quarta-feira, 18 de junho de 2014

Relogio I - feito!

(Como sempre, clicar nas imagens abre-as em maior definicao.)

Corrigidos basicamente com o uso de um estilete os defeitos mencionados na postagem anterior, nos cortes efetuados com a tupia, hora de efetuar a colagem da frente e da traseira do movel do relogio. Tratando-se obviamente de um projeto extremamente experimental, resolvi experimentar e efetuar as colagens das ripas utilizando... fita de dupla face VHB (very high bond) da 3M, que tem substrato de espuma de acrilico transparente.



Saber que essa fita de altissima adesividade tem sido usada mundo afora inclusive para colagem de vidros externos em arranha-ceus de centos andares e outros usos igualmente de alta exigencia, a conveniencia de uma colagem sem necessitar lambusos, grampos e espera por secar, tudo isso associado ao fato de a colagem final — em funcao das caracteristicas do substrato da fita — apresentar sempre uma certa flexibilidade, foram os determinantes da opcao. Barbadinha: colar a fita nos rasgos, remover o plastico verde, juntar as pecas e... pronto!

Traseira e frente montadas...









Facil demais, claro, e imaginei a Implicancia Natural das Coisas nao ia deixar tudo assim tao barato!

Por via das duvidas eu resolvi aplicar nos cantos dos dois quadros, frente e fundos do movel, uns parafusinhos. So por seguranca, voces sabem como e'. Testei tudo, tudo bem colado, apenas uma leve mobilidade como esperado quando forcando os quadros para os lados, para fora do esquadro.

Para evitar que em funcao das muitas manipulacoes necessarias no resto da montagem a madeira acabasse se sujando, resolvi dar uma lixada nas pecas e aplicar umas duas demaos de goma-laca como selador/protetor.

Batata!

Foi aplicar a laca e constatar que o alcool e' solvente do adesivo da fita VHB; os quadros que estavam bem firmezinhos, logo apos a aplicacao da goma-laca ficaram todos guenzos, parecia que estavam colados com gelatina. Droga! Que fazer? Desmontar tudo? Sabendo o quao dificil e' remover aquela fita, iria levar um tempao e muito provavelmente varias das ripinhas iam acabar se quebrando no processo; bem provavel que fosse levar menos tempo cortar todas as pecas de novo. De todo modo, quando a laca secou, o alcool evaporou, a cola pegou de novo. Nao tao firme, me pareceu, mas nao estava mais a coisa molenga que estava logo depois da pintura.

Ocorreu-me fixar as emendas, sem remover as fitas, aplicando parafusos em todas. Mas ia ficar horrivel, pensei. Eu nao tenho nada contra parafusos e nao raro ate os emprego como enfeites, mas aquelas ripinhas finas tapadas de parafusos ia ficar parecendo um troco saido de livro do Frankenstein. Mas...

Para ahi! Se nao parafusos, quem sabe cavilhas? Fiz um teste e... funcionou. Furinho de 2,5mm, bastante cola e, como cavilha... palito de dentes!

Resultou um belo metodo. Tao bom que acabei empregando a 'tecnica' em praticamente todas as inumeras juncoes que se seguiram — como imagino possa ser visto ahi na foto `a direita e, reparando bem, em todas as demais fotos desta postagem.

A partir dai fiz uma base onde apoiar a frente e a traseira do movel, fixadas no esquadro com grampos, e utilizei as ripinhas para uni-las, tudo fixado com cola PVA e, claro, palitos. No topo, uma colagem de um desdobro em 'livro aberto' do que sobrara da prancha de onde cortei as ripinhas. Adicionados uns restinhos de maracatiara para fazer um grau, e estava pronta a estrutura do movel.

Feitas e secas todas as colagens, lixa grossa, lixa media, lixa fina e aplicacao de goma-laca a pincel.

Obviamente goma-laca a pincel nao da o mesmo acabamento delicado que se consegue com boneca, mas vamos combinar que usar boneca nesse movel e' uma forma das mais crueis de tortura chinesa — embora eu fique imaginando que aplicar cera e tentar lustrar possivelmente fosse ainda pior, hehe.

De qualquer maneira, para o meu gosto pelo menos o resultado ficou ate bem aceitavel.


 Pronto o movel, colar uns numeros no mostrador, aparafusar a maquina no lugar, colocar o pendulo e os ponteiros e...

Eis ahi o meu primeiro relogio!


sábado, 14 de junho de 2014

Relogio I - engatinhando

Como mencionei na minha postagem anterior aqui neste batcanal, fiquei considerando eventualmente construir de um novo gabinete para meu recem chegado relogio de chao. No sentido de acumular conhecimentos pertinentes a tal projeto pensei em comecar por uma tentativa de executar algo ultra simples nesse veio, para ir tirando a temperatura das pedras e espinhos do caminho...

Obviamente, iniciei por adquirir uma maquina a quartzo — barata, bem simplesinha mas com pendulo, hehe — para balizar os tamanhos. O engenho veio com ponteiros e um pendulo (ridiculo, mas um pendulo), e mais nada. Por obvio, o primeiro passo era construiur um dial, um mostrador para o futuro relogio.

A opcao foi pelo design mostrado ahi na foto `a esquerda, um circulo e uma coroa concentricos. O circulo marquei com um compasso seco e serrei na ticotico de bancada em compensado de 5mm; a coroa igualmente, mas em um resto de cedrinho de ~1,5cm de espessura. O circulo, dei acabamento com lixadeira; a  coroa, resolvi dar acabamento no torno. O cedrinho, muito pouco denso, nao resistiu e quebrou nos veios curtos, o ponto de menor resistencia:



Primeira licao aprendida, hehehe...


Acabei refazendo a coroa, dessa vez diretamente no torno e utilizando louro-gaucho. (O que, incidentalmente, acabou determinando a opcao por qual madeira utilizar no resto do projeto.)


O mostrador montado, suas medidas determinadas pelo comprimento dos ponteiros da maquina, hora de usa-lo para balizar um design para o relogio.

Utilizei um resto de prancha de louro-gaucho para cortar na serra de mesa uns sarrafinhos de secao quadrada, para a montagem de uma especie de 'gaiola'.


A vantagem dos sarrafos soltos foi possibilitar inumeras variedades de posicionamento, angulos, etc. A desvantagem, se isso for desvantagem, foi o consideravel consumo de tempo no avaliar as inumeras possibilidades.


Eventualmente, acabei me agradando de uma configuracao e ahi foi partir para dimensionar. Direto no projeto, claro, sem medidas, que medir diminui a precisao, hehehe...


A imagem ahi na esquerda mostra o que devera ser a frente do relogio, vista por tras, com os sarrafinhos ja todos cortados nas devidas medidas e configurados no formato que acabei decidindo empregar. (As tabuas de cedrinho `a esquerda e no topo da imagem, fixas `a bancada com grampos, formam um esquadro que emprego para justamente ajudar no esquadrejar pecas para montagens e colagens.)

Tendo entao estabelecido as posicoes das pecas, a proxima etapa foi abrir rasgos nas ripinhas transversais onde encaixar as longitudinais, o que resolvi fazer utilizando a tupia de mesa, pela facilidade e precisao para os cortes repetitivos.


Nao foi uma boa opcao!
Os cortes, de topo, resultaram em consideravel incidencia de esfacelamentos, fraturas e arrancamentos...

A serra de mesa com uma lamina adequada teria oferecido praticamente a mesma precisao e por certo resultados de muito melhor qualidade. Mas a preguica de refazer todo o setup em outra maquina acabou vencendo, e o servico foi feito mesmo na tupia. (As 'matacoes' naturalmente terao de ser corrigidas com lixas, e lixar e' algo que eu gritantemente detesto — o que so vem confirmar, licao que nunca se aprende, preguicoso acaba sempre trabalhando dobrado, hehe.)


De qualquer maneira, mesmo sem a correcao dos defeitos foi possivel fazer uma montagem seca da peca e ja ter-se uma ideia de como ficara a frente do relogio, como pode ser visto ahi na imagem `a direita.

Que e' onde estamos...

Obviamente, o que me tomou uma semana fazer poderia facilmente ser feito em meio dia. Mas muito mais do que fazer, esse tipo de lide consome tempo mesmo e' em pensar, na decisao do que fazer.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Intervalo

Um velho sonho...

Verdade que considerei construir um eu mesmo.

Quer dizer, construir o gabinete a partir de uma mecanica pronta. Mas infelizmente aqui em pindorama e' um projeto demasiado complicado e economicamente desastroso.

Dai que acabei ocupado nas ultimas semanas com tramites para conseguir um pronto, de um jeito que nao ficasse muito complicado e, principalmente, que fosse um investimento economicamente aceitavel. Acabei conseguindo — e agora ha inclusive a possibilidade de um dia, querendo, construir um outro gabinete e transferir o miolo desse, hehehe...


De todo modo, achei que ficou bonito, dominando a sala...