quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Tres bobagens

Recentemente conclui a construcao de mais uma mesa para a cozinha. Nada de mais: seguindo o padrao de moveis anteriores, estrutura enxuta, em pinus, montada com encaixes em espiga e fura, tampo um painel em madeiras duras (grapia, muiracatiara e jequitiba), acabamento com oleo de tungue, goma-laca e cera.


O que houve de novo foram apenas tres pequenos detalhes tecnicos, variantes que decidi apresentar nesta postagem por nunca te-las visto mencionadas ou documentadas, e por pensar poderiam interessar algum de meus sete fieis leitores...


A primeira variante, no ajuste dos encaixes.

A, mm, recomendacao "ortodoxa" de efetuar-se ajustes em encaixes em espiga e fura e' cortar-se a fura e entao ajustar-se a elas as espigas. Aqui no caso, muito por a 'maciez' do pinus tender a criar folgas, para obter encaixes precisamente posicionados acabei por efetuar os ajustes finos pela colocacao — por tentativa e erro no que tange a espessuras e posicionamentos — de pequenas laminas no interior das furas ate obter um encaixe adequadamente justo e rigorosamente posicionado.


Processo um pouco demorado (e por vezes algo irritante, devo confessar) mas capaz de produzir excelentes resultados mesmo quando eventual diferenca de densidades entre os lenhos produza uma certa tendencia a afrouxamentos nos encaixes secos.





Uma outra 'novidade', e uma agradavel surpresa, foi empregar espetinhos de churrasco feitos de bambu como cavilhas.


Para fugir ao problema de interferencia em emendas no mesmo plano, normalmente 'solucionados'  pela construcao de encaixes com maior complexidade tecnica, optei pela simplicidade — reduzindo um pouco a dimensao dos malhetes e, complementarmente, reforcando a emenda com a aplicacao dos espetinhos.


No resultado final as 'cavilhas' ficam praticamente invisiveis e as emendas absolutamente monoliticas, solidas. Por simples, facil, barata e efetiva, uma opcao que penso realmente valer a pena experimentar...



E por final, uma tecnica que vinha ja ha tempos contemplando empregar: contornar os problemas relacionados `a fixacao do tampo e movimentos das madeiras pelo emprego de uma tecnica bem mais simples e mais facil do que as tradicionais, qual seja, o emprego de fita dupla face de altissima adesividade.


O processo consistiu, como se pode ver na imagem `a esquerda, em aplicar tiras duplas da fita, um par no centro longitudinal, onde praticamente nao ha movimento dos lenhos, e outro par no centro transversal, onde ha o maximo movimento. A ideia sendo a fita seria capaz de fornecer suficiente adesividade para bem manter fixo o tampo e, pela relativa flexibilidade de seu substrato, ser capaz de absorver os movimentos da madeira sem produzir danos ou afrouxamentos.


Uma vez devidamente posicionado o tampo apliquei, por 24 horas, pressao sobre os pontos de contato da fita para promover uma melhor adesividade. Minha experiencia anterior com o uso desse adesivo demonstrou a necessidade de um periodo mais extenso para que a aderencia entre fita e lenhos realmente se consolide, algo como par de semanas. Obviamente, uma vez a mesa posicionada e recebendo peso sobre o tampo, como deveria, nao havera forcas se exercendo a de qualquer modo perturbar a aderencia entre tampa e base. Pelo contrario a tendencia, gracas `a forca da gravidade, e' mesmo de manter-se a imobilidade das pecas. De qualquer maneira — porque Seguro morreu de velho abracado com Dona Prudencia, mas Desconfiado ainda esta vivo — optei pela seguranca de aplicar o reforco de um parafuso em cada ponto central longitudinal para me sentir mais seguro.


Ate agora, duas semanas passadas, tudo esta no seu lugar, firme e forte...


Qualquer coisa, se houver, eu conto...