sábado, 23 de abril de 2011

Fazendo caixas



Aprecio imensamente emendas japonesas. Por sua eficiencia, elegancia e aparente simplicidade. Quando comecei a considerar a ideia de voltar a brincar com madeiras, uma das primeiras providencias que tomei foi pesquisar a Internet e adquirir alguma literatura sobre emendas japonesas. Ahi, ja armado de algum conhecimento teorico basico do assunto, julguei chegara a hora de por a coisa em pratica...

A famosa emenda japonesa de interseccao de tres
membros a 90°, extremamente complexa.
Cacilda!
Nao demorou muito constatar o furo era mais em baixo. Beem mais em baixo. O que eu nao sabia ate tentar executar os procedimentos era da exigencia de meticulosa precisao, tolerancias praticamente sempre menores de milimetro. Resumindo, sao tecnicas que demandam treinamento, muito treinamento, muita repeticao ate automatizar os passos com a indispensavel minucia. Coisa para aprender-se quando jovem, que necessita meses, anos de treino ate dominar. E que emprega abordagens especificas no uso preciso de ferramentas especificas que aqui — naturalmente! — sao praticamente impossiveis de se encontrar.


A emenda em bico de passaro. Supostamente muito simples,
ja tentei faze-la mais de dez vezes; nunca ficou perfeita.
Nao dispondo do bolso, nem do tempo, nem do temperamento obsessivo necessarios, aceitei com algum pesar: `aquelas alturas da estrada a empreitada era areia demais para o meu caminhaozinho.

Mas no processo fui capturado pela ideia de encaixes e emendas, um campo certamente nao limitado `as tecnicas japonesas. E o caminho que me pareceu mais pratico e mais economicamente viavel de ir-me familiarizando `as lides com madeira — e de aprender quanto a encaixes e emendas — foi o de construir caixinhas, caixas e caixotes.



Projetar, construir e dar acabamento a caixas de madeira pode permitir acesso a praticamente todo o elenco de preceitos e de tecnicas basicas de marcenaria. Caixas pequenas quase nem tem custo quanto a materiais mas em compensacao tem pouca tolerancia a erros, cobram precisao. Caixas grandes introduzem aos problemas estruturais, sustentacao de peso, deformacoes. Todas demonstram muito bem a absoluta necessidade de esquadro, de adequadamente aparelhar a madeira nos seis lados... e por ahi afora, todo o be-a-ba. Uma escola exigente, mas divertida e que pode render frutos bem apetitosos.


Essa ahi foi a terceira caixinha que eu fiz. Os erros sao tantos que nem da para enumerar e o resultado estetico e' no minimo duvidoso, mas mesmo assim no construi-la aprendi como fazer encaixes precisos em box joint e em shiplap (como meu aprendizado teorico foi basicamente na Internet e livros em ingles, ha muitas expressoes tecnicas como essas cuja traducao desconheco — e muito agradeceria a quem souber se me informasse), pratiquei tecnicas de colagens, acabamento a oleo e tantas coisas mais — alem de ficar sabendo como evitar inumeros erros, hehe.

Evidentemente o design, o grau de complexidade e o refinamento que se pode imprimir a um dado projeto de caixa e' praticamente ilimitado, como praticamente ilimitados sao as variedades possiveis de tecnicas construtivas e o dimensionamento. E o tempo a ser dedicado `a confeccao de uma caixa sera exatamente aquele que voce quiser; querendo dizer que e' altamente improvavel que va interferir com qualquer outra demanda porventura existente em sua agenda.

O que, alias, me lembra: esta mais do que na hora de eu comecar a fazer uma nova caixa...

2 comentários:

  1. Boa ideia criar este blog para postar seus trabalho, pois aki esta muito lento, minha conexão e forte e esta muito lento para entrar ou visitar os topicos do forum.

    Em tempo: sensacional estas suas caixas, fotos copiadas e guardadas para posteriormente fazer igual, se voce assim me permitir.

    Valeu Paulo.


    Dante Soares

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  2. Parabéns pelo Blog Paulo!
    Uma ótima oportunidade de vermos mais de seus trabalhos.

    Abraço

    CJRimoldi

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