quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Poda

Infelizmente, a enorme, mais que centenaria figueira-de-folha-miuda que enfeita o meu jardim tem, desde que eu adquiri a casa (em parte justamente por causa da figueira), uma consideravel necrose na base do tronco, saiba-se la por que origem...













Ha uns quatro anos solicitei vistoria pelo orgao especializado e a recomendacao foi pela erradicacao do vegetal, pelo risco de quebra/queda. Na ocasiao, contentei-me com efetuar a poda de dois dos grandes (>1m de diametro e ~8m de comprimento) galhos que ficavam por cima da casa, esperando que a vovo arranjasse ela mesmo jeito de, com a consideravel perda de peso, dar-se um jeito.

Ainda infelizmente, o processo de necrose continuou escavando ocos pelo tronco e, em julho passado, voltei a solicitar uma vistoria para obter autorizacao para uma nova poda visando nova reducao de peso e do risco — para mim, meus vizinhos e passantes da rua — de queda/quebra da arvore.


Apos a usual e esperada longa demora, finalmente consegui vencer as etapas da gincana burocratica e obter liberacao para poda da mais inestimavel joia do meu jardim. O processo iniciou-se ontem, com a remocao de dois galhos (que saiam da forquilha que na foto ao lado se ve imediatamente acima do andaime).

As fotos abaixo, com os restos da poda devidamente 'picotados' para remocao, talvez deem uma ideia do volume ja removido:



Isso foi o resultado de um dia de trabalho. E e' apenas 1/5 da poda proposta!...

Sim, eu sei: ao final, muito da grandiosa majestade da velha figueira estara perdida, restara apenas uma sombra palida do que era. Mas fazer o que? Pelo menos ela ainda estara viva, a ameaca de queda adiada para provavelmente muito alem do meu tempo sobre a terra. E, com a imensa capacidade regenerativa caracteristica da especie, acho que ainda a verei, se mais modesta, vicejando e bela.

Mas o que afinal tem isso tudo a ver com marcenaria em casa?

Bueno, o fato e' que no entanto estiver envolvido com essa 'obra', simplesmente nao vai sobrar tempo (nem vontade, sejamos sinceros) para trabalhos na 'oficina' — e me pareceu eu devia essa explicacao para meus sete fieis leitores...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Marcando passo

Embora a vontade de ativar a 'oficina' seja intensa e ideias de um par de projetos andem sacolejando os meus miolos, o fato e' que o implicantissimo Pedro nao tem cooperado. Mas nao tem cooperado mesmo. O preco daquele verao em agosto aparentemente ainda nao foi pago, ou a seca que grassou no estado desde o verao passado ainda nao foi suficientemente irrigada ou, sei la. De todo modo, nao e' que o tempo tenha andado pouco convidativo para usar a 'oficina'. Nao. Tem andado e' proibitivo, com agua respingando por tudo, praticamente todos os dias nas ultimas semanas.

Se parece que estou exagerando, tirem a temperatura com uma olhada nessa imagem do inicio da noite de sabado passado — colhida por Fernando Mainar e publicada no blog da Metsul Metereologia :

O brilho atras do edificio e' o Estadio Olimpico, onde jogavam Cruzeiro e Gremio...

Mas de qualquer modo a coceira por mexer em madeira e' um troco serio e assim, embora o tempo continue feio e prometendo enfeiar ainda mais nos proximos dias, aproveitei uma estiada para testar uma ideia...

Ainda nao defini bem onde, nem exatamente como, vou usar, mas resolvi construir uma 'estrela' de madeira. E' verdade que, se meu separador de orelhas soubesse lidar com numeros, geometria, essas coisas que as pessoas normais tiram de letra, eu nem precisaria de ensaios. Mas o fato e' que quando a coisa tem a ver com medidas, angulos, angulos rebatidos, por ahi... tem que desenhar. Ou eu nao entendo.

Bem conformado com minhas limitacoes, usei um programa de desenho no computador para criar o elemento basico da estrela, e plotei (bem explicadinho para meu separador de orelhas nao se embananar na hora H) como teria de cortar as pecas:

(Imagino meus sete fieis leitores percebarao logo que a ideia foi estabelecer um plano de cortes dispensando medidas. Sim, sim, sempre e' bom poupar meu pobre separador...)

Mas entao, com o plano bem explicadinho devidamente impresso em papel para evitar qualquer horror, fui para a serra tentar transformar a ideia em coisa solida.

Devo confessar que me surpreendi!

Saiu tudo certo, e de primeira. E voces podem ficar agradecidos: estava tao, mas tao envolvido em aplicar o corte no angulo certo (depois, claro, de riscar bem riscadinho onde exatamente era mesmo que eu tinha de cortar, ora bolas), tao concentrado nos cortes estava que acabei esquecendo de fotografar o processo — e assim voces serao poupados de ter de espiar um monte de imagens totalmente desinteressantes.


E e' com a alma lavada e enxaguada de justo brilho e merecido orgulho que lhes apresento o resultado final da empreitada:


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