Como mencionei na postagem anterior, julguei estava na obrigacao de construir uma caixa onde alojar na sua bandeja premoldada a serrinha sabre, o recem-chegado e mais recente icone do meu altar de ferramentolatria. Sim, certo: tenho varias ferramentas mais nobres, mais caras e mais delicadas guardadas sem qualquer embalagem. Mas... fazer o que? Jogar fora a bandeja? Nao, nao, nem pensar. Sacrilegio! Pecado mortalissimo, imperdoavel.
Fazer a caixa, inescapavel obrigacao. E ponto.
No primeiro momento pensei fazer a caixa com compensado. Mas qual a graca? O que poderia aprender? Optei entao por utilizar sobras de madeira macica: reciclar a sucata e' sempre uma boa obra e nessa lida sempre ha o que aprender ou, no minimo, treinar. Catando entre os restos, encontrei um retalho de cedro-mara suficiente para fazer base e tampa da caixa, e um sarrafo de cedro-rosa para as laterais. O detalhe e' que ambos os cedros para executar-se o, mm, projeto, precisariam ser desdobrados, cortados ao meio na espessura. Como a ideia era aprender e nao havia nenhuma pressa, resolvi executar algo que so havia visto em videos: desdobrar as pecas na mao, utilizando um serrote ryoba, japones. Usei um graminho para marcar uma linha de metade da espessura em todos os lados da chapa de cedro-mara, e pus maos `a obra...
Ficou um buraco de um lado (o direito, na foto acima) e um correspondente calombo do outro. Tudo bem, aprendi. E da proxima vez — se houver uma proxima vez! — ja sei o que fazer para evitar.
De todo modo, hora de aparelhar e dimensionar as chapas para fazer base e tampa da caixa. E ja que estava no embalo de ferramentas manuais, toquei em frente utilizando plainas de mao, uma scrub plane cortando na transversal dos veios para rebaixar o grosso e depois uma jack plane (a da foto), primeiro cortando nas diagonais dos veios e entao a favor dos veios para aplainar e deixar paralelas as faces largas das placas.
Outro suador!
Suei tanto que julguei a unica atitude nobre cabivel naquele momento era pausar tudo imediatamente e partir para uma reidratacao aguda. Com auxilio de umas long necks. E uns salgadinhos para parar de perder liquidos, por supuesto...
No outro dia, recuperado, hidratado, descansado, voltei para desdobrar o sarrafo de cedro-rosa. No entanto, considerei que repetir o processo com serrote e plainas manuais seria uma repeticao desnecessaria, tediosa. Para variar, so para variar, para treinar outras tecnicas, desenvolver o aprendizado, e tudo, e tal, desdobrei o sarrafo foi na serra de mesa mesmo, aplainei no desengrosso em duas passadas e dimensionei na serra de esquadria. Um tapa, dois toques, quando vi estava feito. E praticamente sem nem uma gota de suor! So um monte de poeira no ar, no corpo, nas roupas, mascara, oculos e tapa-ouvidos...
Ahi com a madeira toda aparelhada e dimensionada foi so rotina: montar a caixa, o unico regalito a colocacao de encaixes em cauda-de-andorinha nas laterais, envenenar tudo com cupinicida depois das — argh! — lixas, acabamento com oleo de linhaca e cera, dobradica, alca e a cereja do bolo: colocar a bandeja.
Colocada a serra e as laminas na bandeja dentro da caixa, agora so ficaram faltando as baterias.
Que vida, essa de hobista... Ta sempre faltando alguma coisa, hehehe.
Um ótimo trabalho, assim fica bem organizado, cada coisa no seu lugar, parabéns.
ResponderExcluirGrato pelo estimulo, Danilo.
ResponderExcluirBelo trabalho, o Ryoba deu conta do trabalho.
ResponderExcluirAbração
Com alguns problemas ocasionados por defict do operador mas, sim, deu conta, Antonio Carlos.
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