sábado, 11 de fevereiro de 2012

Retomando

Com o usual elenco coadjuvante de imprevisoes, complicacoes e inesperados, mas por uma vez com menos incomodacoes do que eu imaginara, a troca das telhas aqui da casa chegou ao fim. Na minha ilusao, achei que conseguiria misturar um pouco de marcenaria na funcao toda das telhas e ripas. Por varias e consideraveis razoes, de jeito nenhum.

Mas hoje entao, aparado o grosso das arestas que inevitavelmente sobraram das obras no telhado, consegui voltar `a lica com madeiras, retomar a construcao do tampo para a mesa...

Para inicio de conversa, ja tendo deixado as pranchas de cedro-rosa cortadas em um comprimento um pouco mais longo do que desejado, inevitavel comecar por tomar as pranchas brutas como a da imagem ao lado (como sempre, clicando a imagem abre-se uma janela para imagens com maior resolucao) e dar-lhes um primeiro aparelhamento, corrigindo os desvios e empenamentos ate conseguir tabuas relativamente bem planas, com os lados longos retos. A intencao, nessa fase, nao e' alcancar as medidas ou os acabamentos finais, apenas uma conformacao bem aproximada, com folgas de alguns milimetros, e deixar as tabuas 'repousando' por um dia. Essas folgas e esse tempo, para permitir eventual correcao de distorcoes que ainda possam surgir em funcao dos lenhos virem a 'trabalhar' mais alguma coisa, nessas proximas 24 horas.

Semi-acabadas, ao final dessa fase, ficaram assim:

Facil perceber que o acabamento nao e' final...

Teoricamente, esse e' um trabalho bem simples. Passar as pranchas nas plainas, e boa...

So que, como usual, a teoria na pratica e' outra coisa.
As pranchas sao longas ao redor de 190cm, e nao e' exatamente confortavel passa-las na desempenadeira, principalmente porque o abaulamento necessita um posicionamento seletivo nos primeiros desbastes para corrigi-lo e, mesmo cedro-rosa sendo uma madeira relativamente leve, manipular indo e voltando essas pranchas sobre a mesa da desempenadeira com alguma precisao acaba ensopando a camisa, se voces me entendem.

Aplainada uma face (a concava), e' hora de apoiar essa face na guia da desempenadeira e plainar um dos lados em esquadro e, entao, usar esse lado contra a guia da serra de mesa e cortar o outro lado paralelo. Entao, levar a prancha para a desengrossadeira e plainar o outro lado.

So que, naturalmente, a desengrossadeira e' uma Makita 2012NB e, embora ela ate consiga dar conta do recado, nao foi primariamente projetada para lidar com pranchas tao longas e pesadas. Assim, a cada passada e' preciso cuidadosamente apoiar as pranchas tanto na entrada como na saida da plaina — o que significa que, na saida, fica-se no lado para onde a maquina joga a maravalha. Camisa e corpo molhados, voces podem imaginar o "croquete" que resulta, hehe. E se poeira de cedro-rosa tem um cheiro maravilhoso, tem gosto amargo como fel.

E, vejam bem, quando se fala em producao de maravalha ao aparelhar pranchas grandes, estamos falando de quantidades realmente consideraveis:


















De fato, para aparelhar as quatro pranchas ate o semi-acabamento projetado, gerou-se ao redor de 100 litros de maravalha entre as duas plainas...



Mas ao fim e ao cabo tudo esta bem quando acaba bem. E ate amanha pelo menos, as pranchas ficam como se ve na imagem abaixo, apoiadas sobre tocos para permitir boa ventilacao. E, claro, encimadas pelo saco de 100 litros repleto de maravalha para testemunhar que o facil nem sempre e' assim tao facil, hehe...

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