segunda-feira, 18 de junho de 2012

Testando adesivo - II

Dei por encerrados os testes estaticos com o adesivo estrutural epoxi bicomponente, Fusor® 380NS/383NS.
Nao se pode dizer as conclusoes tenham sido surprendentes mas, na minha sempre desconsideravel opiniao, foram, mm, conclusivas...


Para todos os efeitos a cola padrao para madeira e', branca ou amarela, a chamada cola de marceneiro, ou PVA (polivinilacrilato). Por uma solida razao: a adesividade da cola curada com as fibras da madeira e' maior do que a adesividade das fibras entre si. A cola PVA, tanto quanto eu saiba, foi a primeira a apresentar essa caracteristica e, por isso, virou o padrao; mas varios outros adesivos utilizados em marcenaria igualmente se ligam mais `a madeira do que a propria madeira consigo mesma, ou seja, e' preciso aplicar uma forca maior do que a necessaria para quebrar a madeira para romper uma (boa) colagem com esses adesivos.


Meus testes evidentemente mostraram isso mas, mais do que confirmar o sabido, o que eu queria testar era a capacidade estrutural do adesivo ou, em outras palavras, sua capacidade de, alem de colar, preencher espacos sem enfraquecer a emenda (coisa para que, e' sabido, PVA nao presta). Tudo isso para, claro, saber se sera possivel utilizar, com seguranca, essa cola para preencher frestas entre segmentos e ainda assim poder tornear a peca depois. (Como se pode ver, estao certos os que dizem preguicoso trabalha dobrado. E mais, digo eu, ainda faz testes...)


Nao pretendo macar meus sete fieis leitores com detalhes e minucias. Apenas, para ilustrar minhas conclusoes, apresentar algumas imagens. E se alguem achar — como e' bem possivel, ate bem provavel — algum erro no(s) meu(s) raciocinio(s), ou tiver alguma duvida, desde ja agradeco muito se me fizer o favor de aponta-lo(s).


Afora essa ahi `a esquerda, nessa postagem nenhuma outra imagem tem cores naturais, reais. As cores foram algo editadas na intencao de aumentar a nitidez, o contraste entre a cola e os outros diferentes materiais.


E, como sempre, clicar uma imagem abre uma janela com maior resolucao.


O teste consistiu em preparar minimamente a superficie de pecas e cola-las com o adesivo Fusor®, deixando-as curar por 48 horas; entao quebrar as colagens e analisar os resultados.


Quebra por percussao lateral (martelada de cima para baixo, na imagem) do pino de ferro.
Ve-se o adesivo praticamente nao escorre: as linhas formadas quando o pino de ferro foi girado ao colar na madeira permaneceram praticamente inalteradas apesar das quase 3 horas que levou ate a cola ficar seca ao toque. Comprovando a adesividade maior do que a da propria madeira, ve-se fibras da madeira foram arrancadas na interface, permanecendo aderidas `a base do pino. Boa quantidade de bolhas de ar dentro da massa do adesivo (sempre, um problema com colas estruturais). Pouca penetracao do adesivo na madeira, e impressionante adesividade ao ferro.


Quebra por cisalhamento.
Um taco de madeira foi colocado sobre a ripa rente `a base da colagem do graveto e percutido com um malho. Ve-se arrancamento e lascadura das fibras, demonstrando maior penetracao do adesivo na ripa (foi bem espremido na colagem, e a area de pressao e' maior do que a base do pino de ferro).


Adesividade ao ferro.
Utilizando uma chave de fenda como talhadeira, tentei remover o adesivo remanescente na base do pino de ferro. Alem da consideravel adesividade da resina ao ferro, percebe-se a espessura de quase 1mm de adesivo entre a base do pino e as fibras que ficaram aderidas, demonstrando a boa capacidade estrutural do adesivo.


Imagino, sem quaisquer provas ou indicacoes, essa adesividade notavel ao ferro tenha algo a ver com o forte cheiro de amoniaco da resina crua. Mas e' so uma hipotese...


Fratura da resina.
Utilizando outra vez uma chave de fenda como talhadeira, o bloco de resina sobre o graveto foi percutido ate fraturar. A fratura estendeu-se coerentemente no substrato, demonstrando boa capacidade estrutural (se quebra um, quebra o outro) e adesividade (nao houve lascas ou descoladuras).


Fratura por tracao.
Separados por uns 2 cm, dois retalhos colados paralelos sobre a ripa, com uma camada de aproximadamente 2mm de adesivo, foram espremidos um contra o outro com uma morsa ate fraturar.
Ve-se  o retalho da esquerda sofreu um arrancamento no canto e o adesivo arrancou grossa camada da ripa. O retalho da direita quebrou na borda da emenda.


O retalho foi girado para revelar a extensao das fraturas. Veja-se a quebra do outro retalho, na borda da emenda.


Vista da quebra no retalho da direita.


Fratura por percussao.
O fragmento que permanecera colado no retalho da direita recebeu uma forte pancada com o malho. Fraturou com arrancamento de consideravel quantidade de fibras e esfacelamentos, mas ainda permaneceu colada uma fina lamina.
Veja-se na base da lamina a espessura da camada de adesivo (com inumeras bolhas de ar de consideravel tamanho), evidenciando excelente capacidade estrutural.


 Bota adesividade e capacidade estrutural nisso!
Pelas observacoes, e salvo melhor juizo, concluo o adesivo parece capaz de atender aos requisitos de, com toda a seguranca, colar e preencher frestas entre segmentos para montagem de um bloco para posteriores giros.

E' o que veremos, hora dessas.

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