segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Uma (outra?) historia boba

A coisa comecou com minha atual escrava encontrando e me mostrando um vazamento na alimentacao da caixa de descarga do — hoje em dia rarissimamente utilizado — vaso sanitario anexo `a oficina. Em um primeiro momento considerei chamar um encanador hidraulico, mas nao conheco nenhum de confianca e lembrei que esse pessoal da construcao civil usalmente costuma quebrar/estragar/imundiciar tudo ou quase tudo `a volta do conserto. Resolvi eu mesmo meter maos `a obra. Nao da para dizer tenha sido um trabalho estimulante; teve no entanto o apelo de ser algo que eu nunca tinha feito. Quatro dias depois (sim, sim, muita calma nessa hora) o vazamento estava eliminado e, de quebra, o sistema hidraulico da descarga havia sido renovado. E o assento do vaso foi trocado...

Muitas e repetidas vezes tenho clamado que MDF e agua nao e' boa combinacao. So que, claro, o arquiteto que projetou aquele banheiro (como parte do apartamento onde morou meu filho) houve por bem colocar no vaso um assento feito de... MDF. O resultado... melhor ver na foto ahi abaixo:


Como ja estava (literalmente) com a mao na massa, achei mais do que a proposito trocar o assento de papelao por algo mais duravel. Em um primeiro momento aproveitei as idas `as ferragens, na busca de pecas do conserto do vazamento, para tirar preco de assentos; constatado o absurdo valor cobrado por pecas de quinta categoria, resolvi construir eu mesmo um assento. Em madeira, como os da casa da minha infancia...

Nao pretendo amolar meus sete fieis leitores com detalhes da construcao da coisa. Nada de mais, basta olhar para ver como foi feito:



O tampo, reaproveitamento de uma prancha de cedro rosa que havia sido "danificada" por uma tentativa mal sucedida de desdobre (as manchas brancas sao cola PVA empregada para 'desfazer' o desdobro, hehe), o assento propriamente, reaproveitamento de cedro gaucho que fizera parte da minha cama. Fora as dobradicas, custo zero e bom uso para boa madeira.

Nada mau, achei...


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Gavetas fruteiras

(Clique nas imagens para ve-las ampliadas.)

A mesa mencionada na postagem passada foi ocupar um espaco previamente alocado para uma fruteira, o que levou `a necessaria inclusao no projeto de 'gavetas' para frutas. A construcao consistiu, com todas as emendas realizadas empregando cavilhas, basicamente em duas molduras acopladas uma `a outra por laminas e, tambem formado por laminas, um fundo vazado.


As emendas da moldura superior, sem encaixe, sao sustentadas por longas cavilhas (espetinhos de churrasco feitos de bambu). Na moldura inferior, emendas em meia esquadria igualmente reforcadas por cavilhas do mesmo material. As laminas que formam o fundo e as laminas laterais que conectam as duas molduras foram fixadas utilizando milicavilhas (palitos de dentes, igualmente de bambu).

Adicionalmente foram colocadas tres tiras longas sob o fundo, fixadas por parafusos, para reforco.


Nas imagens ahi ao lado, uma gaveta com a montagem ja terminada, evidenciando a fixacao das laminas laterais com milicavilhas. Nas imagens abaixo, a gaveta ja acabada e detalhes das fixacoes...











































Foram construidas duas dessas gavetas e devidamente colocadas na mesa, como se ve abaixo...





E era isso...

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Tres bobagens

Recentemente conclui a construcao de mais uma mesa para a cozinha. Nada de mais: seguindo o padrao de moveis anteriores, estrutura enxuta, em pinus, montada com encaixes em espiga e fura, tampo um painel em madeiras duras (grapia, muiracatiara e jequitiba), acabamento com oleo de tungue, goma-laca e cera.


O que houve de novo foram apenas tres pequenos detalhes tecnicos, variantes que decidi apresentar nesta postagem por nunca te-las visto mencionadas ou documentadas, e por pensar poderiam interessar algum de meus sete fieis leitores...


A primeira variante, no ajuste dos encaixes.

A, mm, recomendacao "ortodoxa" de efetuar-se ajustes em encaixes em espiga e fura e' cortar-se a fura e entao ajustar-se a elas as espigas. Aqui no caso, muito por a 'maciez' do pinus tender a criar folgas, para obter encaixes precisamente posicionados acabei por efetuar os ajustes finos pela colocacao — por tentativa e erro no que tange a espessuras e posicionamentos — de pequenas laminas no interior das furas ate obter um encaixe adequadamente justo e rigorosamente posicionado.


Processo um pouco demorado (e por vezes algo irritante, devo confessar) mas capaz de produzir excelentes resultados mesmo quando eventual diferenca de densidades entre os lenhos produza uma certa tendencia a afrouxamentos nos encaixes secos.





Uma outra 'novidade', e uma agradavel surpresa, foi empregar espetinhos de churrasco feitos de bambu como cavilhas.


Para fugir ao problema de interferencia em emendas no mesmo plano, normalmente 'solucionados'  pela construcao de encaixes com maior complexidade tecnica, optei pela simplicidade — reduzindo um pouco a dimensao dos malhetes e, complementarmente, reforcando a emenda com a aplicacao dos espetinhos.


No resultado final as 'cavilhas' ficam praticamente invisiveis e as emendas absolutamente monoliticas, solidas. Por simples, facil, barata e efetiva, uma opcao que penso realmente valer a pena experimentar...



E por final, uma tecnica que vinha ja ha tempos contemplando empregar: contornar os problemas relacionados `a fixacao do tampo e movimentos das madeiras pelo emprego de uma tecnica bem mais simples e mais facil do que as tradicionais, qual seja, o emprego de fita dupla face de altissima adesividade.


O processo consistiu, como se pode ver na imagem `a esquerda, em aplicar tiras duplas da fita, um par no centro longitudinal, onde praticamente nao ha movimento dos lenhos, e outro par no centro transversal, onde ha o maximo movimento. A ideia sendo a fita seria capaz de fornecer suficiente adesividade para bem manter fixo o tampo e, pela relativa flexibilidade de seu substrato, ser capaz de absorver os movimentos da madeira sem produzir danos ou afrouxamentos.


Uma vez devidamente posicionado o tampo apliquei, por 24 horas, pressao sobre os pontos de contato da fita para promover uma melhor adesividade. Minha experiencia anterior com o uso desse adesivo demonstrou a necessidade de um periodo mais extenso para que a aderencia entre fita e lenhos realmente se consolide, algo como par de semanas. Obviamente, uma vez a mesa posicionada e recebendo peso sobre o tampo, como deveria, nao havera forcas se exercendo a de qualquer modo perturbar a aderencia entre tampa e base. Pelo contrario a tendencia, gracas `a forca da gravidade, e' mesmo de manter-se a imobilidade das pecas. De qualquer maneira — porque Seguro morreu de velho abracado com Dona Prudencia, mas Desconfiado ainda esta vivo — optei pela seguranca de aplicar o reforco de um parafuso em cada ponto central longitudinal para me sentir mais seguro.


Ate agora, duas semanas passadas, tudo esta no seu lugar, firme e forte...


Qualquer coisa, se houver, eu conto...

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Gabinete II - armario e mesa auxiliar






Apos concluida a mesa, o proximo passo foi um armario onde guardar o conteudo das gavetas da mesa velha, util tambem para expandir a area do tampo da mesa nova,


Iniciado igualmente por um croqui primarissimo, o projeto desenvolveu-se imitando o da mesa que o precedeu: arrastada e lentamente, lide so nas horas vagas quando batia vontade...








As imagens abaixo (clique nelas para amplia-las) historiam algumas fases do desenvolvimento.






-- oOo --


Quando finalmente o armario ficou pronto, constatei seria necessaria ainda uma mesinha auxiliar. 

Esta, resolvi fazer como nas outras com tampo de imbuia, e aproveitando um segmento mais grosso dos galhos de goiabeira. Nas imagens abaixo, o inicio do processo...





Quando algum tempo depois os tres moveis finalmente foram terminados e acabados, hora de fazer a "mudanca" para seu destino final. O aspecto dos moveis nos seus lugares, como se ve abaixo...


E entao, com todas as tralhas ja nos seus lugares, chegamos a isto:


Gabinete I - a mesa

Por razoes que nem vem ao caso decidi, ainda em dezembro passado, trocar a mesa de meu computador — adquirida ha decadas em um brique e construida em aglomerado laminado com formica — por algo feito de, mm, madeira.

A mesa velha de muitas guerras

Resolvi iniciar pela confeccao de uma nova mesa e, ate por ter meu tempo premido por varias outras circunstancias, decidi o processo seria feito lenta, muito lentamente, nenhuma pressa ou angustias. Ainda, como havia sido ha tempos presenteado com uns galhos de goiabeira, resolvi que de alguma maneira iria incorporar os tais galhos nos novos moveis, e igualmente iria incorporar como tampo da mesa uma prancha de imbuia de 110x70cm que ha tempos eu entesourava...

Rabiscado um croqui primarissimo para dar uma ideia de para onde enderecar as coisas e, a passos de formiga, fui simultaneamente bolando jeitos e meios e desenvolvendo o projeto. As fotos abaixo (clique nas imagens para amplia-las) contam resumidamente a historia...





Consumidos par de meses no processo, o acabamento foi feito com apenas oleo de tungue nas pernas, e oleo mais goma-laca e cera nos tampos.