sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mostrando as pernas

Remendando a cacaca



Aproveitando a fresca da manha, removi o assento da prensagem e tratei de dar acabamento no remendo. Ate que nao ficou muito ruim...


Com o assento colado e todos os soquetes cortados, hora de fazer as pernas. Sendo as dianteiras bem mais simples, comecei por elas, cortando umas ripas com cinco lados quadrados e, utilizando sempre linhas de corte marcadas com faca e roda, marquei e salientei os cortes dos dados, tirando a medida com paquimetro diretamente da espessura das espigas dos soquetes.

Pernas dianteiras com cortes dos dados marcados e salientados
Mais uma vez, a maioria da literatura a que tive acesso recomenda cortar os dados utilizando kerfing. Nao tendo achado o processo nenhuma maravilha, antes pelo contrario, fiquei com a impressao que o pessoal que escreve sobre essas cadeiras e' da turma mais das antigas, partidarios de tecnicas mais tradicionais, donde a preferencia pela serra de bancada. De todo modo, eu ja estava mesmo inclinado a utilizar a tupia de mesa para os cortes e, depois de setar devidamente a ferramenta, mandei bala utilizando o miter para estabilizar o angulo do corte e um retalho clampeado atras para evitar esfacelamento dos veios curtos na saida da fresa.

Cortando os dados na tupia de mesa
Como eu esperava, os cortes sairam bem mais limpos, mais rapidos e absolutamente precisos, com exata correspondencia entre ambas as pernas. Nao e' por nada que eu adoro tupias, hehehe...

Os dados cortados, com exata correspondencia entre os lados
Ahi, foi colocar a fresa de arredondar, novinha, na tupia, setar para expor sem ressalto na base todo o arco de corte do bit, testar em um retalho, aplicar nos vertices internos das pernas e ir testar o encaixe nos soquetes. Do lado do remendo ficou uma folguinha e, tudo bem, o pinus e' uma madeira bem maleavel, tem boa tolerancia para mais e para menos, nao se discute. Mas se o resultado nao ficou absolutamente perfeito, como eu nao esperava ficasse, acho que nao da para se queixar, ainda mais sendo o primeiro contato pratico com a emenda.








Bueno, tendo as pernas da frente devidamente posicionadas, hora de pensar nas pernas de tras.




A intencao aqui nao e' obter uma cadeira acabada, vejam bem. Essas cadeiras modeladas — ou esculpidas como preferem alguns — seja quando foram construidas pelo proprio Sam Maloof ou por qualquer de seus inumeros imitadores/copiadores, sao sempre feitas utilizando moldes, gabaritos, templates como eles chamam, para cortar as pecas. So que eu nao tenho esses moldes e embora haja alguns disponiveis `a venda na Teia, o preco sera tudo menos convidativo.

Por supuesto, eu poderia usar no computador um programa de 3D, tipo SketchUp, ou mesmo um programa vetorial de desenho, tipo Corel Draw, para criar esses moldes. Nao e' dificil, mas da trabalho. So que trabalho por trabalho, dificuldade por dificuldade, ao inves de usar o computador eu prefiro usar a 'oficina'. Muito mais interessante, eu acho, ir construindo o prototipo com pecas informes e ir desenvolvendo as formas na pratica, maquinas e ferramentas de marcenaria no lugar do computador, giz e lapis ao inves de mouse, hehehe... Sem falar na vantagem de familiarizacao com tecnicas, metodos e equipamentos, melhoria da destreza, e toda essa especie de coisas.

Esse papo todo, so para que voces nao estranhem (ou nao estranhem muito, hehe) a perna traseira que fiz para a cadeira...



Pois e'...

E agora, enquanto voces vao digerindo essa perna que desafia adjetivos, eu vou pensando na proxima etapa. Certamente a mais complicada de todas: a construcao do braco.

Vamos ver, espero, no que vai dar...

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Um comentário:

  1. Estou acompanhando com curiosidade e expectativa aqui e lá no Madeira, creio ser esse o primeiro tutorial desse tipo de encaixe publicado no nosso país. Parabéns pela postagem.

    Ass. Guido

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