrinho no centro da porta para forcar uma hipercorrecao do canoamento, como pode talvez ser visto na imagem da direita. As travessas estao fixas apenas pelos parafusos, nao ha nenhuma cola, de tal forma que posso, apertando mais ou menos os parafusos, corrigir a curvatura no grau que desejar.



E nisso configura-se a segunda experiencia da mesa/laboratorio: uma porta com controle de curvatura, hehehe...


Mas entao, concluida a montagem da base da mesa, hora de encarar o tal de tampo...


A retirada das pranchas de grapia dos grampos onde estavam sendo submetidas a uma hipercorrecao do empenamento revelou a manobra havia fracassado. Ou seja, o empenamento persistia, como pode ser visualizado na imagem abaixo: a prancha em cima da imagem, concava, a da parte de baixo, convexa.


Por um par de horas, as pranchas aparelhadas apenas no desengrosso e com a ajuda de uma pilha de grampos fiquei praticando uma serie de diferentes montagens secas buscando alguma maneira pratica de conseguir corrigir os empenamentos.

A solucao final a que cheguei foi a seguinte: coloquei as pranchas entre os grampos invertendo os empenamentos, exatamente o mostrado na imagem acima. Sobre aquela travessa no meio e embaixo das pranchas (grapia tambem, cortada de uma das pranchas ao dimensionar a largura), bem na linha da emenda, esta apoiado um pequeno fragmento de madeira dura (muracatiara). Com cola epoxi de secagem lenta (para nao ter de me preocupar com o relogio) aplicada nas faces da emenda, coloquei outra travessa (a retirada da outra prancha) e outro taquinho exatamente acima, e apliquei grampos nas travessas para espremer as pranchas e obter um perfeito alinhamento entre elas no centro. Isso feito, apliquei um grampo em uma das extremidades da linha de emenda (sim, justamente aquele prateado, ali) ate alinha-las. Entao apertei os grampos laterais (os vermelhos) daquele lado. Repeti o processo do outro lado, removi as travessas aquelas do centro, e entao coloquei, por cima, outros tres grampos nos intervalos dos grampos de baixo. Ficou assim:



E assim vai ficar, mais alguns dias. Como imagino se possa ver, o empeno praticamente desapareceu.

No entanto como, suponho, a maioria dos meus sete fieis leitores eu tambem acho que, quando afrouxar os grampos, vai haver um bocado de tensao, um consideravel stress nessa linha de cola..













Pensando aliviar essa  tensao, aparelhei no desempeno aquelas travessas que tinha usado para espremer o centro da peca no inicio da colagem, e colei-as de maneira identica `a aplicada no tampo para compensar o empeno que elas, vindas das mesmas pranchas, igualmente apresentavam.






Aproveitando no entanto o fato de aqui nessa colagem a espessura das madeiras permitir, com a colagem nos grampos fiz uns furos passantes da emenda e apliquei cavilhas entre as ripas para melhor estabilizar a emenda.

(Como garantia contra o stress, utilizei umas cavilhas especiais, metalicas, com sistema autocompressivo. Parafusos, hehe...)

Observando a (pessima) imagem  `a direita, tomada de cima e pelo lado da colagem, com alguma boa vontade pode-se ver que as tensoes se compensaram entre uma e outra ripa e o resultado final e' a colagem ficou retificada o bastante, como tentei demonstrar pela linha vermelha absolutamente reta justaposta, gerada pelo editor de imagens.

Tomei cuidado de anotar em cada ripa antes da colagem o sentido do seu empenamento e amanha vou aplica-la com cola e parafusos como reforco `a emenda do tampo, cuidando bem cada ripa tenha a curvatura oposta ao empenamento original das pranchas do tampo. Mais uns dias para total curagem das colas e, entao, afrouxar os grampos...



Vai funcionar? Dara certo?

Acho — espero! — que sim.

De qualquer modo, essa sera a terceira batexperiencia nessa mesa/laboratorio.





E ainda me perguntam por que eu tanto gosto de brincar com madeira sem planos nem projetos...


-- ooOoo --

Adicional:

O reforco da emenda, aplicado com cola epoxi e parafusos...