Uma conversa com um amigo, iniciada no batido topico de discussao entre vantagens e desvantagens do uso de implementos eletricos na pratica da marcenaria, nao surpreendentemente derivou para a tambem batida afirmacao o seculo XVIII foi o apice, o ponto mais alto da marcenaria na historia, nada tao bom foi feito em mobiliario antes ou depois dos 1700s...
Nao se discuta, os moveis de topo do sec. XVIII — com suas madeiras selecionadissimas de essencias pincadas a dedo, designs rebuscados, entalhados e esculpidos, cravejados de marquetarias e laminacoes e coroados por ferragens riquissimas, estofados com tecidos requintadissimos — sao resultado de uma mao de obra ultra especializada aplicada com esmero irretocavel.
Mas, apontei ao meu amigo como aponto agora a meus sete fieis leitores, para inicio de conversa esses moveis ultra requintados nao eram encarados como meramente moveis, mas como obras de arte que sao. Seus autores nao eram vistos como artifices, mas como artistas, comissionados pela nobreza, pela Corte, pela realeza — tempo e dinheiro fartos, coisas secundarias na contratacao e na producao dos mesmos. E entao, para continuar a conversa e para total — ah, nao! — incredulidade de meu amigo, apontei que moveis da mesma estirpe sao construidos hoje em dia, em uma fracao do tempo e por uma fracao do custo.
Os protestos, como e' facil imaginar, foram inumeros e intensos. E, como tambem esperado, nenhum argumento foi, como jamais podera ser totalmente conclusivo.
De qualquer maneira devo dizer ficou evidente, mesmo meu amigo nao querendo de jeito nenhum dar o braco a torcer, o prato que lhe ofereci foi bem indigesto: espiar um catalogo relativamente atual de uma firma especializada em moveis de luxo:
https://www.centuryfurniture.com/Catalogs/catalog-brochures/Monarch.pdf
Sao 132 paginas e tem coisas assim, por la:
A conversa, claro, continuou. E eventualmente voltamos ao tema: usar ou deixar de usar ferramentas eletricas, hehehe.
Assunto, quem sabe?, para uma bathora dessas...
domingo, 28 de agosto de 2016
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Chorando a resina derramada
Algumas madeiras oleosas tem a propriedade de, mais acentuadamente quando verdes mas frequentemente tambem depois de secas, extravasar resinas em sua superficie, espontaneamente ou induzidas por causas externas, como por exemplo variacoes de temperatura.
Embora esses extravasamentos em tese possam ocorrer em qualquer area na superficie do lenho de essencias propensas ao fenomeno, costumam ser muito mais frequentes e mais pronunciados nas areas onde ocorram nos.
Embora em madeiras aparelhadas a aplicacao de acabamentos como lacas, tintas, vernizes, etc., possa reduzir marcadamente ou mesmo evitar totalmente um extravasamento ao ponto de ocasionar escorrimentos como nas duas fotos acima, nao e' incomum que um derrame de resina, mesmo ocorrendo sob a pelicula de um acabamento, acabe por produzir alteracoes, descolorimentos, manchas capazes de afetar negativamente o aspecto do acabamento...
Ha relatos de diversas maneiras de tentar-se manter a resina aprisionada no interior das madeiras para evitar possa 'contagiar' os acabamentos, incluindo aplicacao de massas, resinas sinteticas, primers, selantes, etc. Embora varios desses produtos sejam capazes de efetivamente lacrar a superficie das madeiras impedindo, tanto a saida de resinas, quanto a absorcao de qualquer contaminante pelos lenhos, em sua imensa maioria eles sao opacos, ou seja, tornam praticamente mandatorio o acabamento final com tinta.
Particularmente, eu nao gosto de madeira pintada. Para o meu gosto, qualquer madeira oferece naturalmente uma superficie muito mais rica, incomparavelmente mais atraente e agradavel aos olhos do que a mais refinada pintura jamais sera capaz.
E embora eu frequentemente tenha utilizado essencias sabidamente notaveis por nao raro produzirem derramamento de resina — como pinus, eucalipto, pinho, cedros, etc. — e tenha sempre lhes aplicado acabamentos translucidos, nunca tive problemas como manchas, descascamentos, descolorimentos. Nada. Isso porque incluo praticamente sempre nos diferentes acabamentos que emprego um passo crucial; a aplicacao de no minimo duas mas usualmente varias demaos de um selador eficientissimo e quase transparente: a goma laca.
Afora todas as suas outras incontaveis qualidades, a capacidade dessa substancia empregada ha milenios no trato e conservacao das madeiras de, alem de fixar-se com rara tenacidade `as fibras dos lenhos, ser repelente aos oleos a torna, entre outras coisas, um selador perfeito. E nao sou so eu que digo: a literatura e inumeros relatos Rede afora me apoiam e ecoam.
E ja que estou dizendo, digo mais: Tanto quanto eu vejo, todos os outros acabamentos podem faltar no arsenal de quem lide com madeira. Essenciais, absolutamente indispensaveis, so dois: goma laca e uma boa cera.
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Cera microcristalina - conclusoes (quase) finais
Apos pouco mais de um mes de testes, acredito a microcera — mistura a quente de tres partes de parafina microcristalina e uma parte de cera de carnauba mais uma pitada de bicarbonato, tudo dissolvido em limoleno — definitivamente oferece protecao efetiva na protecao de tampos metalicos ou quaisquer metais ferrosos expostos.
Exceto por tintas, a cera demonstrou-se equivalente ou superior a todos os demais metodos de protecao de superficies metalicas que empreguei, e ainda incorporando varias vantagens adicionais como apontado nas postagens anteriores, salientemente baixos custos, financeiros e operacionais. E, de quebra, serve ainda como um bom acabamento para madeiras, hehehe...
O unico ponto onde a microcera mostrou alguma insuficiencia na protecao que oferece foi em circunstancias onde substancias capazes de provocar e/ou acelerar a oxidacao — como acidos, sais, etc., contidos por exemplo em suor, fezes de passaros, etc. — permanecessem prolongadamente em contato.
Apos mais alguns testes, o metodo que encontrei capaz de resolver essa limitacao foi aplicar, cumprindo rigorosamente todas as instrucoes de aplicacao, um fosfatizante comercial na superficie antes da aplicacao da microcera.
A imagem acima ilustra o efeito de deixar-se uma pequena poca de salmoura (feita com sal de cozinha) secar e permanecer sobre aco protegido por fosfatizante e microcera, durante ~22 horas.
Da esquerda para a direita, nas tomadas superiores, a salmoura secando ate formar uma pelicula de cristais. Nas inferiores, o sal iodado absorveu umidade do ar e manchou o metal; o resultado de limpar a superficie com um pano e entao o resultado de limpar a superficie com bombril.
A aplicacao correta de fosfatizante demanda sim um pouco de tempo para completarem-se devidamente as reacoes quimicas envolvidas no processo, mas nao e' trabalhosa, o produto nao e' caro e a protecao adicional que se alcanca e', nos casos onde se faz necessaria, bem efetiva.
Desnecessario dizer, mas digo de qualquer jeito, a microcera esta em uso corrente na protecao de minhas maquinas e ferramentas e, claro, as observacoes continuarao em busca de detetar eventuais falhas que possam vir a ocorrer em sua efetividade.
Se/quando for o caso, por certo virei informar.
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
Cera microcristalina - protecao de metais
(clique nas imagens para ve-las em maior resolucao)
A principal razao que me levou a testar a microcera (mistura 3:1 de parafina microcristalina com cera de carnauba) foi, como ja mencionei, verificar seu desempenho quando aplicada como antioxidante em superficies metalicas. Isso, como tambem mencionado, inspirado nos resultados obtidos empregando a Renaissance Wax (RW) que proporciona excelentes resultados — mas e' importada e portanto cara.
Mais uma vez me repetindo, nao pretendo aborrecer ninguem com relatos minuciosos dos como e dos por que. Resumindo, o que fiz foi aplicar a microcera como protecao em tampos de maquinas feitos em ferro fundido cinzento e em ferramentas que tendem a facilmente oxidar (formoes e plainas manuais), submete-las a testes simulando condicoes de trabalho com variada severidade em induzir oxidacao, e tirar uma temperatura: Se vale a pena o seu uso, e entao como usar.
Evidentemente, resultados mais confiaveis poderiam ser obtidos com maior tempo de observacao e maior variedade de testes mas, meu criterio, o que pude ver nessa semana de testes e' suficiente para conclusoes satisfatorias. Indiscutivelmente, outras maos, outros lugares, outros metodos levarao a resultados diversos do que obtive mas, espero, no fundamental as conclusoes serao as mesmas...
Na protecao de tampos de ferro fundido foi onde a microcera apresentou seu melhor desempenho.
Na minha 'oficina' exposta ao elemento, ao ar livre para todos os efeitos praticos, o tampo de minha lixadeira oscilante de rolo ficou totalmente exposto durante nove dias. Farta variacao de temperatura (5 a 29ºC), umidade raramente inferior a 90%, nao raro 100%; choveu em oito dos nove dias. A oxidacao foi ainda 'facilitada' por adicionar poeira de madeira sobre o tampo por varios dias.
Ao final dos nove dias, nenhuma diferenca, a protecao foi totalmente eficiente.
O tampo da minha serra de bancada nao e' mantido impecavel. Longe disso. Marcas, ocasionadas por inumeras razoes durantes os varios anos que esta em uso, causaram manchas e oxidacoes que so foram removidas parcialmente. A microcera foi aplicada apos uma limpeza um pouco mais profunda, incluindo mesmo aplicacao de lixas em alguns pontos.
O tampo recebeu, a diferentes tempos, diferentes 'facilitadores' de oxidacao buscando simular, mm, "coisas que acontecem". Joguei e sequei/limpei quase em seguida, agua quente e fria, alcool, goma laca, oleo, cola pva. Molhei as maos com salmoura para simular suor e toquei aqui e ali e sequei sem lavar, quase em seguida. Todos os dias, varias vezes, alem de serrar umas madeiras simulei serrar muitas outras, passando incontaveis vezes pra la e pra ca uma ripa de cedro gaucho.
O mesmo processo de testes, com intensidade algo menor, foi aplicado tambem `as mesas da minha desempenadeira. A cera resistiu a praticamente tudo, ajudando bem a lubrificar a passagem das madeiras. So nao resistiu `a salmoura: as marcas dos dedos enferrujaram. Foram removidas, umas com bombril, outras com lixa, e voltei a reaplicar a microcera. E voltei a sujar com salmoura. E voltou a enferrujar.
Suor — como se eu ja nao soubesse! — e' um problema serio....
As mesas da desempenadeira sofreram o mesmo, se menos intenso, regime de testes. Acima, `a direita, logo apos a aplicacao da microcera; `a esquerda, ao final dos testes.
Aplicada com bombril em uma demao cuidadosa, longa e repetidamente espalhada, e polida com bombril entre 15 a 45 minutos apos a aplicacao, a microcera demonstrou oferece uma protecao relativamente eficaz `a oxidacao, que permanece mesmo com uso relativamente intensivo das maquinas. No caso de surgirem pontos de oxidacao, como os causados pelo 'suor', e' limpar e reaplicar localmente.
Imagino em ambientes mais protegidos e com condicoes climatologicas mais amenas do que na minha 'oficina' aberta aos ventos, sera perfeitamente viavel uma reaplicacao geral da cera nao mais do que semestralmente, quica anualmente...
A protecao contra oxidacao nas ferramentas manuais, como e' facil de entender, deixou a desejar: as maos suam. E na lida frequentemente suam muito.
Como pode ser visto neste velho formao 'baleado' que foi empregado nos testes, o suor e' mesmo um problema serio.
A base do formao, antes de receber a microcera, foi lixada da ponta ate a linha verde, na imagem `a esquerda, ate ficar livre de qualquer oxidacao. Essa area foi tocada com os dedos umidos com salmoura e quase em seguida seca. No outro dia a ferrugem era nitida; foi removida com WD40 e bombril, e a cera reaplicada. Como apontam as setas amarelas, ficaram nitidas 'cicatrizes'.
O bizel foi polido no estropo antes de receber a cera, ficando espelhado. Tocado com salmoura e seco, resultado tal como na base.
Como contaminacao com suor e' algo praticamente inevitavel na superficie das ferramentas manuais, protecao apenas com microcera sera insuficiente.
A RW parece conseguir o feito de proteger contra suor, mas ainda preciso testar mais ate ter certeza e poder confiar.
Cera nas plainas tem a vantagem adicional de lubrificar as solas, e pode-se frequentemente utilizar os formoes sem lhes tocar as laminas — entao a microcera ate que pode ter seus usos. Mas para protecao contra o suor, pelo menos por enquanto vou continuar jogando pelo seguro e usando o paninho com oleo, que esse sim e' infalivel.
Essas sao minhas conclusoes finais.
Minha sugestao e': Discordem totalmente delas!
Considerem-nas integralmente equivocadas em premissa, metodos e analise, alem de pessimamente fundamentadas.
Comprem as ceras, preparem-nas e vao fazer seus proprios testes, chegar `as suas proprias conclusoes. E' barato, divertido e, coisa muito rara, tenho certeza. Certeza de que vai valer a pena.
A principal razao que me levou a testar a microcera (mistura 3:1 de parafina microcristalina com cera de carnauba) foi, como ja mencionei, verificar seu desempenho quando aplicada como antioxidante em superficies metalicas. Isso, como tambem mencionado, inspirado nos resultados obtidos empregando a Renaissance Wax (RW) que proporciona excelentes resultados — mas e' importada e portanto cara.
Mais uma vez me repetindo, nao pretendo aborrecer ninguem com relatos minuciosos dos como e dos por que. Resumindo, o que fiz foi aplicar a microcera como protecao em tampos de maquinas feitos em ferro fundido cinzento e em ferramentas que tendem a facilmente oxidar (formoes e plainas manuais), submete-las a testes simulando condicoes de trabalho com variada severidade em induzir oxidacao, e tirar uma temperatura: Se vale a pena o seu uso, e entao como usar.
Evidentemente, resultados mais confiaveis poderiam ser obtidos com maior tempo de observacao e maior variedade de testes mas, meu criterio, o que pude ver nessa semana de testes e' suficiente para conclusoes satisfatorias. Indiscutivelmente, outras maos, outros lugares, outros metodos levarao a resultados diversos do que obtive mas, espero, no fundamental as conclusoes serao as mesmas...
Logo apos a aplicacao da microcera |
Nove dias depois, tudo igual fora a luz |
Na protecao de tampos de ferro fundido foi onde a microcera apresentou seu melhor desempenho.
Na minha 'oficina' exposta ao elemento, ao ar livre para todos os efeitos praticos, o tampo de minha lixadeira oscilante de rolo ficou totalmente exposto durante nove dias. Farta variacao de temperatura (5 a 29ºC), umidade raramente inferior a 90%, nao raro 100%; choveu em oito dos nove dias. A oxidacao foi ainda 'facilitada' por adicionar poeira de madeira sobre o tampo por varios dias.
Ao final dos nove dias, nenhuma diferenca, a protecao foi totalmente eficiente.
O tampo da minha serra de bancada nao e' mantido impecavel. Longe disso. Marcas, ocasionadas por inumeras razoes durantes os varios anos que esta em uso, causaram manchas e oxidacoes que so foram removidas parcialmente. A microcera foi aplicada apos uma limpeza um pouco mais profunda, incluindo mesmo aplicacao de lixas em alguns pontos.
O que eu considero um tampo de serra limpo |
O mesmo processo de testes, com intensidade algo menor, foi aplicado tambem `as mesas da minha desempenadeira. A cera resistiu a praticamente tudo, ajudando bem a lubrificar a passagem das madeiras. So nao resistiu `a salmoura: as marcas dos dedos enferrujaram. Foram removidas, umas com bombril, outras com lixa, e voltei a reaplicar a microcera. E voltei a sujar com salmoura. E voltou a enferrujar.
Suor — como se eu ja nao soubesse! — e' um problema serio....
O tampo da serra, `a esquerda logo apos a aplicacao da microcera, `a direita ao serem dados por encerrados os testes.
As manchas de ferrugem causadas pela salmoura ja tinham sido removidas.
As mesas da desempenadeira sofreram o mesmo, se menos intenso, regime de testes. Acima, `a direita, logo apos a aplicacao da microcera; `a esquerda, ao final dos testes.
Aplicada com bombril em uma demao cuidadosa, longa e repetidamente espalhada, e polida com bombril entre 15 a 45 minutos apos a aplicacao, a microcera demonstrou oferece uma protecao relativamente eficaz `a oxidacao, que permanece mesmo com uso relativamente intensivo das maquinas. No caso de surgirem pontos de oxidacao, como os causados pelo 'suor', e' limpar e reaplicar localmente.
Imagino em ambientes mais protegidos e com condicoes climatologicas mais amenas do que na minha 'oficina' aberta aos ventos, sera perfeitamente viavel uma reaplicacao geral da cera nao mais do que semestralmente, quica anualmente...
- ooOoo -
A protecao contra oxidacao nas ferramentas manuais, como e' facil de entender, deixou a desejar: as maos suam. E na lida frequentemente suam muito.
Como pode ser visto neste velho formao 'baleado' que foi empregado nos testes, o suor e' mesmo um problema serio.
A base do formao, antes de receber a microcera, foi lixada da ponta ate a linha verde, na imagem `a esquerda, ate ficar livre de qualquer oxidacao. Essa area foi tocada com os dedos umidos com salmoura e quase em seguida seca. No outro dia a ferrugem era nitida; foi removida com WD40 e bombril, e a cera reaplicada. Como apontam as setas amarelas, ficaram nitidas 'cicatrizes'.
O bizel foi polido no estropo antes de receber a cera, ficando espelhado. Tocado com salmoura e seco, resultado tal como na base.
Como contaminacao com suor e' algo praticamente inevitavel na superficie das ferramentas manuais, protecao apenas com microcera sera insuficiente.
A RW parece conseguir o feito de proteger contra suor, mas ainda preciso testar mais ate ter certeza e poder confiar.
Cera nas plainas tem a vantagem adicional de lubrificar as solas, e pode-se frequentemente utilizar os formoes sem lhes tocar as laminas — entao a microcera ate que pode ter seus usos. Mas para protecao contra o suor, pelo menos por enquanto vou continuar jogando pelo seguro e usando o paninho com oleo, que esse sim e' infalivel.
- ooOoo -
Essas sao minhas conclusoes finais.
Minha sugestao e': Discordem totalmente delas!
Considerem-nas integralmente equivocadas em premissa, metodos e analise, alem de pessimamente fundamentadas.
Comprem as ceras, preparem-nas e vao fazer seus proprios testes, chegar `as suas proprias conclusoes. E' barato, divertido e, coisa muito rara, tenho certeza. Certeza de que vai valer a pena.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Cera microcristalina - uso em madeira
Alem do uso como protetor para superficies metalicas com testes e observacoes ainda em curso, examinei tambem o emprego da cera microcristalina — que doravante vou chamar microcera — para acabamento em madeiras, na formulacao relatada nas postagens imediatamente anteriores a esta (3 partes de parafina microcristalina e 1 parte de cera de carnauba)...
O teste consistiu em, ao mesmo tempo em que as estava aplicando na barra de aco, aplica-las tambem em um pedaco que sobrara de um painel de cedro rosa e cedro gaucho; no segmento central de cedro rosa o produto importado, a Renaissance Wax (RW) e, em parte dos segmentos laterais de cedro gaucho, a microcera.
A imagem acima, tomada logo apos a aplicacao das ceras mostra bem as areas onde foi aplicada a microcera, pelo escurecimento provocado pelo solvente. Apos secar, tanto a microcera como a RW praticamente nao alteram em nada a coloracao das madeiras.
Note-se, tambem em madeira a aplicacao da RW e' muito mais simples: basta aplicar uma camada tao fina quanto possivel e, em seguida, remover o excesso com um pano limpo. A microcera necessita aguardar uns 15-20 minutos de secagem para remover o excesso, com pano ou, como foi o caso, com escova.
Como eu ja havia sido informado por minhas pesquisas sobre a RW, ela apresenta um serio inconveniente ao ser usada como acabamento em madeira, e que fica evidente na imagem `a esquerda (clique nas imagens para amplia-las):
A RW penetra bem e da bom preenchimento dos espacos dos veios mas, nas depressoes, permanece branca e opaca apos secar, com evidente prejuizo estetico do visual do lenho. Por isso, seu uso em moveis e demais objetos de madeira e' recomendado apenas em superficies ja acabadas, onde os veios ja estao preenchidos.
Ja a microcera, como mostra a imagem `a direita, apesar do 'inconveniente' da aplicacao um pouco mais trabalhosa e demorada, resulta totalmente translucida depois de seca, sem produzir quaisquer manchas.
Como mostram as imagens abaixo, ambas as ceras mostraram-se muito eficientes em impermeabilizar a madeira, com a microcera mostrando um acabamento nitidamente com maior brilho...
Com essas observacoes, minha conclusao e', em funcao do custo e dos problemas com manchas esbranquicadas, o emprego de RW em madeira deve ser reservado para casos excepcionalissimos.
Ja a microcera parece-me ter bastante promessa e, independente de seu uso em metais, certamente pretendo inclui-la em meu arsenal de acabamentos.
Ate para testar a eficiencia do emprego da microcera como acabamento exclusivo, peguei um naco de cedro rosa na sucata geral e em um lado lixei sua extremidade ate G220. Entao, empregando uma formulacao de microcera com um pouco mais de solvente de forma a deixa-la mais pastosa do que a empregada nos metais, apliquei-a com pano na area lixada. Aguardei 15-20 minutos e removi o excesso com escova de sapatos. Uma hora depois aproximadamente, dei um polimento inicial com uma flanela e entao com um bone de la girado por uma furadeira manual a bateria...
Esse ai acima entao, o resultado de uma unica demao aplicada diretamente sobre a madeira lixada e crua. Alem do brilho acetinado, o que mais me impressionou foi a textura sedosa do acabamento.
As duas marcas circulares apontadas pela seta amarela resultaram de eu tentar, com forca suficiente para 'machucar' o lenho, usar as unhas para remover e/ou arranhar o acabamento no dia seguinte `a aplicacao. Adesividade e resistencia muito boas, para o meu gosto.
Como disse, tem promessa...
O teste consistiu em, ao mesmo tempo em que as estava aplicando na barra de aco, aplica-las tambem em um pedaco que sobrara de um painel de cedro rosa e cedro gaucho; no segmento central de cedro rosa o produto importado, a Renaissance Wax (RW) e, em parte dos segmentos laterais de cedro gaucho, a microcera.
A imagem acima, tomada logo apos a aplicacao das ceras mostra bem as areas onde foi aplicada a microcera, pelo escurecimento provocado pelo solvente. Apos secar, tanto a microcera como a RW praticamente nao alteram em nada a coloracao das madeiras.
Note-se, tambem em madeira a aplicacao da RW e' muito mais simples: basta aplicar uma camada tao fina quanto possivel e, em seguida, remover o excesso com um pano limpo. A microcera necessita aguardar uns 15-20 minutos de secagem para remover o excesso, com pano ou, como foi o caso, com escova.
Como eu ja havia sido informado por minhas pesquisas sobre a RW, ela apresenta um serio inconveniente ao ser usada como acabamento em madeira, e que fica evidente na imagem `a esquerda (clique nas imagens para amplia-las):
A RW penetra bem e da bom preenchimento dos espacos dos veios mas, nas depressoes, permanece branca e opaca apos secar, com evidente prejuizo estetico do visual do lenho. Por isso, seu uso em moveis e demais objetos de madeira e' recomendado apenas em superficies ja acabadas, onde os veios ja estao preenchidos.
Ja a microcera, como mostra a imagem `a direita, apesar do 'inconveniente' da aplicacao um pouco mais trabalhosa e demorada, resulta totalmente translucida depois de seca, sem produzir quaisquer manchas.
Como mostram as imagens abaixo, ambas as ceras mostraram-se muito eficientes em impermeabilizar a madeira, com a microcera mostrando um acabamento nitidamente com maior brilho...
Com essas observacoes, minha conclusao e', em funcao do custo e dos problemas com manchas esbranquicadas, o emprego de RW em madeira deve ser reservado para casos excepcionalissimos.
Ja a microcera parece-me ter bastante promessa e, independente de seu uso em metais, certamente pretendo inclui-la em meu arsenal de acabamentos.
Ate para testar a eficiencia do emprego da microcera como acabamento exclusivo, peguei um naco de cedro rosa na sucata geral e em um lado lixei sua extremidade ate G220. Entao, empregando uma formulacao de microcera com um pouco mais de solvente de forma a deixa-la mais pastosa do que a empregada nos metais, apliquei-a com pano na area lixada. Aguardei 15-20 minutos e removi o excesso com escova de sapatos. Uma hora depois aproximadamente, dei um polimento inicial com uma flanela e entao com um bone de la girado por uma furadeira manual a bateria...
Esse ai acima entao, o resultado de uma unica demao aplicada diretamente sobre a madeira lixada e crua. Alem do brilho acetinado, o que mais me impressionou foi a textura sedosa do acabamento.
As duas marcas circulares apontadas pela seta amarela resultaram de eu tentar, com forca suficiente para 'machucar' o lenho, usar as unhas para remover e/ou arranhar o acabamento no dia seguinte `a aplicacao. Adesividade e resistencia muito boas, para o meu gosto.
Como disse, tem promessa...
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Cera microcristalina - primeiras conclusoes
(clique nas imagens para amplia-las)
O primeiro periodo de testes quanto a formular cera microcristalina como protetor contra oxidacao de aco/ferro — envolvendo as observacoes mais imediatas, possiveis de ser realizadas em relativamente curto espaco de tempo — esta concluido.
Nao pretendo macar meus sete fieis leitores com detalhes tediosa e odiosamente minuciosos do que foi realizado ou deixado de fazer, ou entulhar esta postagem anexando uma pilha de imagens demonstrando isso ou aquilo.
Resumidamente entao, o que foi feito foi remover totalmente em alguns pontos a oxidacao de uma sucata de aco jogada ha anos (usada para meus treinamentos em solda eletrica); nesses pontos aplicar uma meia duzia de diferentes formulacoes da cera microcristalina e entao, primeiro, pulverizar agua na tal barra de aco e deixar ficar por 12-24 horas. Depois, registrar os resultados em fotos, tornar a preparar os pontos e aplicar neles vinagre e deixar ficar ate bem seca. Registrar os resultados, preparar novas formulacoes e repetir os testes. Adicionalmente, a cera foi usada em madeira, para tirar uma temperatura de sua aplicabilidade.
De todas as formulacoes que preparei a que mostrou melhor desempenho contra a ferrugem foi a preparada nessa dosagem:
cera microcristalina -120g
cera de carnauba - 40g
limoleno - 95ml
O resultado e' uma cera em pasta relativamente dura, firme e facil de aplicar com pano limpo.
A tecnica de aplicacao com melhores resultados foi passar a cera com pano, deixar secar por 10-15 minutos, remover o excesso com bombril, tornar a aplicar e repetir o processo ate completar tres demaos de cera.
Ahi `a esquerda, o resultado apos a aplicacao de agua — o que para mim equivale a varias semanas de exposicao ao ar bem umido. Alguma oxidacao ocorreu na area protegida, ainda que bem menor do que na regiao sem protecao, como aponta a seta verde. Passando bombril na area protegida boa parte da ferrugem saiu, mas especialmente onde havia depressoes foi necessario aplicar lixa para remove-la toda.
Abaixo, a aplicacao de vinagre — um ano de exposicao? Na foto `a esquerda as bolhas mostrando que o acido ultrapassou a protecao da cera e esta em contato e reagindo com o metal; na da direita o resultado depois de seco.
Fica claro que, nao surprendentemente, a oxidacao foi muitissimo mais intensa com o ataque acido do que so com a agua, Muitos e mais profundos residuos restaram apos a aplicacao de bombril necessitando lixamento bem mais intenso para conseguir clarear o metal.
Ao fim e ao cabo, pude avaliar essa formulacao de cera empregada ate apresenta um consideravel grau de protecao contra a oxidacao em comparacao ao metal desprotegido, e certamente bem maior protecao do que a obtida empregando oleos finos, mesmo associados a removedores de agua como o WD-40 (sim, eu ja realizei testes com tais materiais em outras oportunidades).
Alem disso ha de se levar em consideracao, em termos de praticidade, a cera nao precisa ser removida dos tampos e/ou ferramentas que esta protegendo antes de serem utilizados e pode ser reaplicada sem maiores preparos, enquanto os oleos devem ser limpos a cada uso para nao contaminar/sujar as madeiras. Adicionalmente, as superficies enceradas permitem um deslizamento com muito menor atrito com as madeiras do que o metal nu, o que se traduz em consideravel melhora ergonomica nos procedimentos.
Testes praticos cobrindo bem maiores intervalos de tempo serao necessarios, claro, e vou faze-los e eventualmente reportar aqui os resultados, mas a sensacao que fica e' a utilizacao dessa cera sendo reaplicada semanalmente ou a cada 10 dias permitira, mesmo nas estacoes chuvosas, manter uma boa conservacao de metal exposto.
Ahi ao lado a latinha de cera para automoveis, bem lavada com solvente para garantir a remocao de todo silicone, onde coloquei a cera obtida conforme a formulacao acima, a que ofereceu melhor protecao para metais ferrosos de acordo com meus testes. A utiliza-la na frequencia que como apontado acima me parece sera eficaz para evitar oxidacao dos tampos e/ou ferramentas, e' quantidade suficiente para mais de ano. O custo? Tudo somado, imagino que, a precos de hoje, menos do que tres carteiras de cigarro.
Um produto simples de preparar, se mantido bem fechado praticamente nao envelhece, relativamente eficiente e certamente barato. Parece-me uma solucao aceitavel para o problema da ferrugem.
Agora... Se ser barato nao e' tao importante, deixem que lhes diga: a Renaissance Wax® (RW), o produto importado que deu origem a essas ultimas postagens, esse sim e' a solucao definitiva.
Porque nao sou, ou pelo menos gosto de pensar que nao sou cretino, nunca imaginei poderia no fundo do meu quintal produzir algo que sequer se aproximasse da performance de um produto desenvolvido em centro de ponta, por pesquisadores de ponta do Primeiro Mundo com acesso a materiais de ponta...
(Alias, falar em materiais de ponta, permitam-me um parentese:
O inconveniente da RW e' o de todo importado: o preco. Com frete, o pote de 200ml de RW acaba saindo ao redor de 30 alfaces. E mais o imposto.
Mas a quantidade a ser aplicada e' minima. No teste, apliquei com a ponta do dedo, um tiquinho. E, tao logo aplicado passa-se um paninho para remover o excesso. Imagino eu, para a maioria dos hobistas os 200ml de um potinho (ha os de 65ml, mais baratos) vao chegar para dois a quatro anos. Mas, inegavelmente, o investimento inicial nao e' banana...
E por enquanto e' isso.
Daqui a uns meses, quando tiver colhido dados apreciaveis, pretendo voltar aqui a este batcanal e apresentar os resultados que tiver obtido. Quanto ao uso de cera com microparafina em madeira... fica para uma proxima.
O primeiro periodo de testes quanto a formular cera microcristalina como protetor contra oxidacao de aco/ferro — envolvendo as observacoes mais imediatas, possiveis de ser realizadas em relativamente curto espaco de tempo — esta concluido.
Bah! |
Nao pretendo macar meus sete fieis leitores com detalhes tediosa e odiosamente minuciosos do que foi realizado ou deixado de fazer, ou entulhar esta postagem anexando uma pilha de imagens demonstrando isso ou aquilo.
Resumidamente entao, o que foi feito foi remover totalmente em alguns pontos a oxidacao de uma sucata de aco jogada ha anos (usada para meus treinamentos em solda eletrica); nesses pontos aplicar uma meia duzia de diferentes formulacoes da cera microcristalina e entao, primeiro, pulverizar agua na tal barra de aco e deixar ficar por 12-24 horas. Depois, registrar os resultados em fotos, tornar a preparar os pontos e aplicar neles vinagre e deixar ficar ate bem seca. Registrar os resultados, preparar novas formulacoes e repetir os testes. Adicionalmente, a cera foi usada em madeira, para tirar uma temperatura de sua aplicabilidade.
De todas as formulacoes que preparei a que mostrou melhor desempenho contra a ferrugem foi a preparada nessa dosagem:
cera microcristalina -120g
cera de carnauba - 40g
limoleno - 95ml
O resultado e' uma cera em pasta relativamente dura, firme e facil de aplicar com pano limpo.
A tecnica de aplicacao com melhores resultados foi passar a cera com pano, deixar secar por 10-15 minutos, remover o excesso com bombril, tornar a aplicar e repetir o processo ate completar tres demaos de cera.
Ahi `a esquerda, o resultado apos a aplicacao de agua — o que para mim equivale a varias semanas de exposicao ao ar bem umido. Alguma oxidacao ocorreu na area protegida, ainda que bem menor do que na regiao sem protecao, como aponta a seta verde. Passando bombril na area protegida boa parte da ferrugem saiu, mas especialmente onde havia depressoes foi necessario aplicar lixa para remove-la toda.
Abaixo, a aplicacao de vinagre — um ano de exposicao? Na foto `a esquerda as bolhas mostrando que o acido ultrapassou a protecao da cera e esta em contato e reagindo com o metal; na da direita o resultado depois de seco.
Fica claro que, nao surprendentemente, a oxidacao foi muitissimo mais intensa com o ataque acido do que so com a agua, Muitos e mais profundos residuos restaram apos a aplicacao de bombril necessitando lixamento bem mais intenso para conseguir clarear o metal.
Ao fim e ao cabo, pude avaliar essa formulacao de cera empregada ate apresenta um consideravel grau de protecao contra a oxidacao em comparacao ao metal desprotegido, e certamente bem maior protecao do que a obtida empregando oleos finos, mesmo associados a removedores de agua como o WD-40 (sim, eu ja realizei testes com tais materiais em outras oportunidades).
Alem disso ha de se levar em consideracao, em termos de praticidade, a cera nao precisa ser removida dos tampos e/ou ferramentas que esta protegendo antes de serem utilizados e pode ser reaplicada sem maiores preparos, enquanto os oleos devem ser limpos a cada uso para nao contaminar/sujar as madeiras. Adicionalmente, as superficies enceradas permitem um deslizamento com muito menor atrito com as madeiras do que o metal nu, o que se traduz em consideravel melhora ergonomica nos procedimentos.
Testes praticos cobrindo bem maiores intervalos de tempo serao necessarios, claro, e vou faze-los e eventualmente reportar aqui os resultados, mas a sensacao que fica e' a utilizacao dessa cera sendo reaplicada semanalmente ou a cada 10 dias permitira, mesmo nas estacoes chuvosas, manter uma boa conservacao de metal exposto.
Ahi ao lado a latinha de cera para automoveis, bem lavada com solvente para garantir a remocao de todo silicone, onde coloquei a cera obtida conforme a formulacao acima, a que ofereceu melhor protecao para metais ferrosos de acordo com meus testes. A utiliza-la na frequencia que como apontado acima me parece sera eficaz para evitar oxidacao dos tampos e/ou ferramentas, e' quantidade suficiente para mais de ano. O custo? Tudo somado, imagino que, a precos de hoje, menos do que tres carteiras de cigarro.
Um produto simples de preparar, se mantido bem fechado praticamente nao envelhece, relativamente eficiente e certamente barato. Parece-me uma solucao aceitavel para o problema da ferrugem.
Agora... Se ser barato nao e' tao importante, deixem que lhes diga: a Renaissance Wax® (RW), o produto importado que deu origem a essas ultimas postagens, esse sim e' a solucao definitiva.
Porque nao sou, ou pelo menos gosto de pensar que nao sou cretino, nunca imaginei poderia no fundo do meu quintal produzir algo que sequer se aproximasse da performance de um produto desenvolvido em centro de ponta, por pesquisadores de ponta do Primeiro Mundo com acesso a materiais de ponta...
(Alias, falar em materiais de ponta, permitam-me um parentese:
- Pesquisando sobre parafina microcristalina, entre outras coisas descobri que, por outros produtos sinteticos cumprirem melhor varias das funcoes em que esse derivado do petroleo era empregado, varias destilarias mundo afora cessaram sua manufatura. Isso tornou o produto escasso no mercado e quando, la por 2010, surgiram certas aplicacoes demandando seu uso, a demanda nao teve como ser atendida.
- A Petrobras produzia e produz parafinas microcristalinas alegadamente consideradas de superior qualidade, das melhores do mundo, com teor de oleos inferior a 1%.
- Quando surgiu a demanda la de fora, o que fez a Petrobras Distribuidora? Tratou de atende-la, e tanto, que parafina microcristalina desapareceu do mercado de pindorama. Nao consegui saber com certeza, mas parece que o mercado interno ainda continua desabastecido por nossa estatal do petroleo. E nossa demanda acaba sendo atendida por... material de qualidade inferior proveniente da China.
- Como nao e' nada incomum, nem infrequente, exportamos o nosso bom, e importamos...
- Bueno, a parafina microcristalina que comprei tinha ponto de ebulicao mais baixo do que a da Petrobras, e 1,6% de oleos.)
Mas voltando `a vaca fria, ou `a RW: Como disse em postagem anterior eu ja constatara sua excepcional capacidade de proteger metais. E, ja que estava com a mao na massa, naturalmente resolvi fazer os mesmos testes com ela. No teste com agua, nem o menor sinal de oxidacao nas areas protegidas. No teste com vinagre... Vejam as imagens:
Praticamente nenhuma borbulha no vinagre |
Depois de seco, a cor do que ficou depositado e' um preto esverdeado, nada que lembre ferrugem Aparentemente (veja abaixo) o acido reagiu com a cera, nao com o metal |
A aplicacao de bombril removeu praticamente todo o deposito, o metal ficando intocado |
Mas a quantidade a ser aplicada e' minima. No teste, apliquei com a ponta do dedo, um tiquinho. E, tao logo aplicado passa-se um paninho para remover o excesso. Imagino eu, para a maioria dos hobistas os 200ml de um potinho (ha os de 65ml, mais baratos) vao chegar para dois a quatro anos. Mas, inegavelmente, o investimento inicial nao e' banana...
E por enquanto e' isso.
Daqui a uns meses, quando tiver colhido dados apreciaveis, pretendo voltar aqui a este batcanal e apresentar os resultados que tiver obtido. Quanto ao uso de cera com microparafina em madeira... fica para uma proxima.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Cera microcristalina - preparando a encrenca
Como esperado, chegou hoje a encomenda: um quilo de cera microcristalina.
Pelo plastico transparente da embalagem da para ver sao perolazinhas, muito brancas, Abrindo e pegando a coisa na mao, as perolazinhas sao nada aderentes, muito lisas e duras; se apertadas com toda a forca entre os dedos nao se deformam, mas calcando com a unha elas cedem. Parecem feitas de um plastico macio, digamos assim.
Passei as perolazinhas do saco plastico para uns vidros, como da para ver ahi na foto `a esquerda, com um saco com cera de carnauba fazendo companhia.
Mas o que interessa e' por maos `a obra. Do que havia prospectado na Rede, resolvi experimentar com 100g de micro, 30g de carnauba e 300ml de solvente. Nao nessas quantidades, claro, que cera rende muito e isso daria para par de anos. Reduzi para 1/10: 10g de micro, 3g de carnauba e 30ml de limoleno.
Ahi na foto acima, o 'laboratorio' para preparar a formula. Da esquerda para a direita, um fogaozinho eletrico com termostato, com uma caneca quase cheia d'agua em cima, um termometro de culinaria e uma balanca de cozinha com resolucao em gramas. E uns potinhos onde derreter/esquentar as coisas...
Quando comecei a lidar com preparo de ceras eu utilizava o fogao da cozinha, com chama aberta, para esquentar o banho-maria. E recomendava deixar por via das duvidas um extintor de automovel `a mao, em caso de necessidade. Eventualmente... Houve a necessidade! Deixem que lhes diga o extintor e' uma pessima ideia. Sim, apagou o fogo. Mas esparramou po por tudo, jogou agua e cera derretida longe, gerando ocupacao para praticamente um dia inteiro de mao de obra ate a cozinha voltar a um estado compativel com atividades culinarias. Com o que, aprendi tres coisas: 1) Se necessario esquentar o solvente e/ou cera ja diluida com solvente, usando chama aberta e' praticamente certo vai pegar fogo na cera ou no solvente; 2) O melhor jeito de apagar o fogo da cera ou do solvente NAO e' usar extintor mas, calmamente, tampar o banho-maria, com uma tampa, uma toalha umida, qualquer coisa que abafe o fogo; 3) Cozinha nao e' lugar de preparar cera.
O certo e', em um ambiente externo, de preferencia bem aberto para nao ficar empestado com os fumos que porventura exalem e/ou malcheirosos respingos problematicos, utilizar um aquecedor eletrico, sem chama — de preferencia com termostato para evitar a agua do banho-maria ferva furiosamente e possa entornar a cera. Um termometro ajuda a setar o termostato. Uma balanca, claro, para pesar os componentes, e alguma coisa, um frasco graduado, uma seringa, etc., para medir o solvente. Obviamente esta-se utilizando equipamentos de culinaria, nao de precisao — ha de se considerar uma margem de erro compativel.
E com tais aparatos e consideracoes, esta montado o cenario onde iniciar-se a producao dos primeiros testes.
Pesei as ceras... E nisso ja cometi um erro.
Peguei um potinho, pus na balanca e adicionei a cera microcristalina ate 10g, e comecei a adicionar a carnauba. Logo vi a quantidade que havia adicionado certamente ja deveria ser mais do que 3g, mas a balanca dizia que nao. Aquilo que falei ali acima: e' equipamento para cozinha, nao e' equipamento de precisao. O jeito e' pesar uma cera em um pote, conferir tres, cinco vezes, e pesar a outra cera em outro pote, conferir tres, cinco vezes, e so entao mistura-las.
E entao levar ao banho-maria. E esperar. Ambas as ceras tem ponto de fusao alto, ao redor de 80-90°C, entao leva um tempinho.
Quando praticamente toda a cera estiver derretida, em outro pote leva-se o solvente para o banho-maria, aguarda-se uns minutos, adiciona-se uma pequenissima pitada de bicarbonato de sodio `as ceras, mais uma boa mexida e entao tira-se tudo do banho e derrama-se o solvente nas ceras. Mexe-se bem e despeja-se a cera ainda liquida na embalagem definitiva.
E ahi esta o resultado da primeira 'fornada'. Em duas latinhas de graxa de sapato `a esquerda, o resultado da formula como descrita acima. `A direita, na latinha e no pote de plastico, o resultado de preparo daquela pesagem que saiu torta, uma percentagem bem menor de carnauba, que eu calculo entre 0,7 e 1,3g muito aproximadamente, e com um pouco mais de solvente, talvez ahi por uns 40ml. Afinal, experimentar e' preciso, hehehe...
Agora, aguardar umas 24 horas para a cera emulsionar bem antes de partir para aplicar um pouco das formulas em uns tampos de maquinas e ver como se desempe...
Haan?
Como?
Para que o tal de bicarbonato?
Bueno, tanto eu tenha lido o uso da cera de carnauba para conservacao de metais pode ser problematico porque quando em tempo essa cera se oxida tende a se tornar acida. O bicarbonato e' para, talvez, evitar essa possivel acidez.
Pelo plastico transparente da embalagem da para ver sao perolazinhas, muito brancas, Abrindo e pegando a coisa na mao, as perolazinhas sao nada aderentes, muito lisas e duras; se apertadas com toda a forca entre os dedos nao se deformam, mas calcando com a unha elas cedem. Parecem feitas de um plastico macio, digamos assim.
Passei as perolazinhas do saco plastico para uns vidros, como da para ver ahi na foto `a esquerda, com um saco com cera de carnauba fazendo companhia.
Mas o que interessa e' por maos `a obra. Do que havia prospectado na Rede, resolvi experimentar com 100g de micro, 30g de carnauba e 300ml de solvente. Nao nessas quantidades, claro, que cera rende muito e isso daria para par de anos. Reduzi para 1/10: 10g de micro, 3g de carnauba e 30ml de limoleno.
Ahi na foto acima, o 'laboratorio' para preparar a formula. Da esquerda para a direita, um fogaozinho eletrico com termostato, com uma caneca quase cheia d'agua em cima, um termometro de culinaria e uma balanca de cozinha com resolucao em gramas. E uns potinhos onde derreter/esquentar as coisas...
- ooOoo -
Quando comecei a lidar com preparo de ceras eu utilizava o fogao da cozinha, com chama aberta, para esquentar o banho-maria. E recomendava deixar por via das duvidas um extintor de automovel `a mao, em caso de necessidade. Eventualmente... Houve a necessidade! Deixem que lhes diga o extintor e' uma pessima ideia. Sim, apagou o fogo. Mas esparramou po por tudo, jogou agua e cera derretida longe, gerando ocupacao para praticamente um dia inteiro de mao de obra ate a cozinha voltar a um estado compativel com atividades culinarias. Com o que, aprendi tres coisas: 1) Se necessario esquentar o solvente e/ou cera ja diluida com solvente, usando chama aberta e' praticamente certo vai pegar fogo na cera ou no solvente; 2) O melhor jeito de apagar o fogo da cera ou do solvente NAO e' usar extintor mas, calmamente, tampar o banho-maria, com uma tampa, uma toalha umida, qualquer coisa que abafe o fogo; 3) Cozinha nao e' lugar de preparar cera.
O certo e', em um ambiente externo, de preferencia bem aberto para nao ficar empestado com os fumos que porventura exalem e/ou malcheirosos respingos problematicos, utilizar um aquecedor eletrico, sem chama — de preferencia com termostato para evitar a agua do banho-maria ferva furiosamente e possa entornar a cera. Um termometro ajuda a setar o termostato. Uma balanca, claro, para pesar os componentes, e alguma coisa, um frasco graduado, uma seringa, etc., para medir o solvente. Obviamente esta-se utilizando equipamentos de culinaria, nao de precisao — ha de se considerar uma margem de erro compativel.
- ooOoo -
E com tais aparatos e consideracoes, esta montado o cenario onde iniciar-se a producao dos primeiros testes.
Pesei as ceras... E nisso ja cometi um erro.
Peguei um potinho, pus na balanca e adicionei a cera microcristalina ate 10g, e comecei a adicionar a carnauba. Logo vi a quantidade que havia adicionado certamente ja deveria ser mais do que 3g, mas a balanca dizia que nao. Aquilo que falei ali acima: e' equipamento para cozinha, nao e' equipamento de precisao. O jeito e' pesar uma cera em um pote, conferir tres, cinco vezes, e pesar a outra cera em outro pote, conferir tres, cinco vezes, e so entao mistura-las.
E entao levar ao banho-maria. E esperar. Ambas as ceras tem ponto de fusao alto, ao redor de 80-90°C, entao leva um tempinho.
Quando praticamente toda a cera estiver derretida, em outro pote leva-se o solvente para o banho-maria, aguarda-se uns minutos, adiciona-se uma pequenissima pitada de bicarbonato de sodio `as ceras, mais uma boa mexida e entao tira-se tudo do banho e derrama-se o solvente nas ceras. Mexe-se bem e despeja-se a cera ainda liquida na embalagem definitiva.
E ahi esta o resultado da primeira 'fornada'. Em duas latinhas de graxa de sapato `a esquerda, o resultado da formula como descrita acima. `A direita, na latinha e no pote de plastico, o resultado de preparo daquela pesagem que saiu torta, uma percentagem bem menor de carnauba, que eu calculo entre 0,7 e 1,3g muito aproximadamente, e com um pouco mais de solvente, talvez ahi por uns 40ml. Afinal, experimentar e' preciso, hehehe...
Agora, aguardar umas 24 horas para a cera emulsionar bem antes de partir para aplicar um pouco das formulas em uns tampos de maquinas e ver como se desempe...
Haan?
Como?
Para que o tal de bicarbonato?
Bueno, tanto eu tenha lido o uso da cera de carnauba para conservacao de metais pode ser problematico porque quando em tempo essa cera se oxida tende a se tornar acida. O bicarbonato e' para, talvez, evitar essa possivel acidez.
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