A primeira coisa, claro, conformar a perna traseira. Com giz e lapis, baseado em imagens e algumas medidas que pude obter em minhas pesquisas, utilizando o dado ja cortado como referencia tracei os contornos da perna traseira direita na tabua. E entao para a serra de fita.
Ao ver a perna ja cortada reparei que, sem querer, havia obtido um excelente exemplo da vantagem — nao! da vantagem nao, da necessidade — de se utilizar padroes para cortar as pernas de cadeiras. Reparem que os veios, justamente na curvatura onde se exercera a maior forca, ficaram curtos, com um angulo francamente propenso a cisalhamento, resultando uma perna muito, muito fragil, propensa a quebrar-se ali por qualquer coisinha. Dispondo do padrao, no entanto, obviamente seria facil dispor a posicao do corte para obter-se veios longos na curvatura (e tambem, obviamente, evitar nos), como demonstrado pelas linhas que adicionei na imagem ahi abaixo.
A seguir, claro, tornei a encaixar a perna recem cortada de volta no assento, para ter uma visao da coisa.
Pude perceber que algumas modificacoes serao necessarias quando tracar o molde definitivo, como espessar mais um pouco a perna abaixo do assento e na porcao do encosto, alem de aprofundar mais a curva da transicao entre o assento e o braco. Mas, tendo as juncoes posicionadas, era hora de partir para o braco.
Como imagino possa-se notar claramente na foto acima, da perna traseira para a dianteira o braco sera composto de DUAS curvaturas, uma de baixo para cima, outra de dentro para fora. (Acho o metodo que vou apresentar de determinar essas curvaturas muito, muito maneiro, se nao genial. Mas nao fui eu que inventou, nao; os merecidissimos elogios devem ir mesmo para o genial Sam Maloof.)
Tendo aplicado uns parafusos nas emendas para firma-las bem nas suas posicoes, coloquei uma tabua apoiada na perna dianteira, levei-a ate encostar por fora na juncao na perna traseira e, clampeando tudo em posicao, risquei o exato angulo da juncao na tabua, como imagino possa ser visto na porcao salientada com o circulo vermelho na foto ao lado.
Na serra de mesa ripei a tabua para a altura e transferi esse angulo medido para o miter da mesa e cortei a tabua com aquela exata angulacao. Entao, com primeiro angulo do braco ja cortado, tornei a apoia-lo na perna dianteira e o atravessei para que fizesse contato com o suporte na perna traseira. Naturalmente, ficou uma fresta em cunha entre o braco e o suporte como imagino possa se ver na foto.
Risquei esse angulo da cunha no braco e o transferi para a inclinacao da lamina da serra de mesa.
Assim, com a serra inclinada e a peca angulada conforme a setagem do miter, em uma passada se obtem o angulo composto necessario para a perfeita adaptacao do braco ao suporte da perna traseira enquanto apoiado no suporte da perna dianteira.
O braco em perfeito contato com o apoio na perna traseira, e bem alinhado com a perna dianteira, em uma reta |
Ahi leva-se a peca para a serra de fita. O detalhe e' que a porcao removida e' levada para o outro lado da tabua e colada ali, o que produz nao apenas o espessamento do braco, mas compoe a primeira curva do braco, a curva de dentro para fora.
Na imagem ahi embaixo o braco nao esta ainda colado, apenas afixado com clamps para ilustrar. A cola, claro, precisa secar, logo, uma pausa se faz inescapavel.
Alem do que, `a noite, vai ter aquela enchecao de saco, foguetorio e barulheira que so serve para ouricar os caes. Tudo bem, na real nada contra, mas a verdade e' eu nunca gostei de comemorar datas, e ha decadas que nao comemoro mesmo.
Mas, para quem gosta, boas festas e votos de um ano repleto de saude — que tendo saude no resto a gente da jeito.
Ate 2012!
O braco formando uma curvatura entre a perna traseira e a perna dianteira, e perfeitamente apoiado |
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