Como relatado aqui mesmo no blog, no final de maio passado eu concluia uma peca altamente experimental que meu amigo Rmon — com inacreditavel aptidao, como se vera — veio a batizar de Arte moderna um tanto abstrata. Esse objeto retratado ahi `a esquerda, como provavelmente ninguem mais lembra.
Ninguem lembrara tampouco, imagino, o proposito do objeto seria servir de 'porta-trecos'. E inclusive eu comentava, para melhor disponibiliza-lo para seu objetivo ele deveria ser colocado no pequeno vestibulo em frente `a porta de entrada da casa, sobre uma mesinha. Mesinha ainda a ser construida.
E nisso ficamos...
-- oOo --
Em setembro entao, indo `a madeireira comprar uma chapa de compensado naval aproveitei, como sempre, para dar uma passeada no patio para espiar o estoque de madeiras macicas. (Va que de repente surjam uns exemplares de jacaranda? A gente nunca sabe, hehehe...) Como de costume, nao resisti `a tentacao das cores e curvas despudoradamente expostas em bruta nudez por algumas tabuas e o pudico compensado acabou achando companhia para a viagem.
Em especial no pequeno lote, tinha-me chamado a atencao uma tabua de 400x25x4cm de cedro rosa. O Alemao, funcionario da madeireira que usualmente me ajuda nas prospeccoes de bater tabuas, a tinha desprezado de cara por cheia de defeitos. Muitas irregularidades, algum empenamento, varios nos, falhas, brancal, manchas, desfiamentos. Uma droga!
Cedro rosa e' caro, e o Alemao se honra de sempre me apontar o melhor quando me ajuda. Ficou me olhando com certa estranheza quando eu disse que queria aquela tabua mas, como o fregues sempre tem razao e da gorjeta...
Obviamente, eu imaginava por tras daquelas irregularidades todas estava um padrao de veios que chamaria os olhos, e fiquei imaginando poderia empregar bem aquela tabua, talvez fazendo um desdobramento em folha de livro ou coisa parecida, em algum lugar bem chamativo de uma peca. A primeira coisa que me ocorreu foi fazer uma nova versao de um dos primeiros projetos que construi, esse Philadelphia spice cabinet em itauba ahi `a direita. Alem da oportunidade de corrigir todas as tantas mancadas que cometi no primeiro, o peso e a qualidade do cedro-rosa da tabua permitiriam um movelzinho mais leve e, supostamente, bem menos sobrio, mais chamativo.
A ideia nao foi executada (ainda?) devido a dois fatores fundamentais: a complexidade e a (sejamos crus) enchecao de saco de construir um projeto seguindo planos rigorosos, e o fato de que nao teria onde colocar a nova versao quando concluida (sem falar que as tantas gavetinhas desse ahi ainda estao todas vazias, hehe).
E entao, por esses dias ocorreu-me eu poderia utilizar a tabua na construcao do tampo para a mesinha aquela onde colocar a Arte moderna um tanto abstrata...
Fui `a Teia e aos meus arquivos buscar inspiracao para modelos possiveis. Varios pareciam inicialmente promissores mas esbarravam logo em objecoes intransponiveis. O vestibulo e' uma area bem pequena, obviamente muito transitada, dando acesso à sala e ao banheiro social, e praticamente todos os tipos de mesinhas que vi, quando levava suas medidas para o vestibulo, ou viravam trambolhos obstrutivos, ou ficavam grosseira e/ou ridiculamente fora de proporcoes.
Foi quando assisti um velho video do Norm Abram mostrando a construcao do que ele denominou wall hung console. Essencialmente, uma prateleira!
Firmada a ideia da prateleira, o projeto do New Yankee Workshop foi deixado de lado. Quando serrei e fiz a aparelhagem grossa do que seria a prateleira, a madeira revelou-se ainda mais bonita do que eu esperava. E ahi, lembrando usualmente madeiras muito figuradas beneficiam-se de designs ultra simples, ao inves das tecnicas de Mr. Abram resolvi foi mesmo fazer do jeito mais simples possivel.
Construida ontem sob uma temperatura que alcancou 39°C, hoje o acabamento teve de ser interrompido porque o velho Pedro resolveu continuar mandando chuva e, convenhamos, quando chove nao e' hora de se utilizar qualquer acabamento.
Quando clarear o horizonte eu volto `a lide.
E, claro, depois conto para voces...
Obviamente, eu imaginava por tras daquelas irregularidades todas estava um padrao de veios que chamaria os olhos, e fiquei imaginando poderia empregar bem aquela tabua, talvez fazendo um desdobramento em folha de livro ou coisa parecida, em algum lugar bem chamativo de uma peca. A primeira coisa que me ocorreu foi fazer uma nova versao de um dos primeiros projetos que construi, esse Philadelphia spice cabinet em itauba ahi `a direita. Alem da oportunidade de corrigir todas as tantas mancadas que cometi no primeiro, o peso e a qualidade do cedro-rosa da tabua permitiriam um movelzinho mais leve e, supostamente, bem menos sobrio, mais chamativo.
A ideia nao foi executada (ainda?) devido a dois fatores fundamentais: a complexidade e a (sejamos crus) enchecao de saco de construir um projeto seguindo planos rigorosos, e o fato de que nao teria onde colocar a nova versao quando concluida (sem falar que as tantas gavetinhas desse ahi ainda estao todas vazias, hehe).
E entao, por esses dias ocorreu-me eu poderia utilizar a tabua na construcao do tampo para a mesinha aquela onde colocar a Arte moderna um tanto abstrata...
Fui `a Teia e aos meus arquivos buscar inspiracao para modelos possiveis. Varios pareciam inicialmente promissores mas esbarravam logo em objecoes intransponiveis. O vestibulo e' uma area bem pequena, obviamente muito transitada, dando acesso à sala e ao banheiro social, e praticamente todos os tipos de mesinhas que vi, quando levava suas medidas para o vestibulo, ou viravam trambolhos obstrutivos, ou ficavam grosseira e/ou ridiculamente fora de proporcoes.
Foi quando assisti um velho video do Norm Abram mostrando a construcao do que ele denominou wall hung console. Essencialmente, uma prateleira!
Firmada a ideia da prateleira, o projeto do New Yankee Workshop foi deixado de lado. Quando serrei e fiz a aparelhagem grossa do que seria a prateleira, a madeira revelou-se ainda mais bonita do que eu esperava. E ahi, lembrando usualmente madeiras muito figuradas beneficiam-se de designs ultra simples, ao inves das tecnicas de Mr. Abram resolvi foi mesmo fazer do jeito mais simples possivel.
As pecas recortadas na serra fita, ja devidamente lixadas e sendo envenenadas com Jimo Cupim® |
A parte inferior da prateleira ja montada, com uma demao de oleo de tungue |
A parte de cima da prateleira com uma demao de oleo de tungue — bota madeira feia nisso! |
Quando clarear o horizonte eu volto `a lide.
E, claro, depois conto para voces...
Cara, achei seu blog nem lembro mais como, mas fiquei fascinado com suas explicações e trabalho. Vou começar a acompanhar o Xilofilos e ver o que você anda aprontando. Aproveitei e publiquei o link de seu artigo sobre ceras (carauba+abelha+parafina+solvene) nos foruns que participo (marceneiros e bricoleiros e Guia do Marceneiro)
ResponderExcluirAbraços e parabéns pela didatica
Muito grato pelo apoio e pelo incentivo.
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