sábado, 9 de julho de 2011

Fura & Espiga

Possivelmente o mais firme encaixe possivel em madeira, a emenda por fura e espiga, ou caixa e mecha, ou varios outros nomes que tenha — e em ingles chamada mortise and tenon, uma informacao sempre interessante para ampliar resultados em mecanismos de busca na Rede — e' conhecida desde tempos imemoriais, sempre foi e ainda e' usada com muitissima frequencia quando se deseja uma emenda realmente capaz de suportar altos esforcos.

Ate por me faltar cafe no bule, nao vou sequer tentar abordar os detalhes tecnicos, fisicos, mecanicos, da emenda; qual o melhor dimensionamento para este caso, qual o ideal para aquele outro, quando cortar a emenda reta, quando inclina-la, quando torna-la multipla... O tema por certo se prolongaria em um tratado, e muito provavelmente poria em fuga a escassa meia duzia de leitores que misericordiosamente nao me deixam ficar falando sozinho e ainda persistem na leitura dessas mal digitadas linhas. A ideia entao e' uma abordagem, inescapavelmente superficial, de alguns dos tantos metodos disponiveis aos marceneiros domesticos para conseguirem efetuar com eficiencia aceitavel essa utilissima emenda...

Graminho classico
Independente do metodo que se proponha empregar para efetuar-se os malhetes, a coisa ha de comecar por marcar-se as dimensoes e localizacao dos cortes nas pecas. Uma das caracteristicas funcionais fundamentais da EFE (emenda em fura e espiga) e' que o encaixe tem de ser justo, exato, sem folgas nem espremido, o que se traduz que a marcacao dos cortes tera de ser o mais exata possivel. Embora a marcacao possa evidentemente ser feita com instrumentos usuais de medida, como regua e esquadro, o fato e' que usualmente essas emendas necessitam ser repetidas varias vezes, mesmo em unico movel — por exemplo, um projeto padrao de mesa usualmente empregara 8 EFEs iguais — e ainda mais repeticoes se forem multiplos os moveis. E ahi, como sempre que o caso e' de procedimentos repetitivos, o melhor e' fazer um gabarito, um jig. EFEs sao tao antigas, o processo tantas vezes repetido, que o gabarito para tracar seu posicionamente e' um instrumento classico, um icone da marcenaria: o graminho. (Tudo bem, eu sei que graminho nao serve so para marcar EFEs, de fato tem mil e uma utilidades, mas ele e' certamento O instrumento para isso.) A vantagem de utilizar-se graminho(s) para marcacao de EFEs e' a vantagem fundamental de todo jig: permite realizar com facilidade, rapidez e precisao uma atividade repetitiva tantas vezes quanto necessario.

Uma vez entao, utilizando-se graminho ou o que seja, o posicionamento da emenda tenha sido feito nas pecas a emendar, temos de cortar os malhetes. Para tanto, ha inumeras tecnicas. A maneira mais facil de faze-lo e' sem duvidas utilizando uma usinadora computadorizada — uma CNC, para os intimos. Como e' muitissimo pouco provavel quem tenha em casa uma CNC esteja perdendo tempo lendo esse blog vamos pular essa etapa, e pular tao longe a cairmos no outro extremo da escala: as tecnicas puramente manuais de cortar-se EFEs.

Ha varias, diversas, inumeras maneiras de cortar EFEs `a mao. A mais classica... Mas nao! Ao inves de mil palavras, melhor um video para demonstrar como e' feito (com perdao pelo idioma ingles, mas bons videos de marcenaria em portugues so se nos fizermos: sao mais raros que diamantes!):


Evidentemente, isso ahi que parece facil na mao de um mestre experiente, nas nossas nao e' bem assim. E' preciso tempo, e' preciso treino ate a coisa ficar facil.

Mas sempre se pode dar uma facilitada. Da para introduzir umas maquinas, e agilizar o processo, incrementar a precisao inclusive.

O que poderemos abordar a seguir, aqui nesse batcanal, sabe-se la em que bathorario...

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