Andando bem devagarinho para nao assustar os cavalos (nao provocar o velho Pedro, quero dizer), torneei as travessas para o valete.
Iniciei serrando tres ripas de secao quadrada de uma prancha de pinho com um pouco menos de 85cm de comprimento que havia sobrado.
Como as travessas terao ao redor de 40cm, obviamente o passo seguinte seria cortar esses sarrafos ao meio para facilitar os giros, mas resolvi tornear a primeira inteira, mais para testar o uso da minha luneta do que por qualquer outra razao.
Como da para ver nas fotos acima e `a esquerda, a peca ocupou praticamente toda a largura da barra do torno e sem a menor duvida teria sido, sem o recurso da luneta, ainda mais dificil de tornear do que foi. Funciona, e e' uma mao na roda, o acessorio. (Ou, mais literalmente, umas rodas na peca, se me permitem a piada infame.)
Satisfeita a curiosidade quanto `a funcionalidade do acessorio, os outros sarrafos serrei ao meio e torneei sem luneta (e levei menos tempo para tornear todas as quatro pecas do que eu tinha levado so na peca inteirica).
E entao, com as travessas torneadas, agora e' aguardar uma brecha nas chuvas para fazer a montagem. E a estrutura basica do valete estara pronta, faltando apenas penduricalhos, alegorias e aderecos...
quarta-feira, 29 de maio de 2013
domingo, 26 de maio de 2013
Valete II
(Clique nas fotos para amplia-las.)
Com a cooperacao (nao muito entusiastica) do velho Pedro, os oito moldes de papel foram colados nas madeiras que foram entao recortadas na serra fita e posteriormente alisadas em tambor na furadeira de bancada.
Os moldes de papel ainda serviram para localizar a posicao e angulacao das furas para as emendas.
As madeiras escolhidas foram pinus para as pernas mais longas e pinho para o demais. Por duas razoes: por economia (os retalhos de pinho que eu tinha nao eram longos o bastante para as pernas maiores e eu nao quis atacar uma taboa inteira so para tirar as pernas) e para ter uma amostra permanente, para quem quiser ver, das diferencas entre pinho e pinus.
Para treinar, as furas foram cortadas `a mao com formoes comuns, utilizando (com alguns erros causados pelo esquecimento, hehe) a tecnica ensinada pelo grande Paul Sellers nesse video ahi abaixo:
O resultado nao foi nada para me gabar, com certeza, mas eu diria que bem aceitavel para a primeira vez:
As espigas igualmente foram cortadas `a mao, com serra, plainas e formoes, utilizando as furas ja abertas como referencia.
Com auxilio de grampos de aperto rapido as espigas foram encaixadas nas furas e feita a montagem seca das laterais:
E nisso estamos...
Com a cooperacao (nao muito entusiastica) do velho Pedro, os oito moldes de papel foram colados nas madeiras que foram entao recortadas na serra fita e posteriormente alisadas em tambor na furadeira de bancada.
Os moldes de papel ainda serviram para localizar a posicao e angulacao das furas para as emendas.
Para treinar, as furas foram cortadas `a mao com formoes comuns, utilizando (com alguns erros causados pelo esquecimento, hehe) a tecnica ensinada pelo grande Paul Sellers nesse video ahi abaixo:
O resultado nao foi nada para me gabar, com certeza, mas eu diria que bem aceitavel para a primeira vez:
Reparem nas duas fotos acima a diferenca
entre o pinus, acima, e o pinho, embaixo
entre o pinus, acima, e o pinho, embaixo
E nisso estamos...
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terça-feira, 21 de maio de 2013
Valete
A chegada do inverno aqui no portinho e' sempre causa para uma reducao nos trabalhos da 'oficina'. Em parte pelo frio, muito desconfortavel no ambiente 'ceu aberto', mais ainda pela alta frequencia e longa duracao das chuvas — pois marcenaria no molhado por certo nao se recomenda. Mas reducao nao e' parada, hehe...
Dai, resolvi fazer um valete para o quarto.
Pelo menos era esse o nome com que conheci a encrenca na minha infancia, porque ultimamente e' coisa que nao tenho visto mais. Trata-se apenas de um cabide multiplo, para colocar e organizar as roupas em uso, fora do roupeiro.
Como sempre, iniciei por buscar inspiracao indo `a Teia pesquisar modelos, variantes, estilos, designs.
Aplicando criterios de gosto, praticidade e exequibilidade fundamentalmente, e apos inumeras consultas a meu mais confiavel conselheiro, fui filtrando as literalmente milhares de imagens disponiveis ate limita-las a esses tres 'modelos' ahi `a direita e coloquei essa imagem como fundo de tela do computador — para excitar, estimular, evocar um design.
Eventualmente algumas ideias foram-se sedimentando e, utilizando um programa de desenho no computador, eu as fui tracando, deletando, modificando ate chegar a esse esquema ahi abaixo,
detalhado o bastante para poder definir um plano de corte, e imprimir em tamanho natural os componentes basicos do valete.
Esses ahi abaixo, ja impressos e recortados, prontos para serem colados nas taboas de onde serao serrados. Uma atividade que, evidentemente, ira depender da boa vontade do velho Pedro, usualmente ainda mais implicante por essa epoca do ano.
Vamos ver...
Dai, resolvi fazer um valete para o quarto.
Pelo menos era esse o nome com que conheci a encrenca na minha infancia, porque ultimamente e' coisa que nao tenho visto mais. Trata-se apenas de um cabide multiplo, para colocar e organizar as roupas em uso, fora do roupeiro.
Como sempre, iniciei por buscar inspiracao indo `a Teia pesquisar modelos, variantes, estilos, designs.
Aplicando criterios de gosto, praticidade e exequibilidade fundamentalmente, e apos inumeras consultas a meu mais confiavel conselheiro, fui filtrando as literalmente milhares de imagens disponiveis ate limita-las a esses tres 'modelos' ahi `a direita e coloquei essa imagem como fundo de tela do computador — para excitar, estimular, evocar um design.
Eventualmente algumas ideias foram-se sedimentando e, utilizando um programa de desenho no computador, eu as fui tracando, deletando, modificando ate chegar a esse esquema ahi abaixo,
detalhado o bastante para poder definir um plano de corte, e imprimir em tamanho natural os componentes basicos do valete.
Esses ahi abaixo, ja impressos e recortados, prontos para serem colados nas taboas de onde serao serrados. Uma atividade que, evidentemente, ira depender da boa vontade do velho Pedro, usualmente ainda mais implicante por essa epoca do ano.
Vamos ver...
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quinta-feira, 16 de maio de 2013
O fio da navalha
Nao que eu procure pretextos para nao usar maquinas, antes pelo contrario! Adoro de paixao brincar com maquinas.
Mas na medida que comecei a usar mais frequentemente ferramentas manuais — como formoes, plainas, serras, etc. — fui constatando nao raras vezes optar por elas ao inves de utilizar ferramentas motorizadas significa fazer as coisas mais rapido (o tempo que se perde no setup das maquinas e' consideravel) e, surpreendentemente, com maior precisao.
Consequencia inescapavel desse progressivamente maior uso de ferramentas manuais e' constatar a necessidade de te-las sempre muito bem afiadas. E ahi, tal como o uso de ferramentas manuais em certos casos mostrou-se mais preciso, menos complicado, mais facil enfim do que empregar maquinas motorizadas, com a pratica de afiar acabei constatando que afiar `a mao livre e' em certos casos mais rapido e mais preciso do que utilizando jigs e/ou afiadores motorizados. E mesmo, `as vezes e' o unico jeito. Por exemplo:
Tendo recebido uma nova plaina, uma aparadora de bordos, e com preguica de armar o circo do afiador motorizadoTormek, resolvi testar se meu treino era suficiente para afiar a lamina so na mao. Foi o que fiz, utilizando pedras japonesas e entao as pastas diamantadas descritas na postagem anterior aqui no blog. O resultado ficou tao bom quanto o que obtenho utilizando o afiador.
Dai criei coragem e...
Mas permitam uma breve intermissao.
Ha alguns anos um amigo meu em visita a Toledo, na Espanha, lembrou-se de mim e me trouxe de lembranca esse estilete dobravel ahi da foto acima, a lamina feita, claro, com o justamente afamadissimo Aco de Toledo. Quando a lamina perdeu o fio, amolei com pedra porque nao ha como adapta-la consistentemente para afiar no Tormek; mas se recuperei o fio, o polimento da lamina foi para o espaco. Tentei usar sentadores, inclusive o do Tormek, mas o resultado ficou sempre muito, muito longe de satisfatorio.
Mas entao, ante o sucesso com a lamina da plaina, como disse criei coragem e resolvi ver o que conseguia fazer com o estilete. Sem motores, sem jigs, usando apenas as maos, as pedras e a pasta diamantada o resultado estetico foi esse ahi das fotos abaixo (clique nelas, para aumenta-las). O fio? O de sempre, o que se espera de Aco de Toledo. Sem exagero, mas sem exagero mesmo, ficou bom o bastante para – com certeza e sem duvidas porque eu testei — fazer a barba.
Tudo bem: admito que perfeito, perfeito nao ficou. (Ainda! hehehe...)
Mas as irregularidades e arranhoes que saltavam aos olhos agora so se nota reparando bem. E com mais treino, melhorando as tecnicas nas proximas afiacoes... Quem sabe?
De todo modo, mais do que exibicao de meus limitados dotes a intencao e' apontar, quando constato consigo fazer na mao o que simplesmente nao consigo fazer empregando acessorios, as surpresas, as mudancas de rumo com que o aprendizado premia aqui este curioso na sua lida com madeiras...
Mas na medida que comecei a usar mais frequentemente ferramentas manuais — como formoes, plainas, serras, etc. — fui constatando nao raras vezes optar por elas ao inves de utilizar ferramentas motorizadas significa fazer as coisas mais rapido (o tempo que se perde no setup das maquinas e' consideravel) e, surpreendentemente, com maior precisao.
Consequencia inescapavel desse progressivamente maior uso de ferramentas manuais e' constatar a necessidade de te-las sempre muito bem afiadas. E ahi, tal como o uso de ferramentas manuais em certos casos mostrou-se mais preciso, menos complicado, mais facil enfim do que empregar maquinas motorizadas, com a pratica de afiar acabei constatando que afiar `a mao livre e' em certos casos mais rapido e mais preciso do que utilizando jigs e/ou afiadores motorizados. E mesmo, `as vezes e' o unico jeito. Por exemplo:
Tendo recebido uma nova plaina, uma aparadora de bordos, e com preguica de armar o circo do afiador motorizadoTormek, resolvi testar se meu treino era suficiente para afiar a lamina so na mao. Foi o que fiz, utilizando pedras japonesas e entao as pastas diamantadas descritas na postagem anterior aqui no blog. O resultado ficou tao bom quanto o que obtenho utilizando o afiador.
Dai criei coragem e...
Mas permitam uma breve intermissao.
Ha alguns anos um amigo meu em visita a Toledo, na Espanha, lembrou-se de mim e me trouxe de lembranca esse estilete dobravel ahi da foto acima, a lamina feita, claro, com o justamente afamadissimo Aco de Toledo. Quando a lamina perdeu o fio, amolei com pedra porque nao ha como adapta-la consistentemente para afiar no Tormek; mas se recuperei o fio, o polimento da lamina foi para o espaco. Tentei usar sentadores, inclusive o do Tormek, mas o resultado ficou sempre muito, muito longe de satisfatorio.
Mas entao, ante o sucesso com a lamina da plaina, como disse criei coragem e resolvi ver o que conseguia fazer com o estilete. Sem motores, sem jigs, usando apenas as maos, as pedras e a pasta diamantada o resultado estetico foi esse ahi das fotos abaixo (clique nelas, para aumenta-las). O fio? O de sempre, o que se espera de Aco de Toledo. Sem exagero, mas sem exagero mesmo, ficou bom o bastante para – com certeza e sem duvidas porque eu testei — fazer a barba.
Mas as irregularidades e arranhoes que saltavam aos olhos agora so se nota reparando bem. E com mais treino, melhorando as tecnicas nas proximas afiacoes... Quem sabe?
De todo modo, mais do que exibicao de meus limitados dotes a intencao e' apontar, quando constato consigo fazer na mao o que simplesmente nao consigo fazer empregando acessorios, as surpresas, as mudancas de rumo com que o aprendizado premia aqui este curioso na sua lida com madeiras...
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Afiacao quase inacreditavel
Nao sera por nada que os aprendizes do sashimono — a arte japonesa de construir somente com encaixes, sem cola ou quaisquer fixacao mecanica — passam seu primeiro semestre de treinamento exclusivamente no aprendizado de afiar seus ferros. Uma das tantas coisas que se aprende com o uso de ferramentas manuais em marcenaria e' o valor da afiacao, na facilidade de executar e na qualidade resultante nos trabalhos.
Feita essa inescapavel constatacao, meu progressivo aprendizado pessoal de afiacao iniciou-se com o uso de jigs para garantir angulos corretos, passando pelas tecnicas com lixas, entao pedras e finalmente com a aquisicao de um Tormek T-7 (incluindo uma postagem aqui no blog sobre o assunto). Nunca cheguei, nem planejo chegar, ao ponto de transformar afiacao em uma obsessao; com a facilidade e a qualidade oferecidas pelo uso do afiador sueco, tenho mantido meus brinquedos de cortar consistente e permanentemente muito bem afiados. Mas sem duvidas nao e' exagero afirmar que — salvo excecoes que confirmam a regra — nenhuma ferramenta de corte jamais estara afiada demais.
Como ja mencionei varias vezes, nao sou marceneiro. Sou e' curioso.
E, fruto dessa curiosidade, furungando informacoes na Teia deparei-me com uma tecnica de refinamento de fio de laminas com a utilizacao de pasta diamantada.
Essencialmente consiste em colocar-se um pouco de pasta diamantada sobre um substrato e entao polir-se o fio da ferramenta.
Algumas empresas, reparando no progressivo emprego dessa tecnica de refinamento da afiacao tem oferecido placas metalicas desenvolvidas especialmente para essa finalidade. Estas tem a vantagem de ser perfeitamente planas, ter dimensionamento padrao e sao texturizadas para receber a pasta diamantada em uma superficie homogenea e retentiva para a pasta e, sendo rigidas, nao tendem a arredondar o fio; antes pelo contrario permitem um raio extremamamente curto ou, em outras palavras, um fio extremamente agudo na ferramenta. O problema aqui e' que, apos o uso, a pasta tem de ser removida e a placa limpa com solvente para evitar as ranhuras que retem a pasta se 'entupam' quando a pasta ressecar e com isso se reduza a eficiencia do sistema. Alem disso, costumam custar caro, e so estao disponiveis 'la fora'. E um tranco pode 'marcar' o fio da lamina sendo afiada.
Ainda uma outra opcao de substrato e' utlizar madeira. De preferencia uma madeira dura, com veios retos e, claro, bem plana. MDF, a proposito, se presta bem. Suficientemente rigida para nao arredondar o fio, suficientemente porosa para reter a pasta e permitir seja re-usada simplesmente adicionando umas gotas de oleo ou querosene se porventura secar. Facil de encontrar, de dimensionar e custo praticamente zero. Um tranco levanta um pedacinho, nada serio. Nao por acaso, e' a opcao mais utilizada. E foi, claro, a opcao que escolhi para testar o metodo...
A pasta diamantada, uma emulsao de finissimos graos de diamante em um veiculo oleoso, e' relativamente facil de encontrar,como por exemplo em lojas especializadas em abrasivos industriais, ou em lojas dentarias (e' utilizada para, por exemplo, polir proteses), como ainda em inumeras lojas online Teia afora. A apresentacao usual e' em seringas contendo 2g da pasta, ao custo de aproximadamente R$ 10 cada uma. Imagino deva durar, cada uma, ao redor de um ano, com uso algo intenso. Uma tirinha de 2cm serve para duzias de laminas, literalmente.
Recomenda-se utilizar tres granulometrias: 6µ para remover os arranhoes, 3µ para o polimento basico e 1µ para polimento espelhado.
O processo de emprego e' a propria simplicidade: Apos afiar a lamina pelo processo usual, seja qual for, passa-se o bizel na tabua com grao mais grosso, 6µ, tal como se fosse uma pedra de afiar comum, ate remover-se as linhas e obter-se uma superficie lisa. Isso e' surpreendentemente rapido, nem par de minutos mesmo com aco duro.
Cuidando de remover totalmente qualquer resto de pasta que tenha ficado na lamina ou nas maos para nao contaminar a proxima 'pedra', repete-se entao o processo com o grao intermediario, 3µ, ate obter-se brilho. Coisa de umas dez passadas, nao mais, usualmente.
Finalmente, depois de outra vez limpar cuidadosamente a peca e as maos para remover toda a pasta, passa-se para a 'pedra' com grao fino, 1µ, e repete-se o processo ate obtencao de um brilho realmente espelhado. Outra vez, uma dezena de passadas e' suficiente. Diamante realmente corta!
O resultado final, alem do espelhamento que chama a atencao, e' um fio inacreditavel. Assustador mesmo!
Realmente, so vendo para crer. Eu sou dificil de surpreender, mas fiquei espantado. Apenas um exemplo, colocando o bordo de uma folha de papel de frente, em cruz com um formao com angulo de bizel a 30° e empurrando o papel de leve contra o formao, ele nao dobra. O formao entra no papel como faca quente em manteiga. So vendo, mesmo...
Nao e' exatamente barato, da um certo trabalho, demanda um certo treino. E' bem verdade.
Mas o resultado e' mais que espetacular. E dura. E dura. E dura!...
Recomendo.
Vivamente!
Feita essa inescapavel constatacao, meu progressivo aprendizado pessoal de afiacao iniciou-se com o uso de jigs para garantir angulos corretos, passando pelas tecnicas com lixas, entao pedras e finalmente com a aquisicao de um Tormek T-7 (incluindo uma postagem aqui no blog sobre o assunto). Nunca cheguei, nem planejo chegar, ao ponto de transformar afiacao em uma obsessao; com a facilidade e a qualidade oferecidas pelo uso do afiador sueco, tenho mantido meus brinquedos de cortar consistente e permanentemente muito bem afiados. Mas sem duvidas nao e' exagero afirmar que — salvo excecoes que confirmam a regra — nenhuma ferramenta de corte jamais estara afiada demais.
Como ja mencionei varias vezes, nao sou marceneiro. Sou e' curioso.
E, fruto dessa curiosidade, furungando informacoes na Teia deparei-me com uma tecnica de refinamento de fio de laminas com a utilizacao de pasta diamantada.
Essencialmente consiste em colocar-se um pouco de pasta diamantada sobre um substrato e entao polir-se o fio da ferramenta.
O substrato varia; ha quem recomende utilizar couro. O couro tem a vantagem de embeber-se bem com a pasta e, sendo macio, nao lesar o fio quando porventura houver um tranco. O problema e' que o couro e' suficientemente macio para que a ferramenta 'mergulhe' em sua espessura, resultando um pequeno, mas mensuravel, e sensivel, arredondamento do fio.
Algumas empresas, reparando no progressivo emprego dessa tecnica de refinamento da afiacao tem oferecido placas metalicas desenvolvidas especialmente para essa finalidade. Estas tem a vantagem de ser perfeitamente planas, ter dimensionamento padrao e sao texturizadas para receber a pasta diamantada em uma superficie homogenea e retentiva para a pasta e, sendo rigidas, nao tendem a arredondar o fio; antes pelo contrario permitem um raio extremamamente curto ou, em outras palavras, um fio extremamente agudo na ferramenta. O problema aqui e' que, apos o uso, a pasta tem de ser removida e a placa limpa com solvente para evitar as ranhuras que retem a pasta se 'entupam' quando a pasta ressecar e com isso se reduza a eficiencia do sistema. Alem disso, costumam custar caro, e so estao disponiveis 'la fora'. E um tranco pode 'marcar' o fio da lamina sendo afiada.
Ainda uma outra opcao de substrato e' utlizar madeira. De preferencia uma madeira dura, com veios retos e, claro, bem plana. MDF, a proposito, se presta bem. Suficientemente rigida para nao arredondar o fio, suficientemente porosa para reter a pasta e permitir seja re-usada simplesmente adicionando umas gotas de oleo ou querosene se porventura secar. Facil de encontrar, de dimensionar e custo praticamente zero. Um tranco levanta um pedacinho, nada serio. Nao por acaso, e' a opcao mais utilizada. E foi, claro, a opcao que escolhi para testar o metodo...
Reparem as marcas de trancos na superficie das taboinhas de itauba que eu uso. Acontece. Mas nao chega a ser um problema... |
A pasta diamantada, uma emulsao de finissimos graos de diamante em um veiculo oleoso, e' relativamente facil de encontrar,como por exemplo em lojas especializadas em abrasivos industriais, ou em lojas dentarias (e' utilizada para, por exemplo, polir proteses), como ainda em inumeras lojas online Teia afora. A apresentacao usual e' em seringas contendo 2g da pasta, ao custo de aproximadamente R$ 10 cada uma. Imagino deva durar, cada uma, ao redor de um ano, com uso algo intenso. Uma tirinha de 2cm serve para duzias de laminas, literalmente.
Recomenda-se utilizar tres granulometrias: 6µ para remover os arranhoes, 3µ para o polimento basico e 1µ para polimento espelhado.
O processo de emprego e' a propria simplicidade: Apos afiar a lamina pelo processo usual, seja qual for, passa-se o bizel na tabua com grao mais grosso, 6µ, tal como se fosse uma pedra de afiar comum, ate remover-se as linhas e obter-se uma superficie lisa. Isso e' surpreendentemente rapido, nem par de minutos mesmo com aco duro.
Cuidando de remover totalmente qualquer resto de pasta que tenha ficado na lamina ou nas maos para nao contaminar a proxima 'pedra', repete-se entao o processo com o grao intermediario, 3µ, ate obter-se brilho. Coisa de umas dez passadas, nao mais, usualmente.
Finalmente, depois de outra vez limpar cuidadosamente a peca e as maos para remover toda a pasta, passa-se para a 'pedra' com grao fino, 1µ, e repete-se o processo ate obtencao de um brilho realmente espelhado. Outra vez, uma dezena de passadas e' suficiente. Diamante realmente corta!
O resultado final, alem do espelhamento que chama a atencao, e' um fio inacreditavel. Assustador mesmo!
Realmente, so vendo para crer. Eu sou dificil de surpreender, mas fiquei espantado. Apenas um exemplo, colocando o bordo de uma folha de papel de frente, em cruz com um formao com angulo de bizel a 30° e empurrando o papel de leve contra o formao, ele nao dobra. O formao entra no papel como faca quente em manteiga. So vendo, mesmo...
Nao e' exatamente barato, da um certo trabalho, demanda um certo treino. E' bem verdade.
Mas o resultado e' mais que espetacular. E dura. E dura. E dura!...
Recomendo.
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