sábado, 9 de janeiro de 2016

O empurrao da prancha

 Enquanto deixo secar tabicadas algumas taboinhas das novas madeiras para, eventualmente, fazer naoseioque com elas, decidi fazer um conjunto de moveis para substituir um armario de sala de jantar em que os malditos cupins de madeira seca tambem inventaram de fazer ninho.

A intencao e' iniciar por um balcao, e o estimulo para construi-lo veio da prancha de muiracatiara que veio com o lote recente de madeiras que adquiri. A prancha veio com brancal e marcas da casca em ambas as laterais, e o primeiro passo foi reduzir-lhe a largura, nisso cortando fora uma dessas laterais. Como a prancha e' muito pesada para ser manipulada com facilidade e apresentava irregularidades, inviavel leva-la para a serra de bancada; a solucao foi fazer o corte com uma serra circular manual empregando uma guia para manter o corte reto.


O passo seguinte do aparelhamento da peca, aplainar-lhe as faces. Infelizmente, por seu peso e largura, algo inviavel de efetuar como usual com desempeno/desengrosso, o que me levou a encarar o processo com plainas manuais. Tao logo fiz o rebaixamento das areas mais salientes, deu para perceber em uma das extremidadas havia rachaduras consideraveis; com o que, antes de continuar a plainagem, resolvi aplicar umas caudas-de-andorinha, ou 'gravatinhas', nas areas afetadas, visando prevenir as rachaduras progredissem, o que fiz empregando uns restos de imbuia.


Quando, devidamente colados os reparos, a operacao com as plainas manuais removeu todas as 'montanhas' mais altas, e as faces resultaram aceitavelmente planas e paralelas, empreguei uma lixadeira de cinta manual com lixa 60G para regularizar bem as superficies e entao progredi com G80, G120 e G180 usando lixadeira  roto-orbital ate a hora do envenenamento...

A prancha ao final do aparelhamento
Imediatamente apos a aplicacao de cupinicida

Por que a pressa em aplicar o veneno? Porque todo aquele brancal na borda e' poderosissimo chamativo, uma bateria de imas de terras raras para atrair cupins e outros xilofagos. E e' verao...

Tao logo o cupinicida secou foram aplicadas duas demaos de oleo de tungue visando, tanto reduzir a evaporacao do veneno, como proteger o lenho de possiveis manchas e que tais, considerando as inumeras futuras manipulacoes a que inescapavelmente sera submetido.

Historias que presume-se serao contadas. Aqui neste batcanal. Qualquer bathora dessas...


10 comentários:

  1. É surpreendente que a "correção" de um "defeito" na madeira pode fazer o trabalho com bom aspecto
    Muito bem feito, parabéns!

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    1. La tecnica es trivial para arreglar las grietas, Sergio. Me alegro le tenga gustado el resultado.
      Y gracias por comentarlo.

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  2. As gravatinhas são charmosas.
    Uma peça muito bonita. De fato o brancal aqui está bem proeminente.
    Com relação ao veneno, tenho um entendimento que não sei se é correto: de fato somente elimina possíveis cupins que estejam na peça ou que possam atacar em tempo curto, não cria uma proteção para médio prazo. É isso mesmo?

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    1. Cosme, meu entendimento a respeito dos inseticidas é o mesmo do Paulo. Depois de infestada a peça, aplicação superficial pouco resolve (salvo que a infestação seja muito recente). Todavia, como medida preventiva, traz ótimos resultados.

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  3. Se a peca ja estiver infestada e' muito improvavel aplicacao superficial de cupinicida tenha efetividade.

    A ideia e', aplicado na superficie da madeira crua, o veneno penetra e forma uma camada de protecao com alguns milimetros de profundidade que impede a *entrada* de insetos xilofagos e, alem disso, o solvente supostamente tem atividade fungicida. A molecula da cimetoprina e' pouco volatil, relativamente estavel, especialmente se protegida de radiacao solar, agua e oxigenio e, supostamente, a aplicacao adequada (uma demao generosa, aplicada a pincel, para cada polegada de espessura da prancha seguida de aplicacao de um impermeabilizante tao logo secar) protege a madeira, previne a infestacao — ha evidencias — por decadas.
    A isso se soma a protecao que reconhecidamente um bom acabamento proporciona.

    Minha experiencia aqui na minha regiao onde cupins abundam e', essencias mais suscetiveis, nao tratadas, vao estar infestadas em no maximo par de anos. As que tratei, nem uma teve problemas. Obviamente, insisto, a aplicacao de um acabamento adequado ajuda.

    E' a informacao que tenho...

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    1. Muito bom, obrigado pelos detalhes.

      Você está usando Jimo Cupim por acaso?

      Creio ser bem interessante eu pensar com carinho sobre essa prática.
      Até onde sei o meu Jequitibá é o Branco, e, ao que me consta é uma espécie com baixa resistência.

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    2. Sim, uso Jimo Cupim.

      Eu uso basicamente dois acabamentos: oleo de tungue (ou linhaca)/goma-laca/cera e antimofo/cera. Quando uso oleo, aplico o veneno com base solvente. Quando uso antimofo, que tem um verniz acrilico, emprego a formulacao com base agua.

      Antimofo: http://www.allchem.com.br/produto.php?id=13

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    3. Paulo com certeza a junta que fizestes nesse prancha de muiracatiara para evitar progressão da rachadura, ficou muito mais elegante que as minhas "borboletinhas" ou em outra linguagem "ossinhos", gostei também do contraste com a Imbuia. Parabens. Ass. Guido

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    4. Como eram poucos os embutimentos, demoraria mais fazer o jig para corta-los com tupia do que demorou corta-los com formao, hehe. Contente tenhas gostado, e grato pelo sempre bem-vindo estimulo, tche Guido.

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  4. Fiz umas mesas para um restaurante com essa madeira e , algumas semanas depois, elas apresentaram rachaduras nas pontas? Como evitar isso. Será que é por causa do ar condicionado do ambiente?

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