(Clicando as imagens, abre-se versoes em maior resolucao.)
Tendo a estrutura da carcaca de eucalipto permanecido praticamente 48 horas montada, mas nao colada, uma primeira observacao permitiu constatar que, sim, ainda era evidente a tendencia a canoar que ja havia sido percebida na prancha bruta, como se pode perceber na foto `a direita, mostrando como o empenamento da tabua resultou em afastamento dos malhetes, com surgimento de frestas. Nada muito serio, claro, ou que nao possa ser solucionado pela propria colagem, mas a tendencia em canoar do eucalipto e' realmente muito marcada.
Antes de continuar a expor minhas observacoes, e' importante se faca mais uma vez a ressalva que o eucalipto utilizado aqui foi madeira sem qualquer selecao e absolutamente sem tratamento previo. Como alem de varios tipos de tratamentos possiveis ha incontaveis, centenas de especies diferentes de eucalipto, nao se pode de maneira alguma afirmar que o que se observou com essa amostragem valha para todas as especies desse lenho.
Ainda demonstrando a forte tendencia a canoar, um pedaco que havia sido usado como empurrador de sacrificio em certas operacoes e deixado solto sobre uma bancada por igual periodo ao da carcaca, como se ve na foto acima igualmente evidenciou o problema.
Afora as questoes ja apontadas na postagem anterior — canoagem, presenca de rachaduras longas nos bordos de veio curto da prancha bruta, e esfacelamento dos bordos na saida das laminas de corte, como mostrado na imagem `a esquerda — foi possivel detetar mais dois problemas serios inerentes `a propria estrutura das essencias que utilizei. O primeiro, ao tentar reduzir a espessura das tabuas para utilizar com divisorias na carcaca (tambem mostradas na imagem `a esquerda) ficou evidente que o eucalipto rosa que estava sendo utilizado nao apenas e' "ruim de plaina", como perde a resistencia estrutural na direcao transversal aos veios quando a espessura fica menor de ~10mm; fica muito, muito flexivel, e fratura facil, mesmo com pouca pressao. E entao, como se ve nas imagens `a direita, experimentando tornear uma ripa de 5x5 para utilizar como colunas decorativas, ficou evidente que o eucalipto branco que foi utilizado nao se presta a ser torneado: muito mau acabamento apesar de lixado ate grana 220, arrepios e lasqueamentos, superficie demasiado porosa e, no torneio, muita propensao a vibrar com qualquer pressao maior no ferro que se aplique.
Esse conjunto de fatores, pelo menos na minha sempre desconsideravel opiniao, nao recomenda, nao recomenda nada a utilizacao desses tipos de eucalipto como madeira primaria para construcao de moveis finos. Claro, todos os problemas mencionados tem jeito de serem solucionados, mas o que esses jeitos representam em custo de materiais e, principalmente, de tempo nao justifica, ainda na minha opiniao, o eventual beneficio.
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Mas de qualquer modo eu ja tinha a carcaca comecada, e decidi levar o projeto em frente, se um pouco mais limitado. Nao um movel para expor na sala, mas um gaveteiro para usar na oficina, e onde testar uns acabamentos...
Assim, abri com a tupia rasgos nos lados internos da carcaca, confeccionei divisorias empregando caixeta como madeira secundaria onde preferi utilizar espessura fina, testei, e entao colei toda a carcaca. A seguir, aproveitei um retalho com um no e cortei para fazer o fundo do gaveteiro, fixando apenas com cola. Possivelmente, vou reforcar com uns pinos, antes do acabamento.
Agora, estou pensando em como fazer as gavetas...